sábado, 20 de novembro de 2010

TODA UMA VIDA

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Todas as lembranças de uma vida estavam ali, guardadas naquele pequeno estojo de madeira. Ela o abriu lentamente, sentindo emoções vindas de tempos longínquos, e deixou a mente vagar, numa profusão de odores e luzes que sua mente produziu, até que seus olhos voltaram para o estojo. Retirou dele um crucifixo de madeira, grande, presenteado por seu pai. Olhou ternamente para ele e o pôs de lado. Uma foto de sua mãe, amarelada pelo tempo, mas que ainda mostrava aquele olhar forte, de mulher guerreira, de mulher amiga e de esposa companheira. Saudades afloraram e fizeram lágrimas correrem por seu rosto.


Os minutos passaram e ela, indefesa diante das lágrimas, lembrava dos pais, da velhice deles e de quanto ela os protegeu, até que a morte os levou. Todo um filme passou por seus olhos, desde menina até o derradeiro dia, naquele cemitério cinza e sem vida. Mas, como o tempo passa, e quem está vivo precisa continuar em sua jornada, remexeu mais no estojo. Fitas de seda, três delas, uma rosa e duas azuis. E aquilo era uma felicidade, pois era costume em sua família presentear os amigos com aquelas fitas sempre ao nascimento de um filho. E seus filhos eram lindos, hoje casados, e todos com filhos.


Suspirou. Que bela família ela tinha. Porém, sentia falta de alguém, do homem que escolheu para amar e dividir a vida até os últimos dias. Mas, ele fora primeiro, e sua falta ardia no peito. Ela iria logo, sabia disso, e enquanto não chegasse sua hora, lembraria dele em cada minuto. E assim, deitou-se. Esperou o sono lhe tomar, olhando para as paredes daquele asilo em que os filhos a haviam largado.

16 comentários:

  1. Gratíssimo pela visita e obrigado por me seguir e linkar. O seu blog é show!!! Eu tenho outros blog's. Não li o post, depois eu volto para ler e deixar um comentário. Gratíssimo mesmo! Obrigado!!!!! Um abraço

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  2. Oiê!

    Amigão, já cedo, quase me põe a chorar!?
    Uma belíssima reflexão!!!
    Bom fim de semana,

    :)

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  3. Feliz por saber que aqui, neste cantinho, existe um homem sensível!!! :')

    Beijo imenso no coração!!!

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  4. Emocionante e muito lindo!triste,não? E acontece!abraços,chica

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  5. A solidão é a maior das tristezas. Belo texto.
    Bjs

    Ps.: vi você no blog do Cacá, vim te visitar e achei muito legal o seu blog. Estou te seguindo.. posso?
    Neca.

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  6. Olá!

    Passando rapidamente para conhece-lo mas voltarei com calma ara ler vc.

    Prazer!

    Maria Dias

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  7. Ai...que lindo texto, adorei!
    Beijosssss e um super final de semana

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  8. Ai que denso.
    Sabe que por aqui, com uns amigos meus, tá acontecendo a mesma coisa? Principalmente esse afeto desmedido que ela sente pelo marido que já foi. A sorte é que os filhos não a colocariam num asilo. Seria morrer viva, creio.

    Lindo texto, Márcio.

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  9. Triste, meu amigo, mas muito real!

    Os que mais deveriam receber amor são desprezados e esquecidos em asilos...

    abraço ´´otimo sábado!

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  10. Mas eles pode se encontra ainda, não é?

    Pois não acreditamos na vida após a morte...

    Fique com Deus, menino Marcio JR.
    Um abraço.

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  11. Eu vim conhecer teu blog. Achei maravilhoso.

    Abraços.

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  12. Muito intenso.
    Sabe amigo? No asilo encontramos vários tipos de pessoas. Umas que os filhos deixaram por lá sem tempo de cuidar, outros porque não queriam aproveitar a preciosidade da companhia deles. Outros porque não lembram quem são e resgatados nas ruas são levados para lá doentes.
    É muito triste chegar lá e ouvir as histórias deles. Alguns deixam as lágrimas tomarem conta da face e eu sempre que os escuto me pergunto. Por que meu Deus? Só ele sabe.
    Lendo esse texto fico só emoção.
    É tão fácil amar, é tão fácil afagar e deixar alguém dessa idade assim sem o carinho dos seus para mim é crueldade. Sinto uma tristeza muito grande com isso e é por exatamente isso que faço a minha parte em lhes dar amor.
    Eles gostam quando os visitamos, assim podem contar do que lhe doem ou lhes fizeram felizes.
    Desculpa mas conheço muito o mundo deles.
    Um abraço.

    Fernanda.

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  13. Marcio,


    O encontrei em blog amigos.
    Belíssimo seu texto , triste , muitas vezes real.




    Desejo uma Noite de paz ...


    Abraço.

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  14. Olá! Cheguei até aqui através de uma dica da Ester e logo desconfiei que gostaria, sabe que eu estava certa?
    Adorei o post! Lindo conto apesar de triste...
    Bom domingo!

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  15. Marcio,
    Tão bonita as tuas palavras.
    Gostei do jeito que explicou a referencia do papai Noel e o que ele representava.
    Muito lindo, fiquei encantada.
    Muito obrigada querido.

    Beijinho
    Fernanda

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  16. Texto emocionante, dentro de uma realidade vivida nos dias atuais, hoje é comum alguns filhos fazerem isso com os pais, é revoltante.

    Bom domingo Marcio.

    beijooo.

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