domingo, 21 de novembro de 2010

PAPAI NOEL EXISTE?

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Na sexta-feira, dia 19/11/10, fiquei novamente perplexo com outra agressão praticada dentro de uma sala de aula. Uma adolescente, menor de idade, agrediu um professor. O fato aconteceu no interior do meu Paraná. Mas, o que isso tem com relação ao Natal, ou, mais especificamente, com o Papai Noel?

Aprendi muito cedo que o Papai Noel não era quem realmente trazia os poucos presentes que ganhei em minha infância, no Natal. Mas, nem por isso, meus pais deixaram de me passar os princípios que regem a boa convivência, a confraternização e, principalmente, a guardar o Natal como uma data especial e dedicada a celebrar o amor diante do nascimento de Jesus. Enfim, mesmo sabendo que o Papai Noel não existia, nuca desisti dele, e de uma forma ou de outra, sempre o carreguei comigo, como um porto seguro que tenho para guardar minhas esperanças numa sociedade mais justa e humanitária. Parece bobagem o fato de depositar algo tão importante e complexo numa expressão apenas figurativa, como o Papai Noel, mas não é.

Acompanhando algumas crônicas, me vi diante de uma que contestava o bom velhinho, e entendi as razões, religiosas e também de cunho pessoal, que levava a autora a defender a opinião expressada. Mas, independente dessas crônicas, Papai Noel virou garoto propaganda, que vende desde um mero CD, até automóveis de luxo. A depreciação da figura paternal e humanitária vem ganhando corpo, e até alusões piores, como envolvê-lo com jogatina (propaganda de loterias), ou com vaidade e soberba (propagandas de SPA e dietas milagrosas, ou usando objetos que são verdadeiros sonhos de consumo para muitos) acabam disseminando uma visão completamente equivocada sobre ele.

Viajando por novos ares, na blogosfera, encontrei um texto que me cativou, e falava justamente da necessidade de acreditar não apenas no espírito de Natal, mas também na figura de Papai Noel. Mesmo adultos, temos uma necessidade enorme de guardar um pouco daquela inocência que tínhamos quando crianças, de acreditar que tudo vai melhorar de uma hora para outra, de ver um mundo belo mesmo diante de tantas atrocidades que permeiam nossos dias, de desejar algo que sabemos ser impossível conseguir. Essa inocência, essa magia, é que nos mantém confiantes o suficiente para prosseguirmos em nossas jornadas sem desanimar. Quando você deixa de acreditar no Papai Noel, basicamente passa a ver a vida de uma forma mais dura e menos humanitária.

Pode ser errado relacionar o Papai Noel ao brinquedo que uma criança quer ganhar, pois a representatividade dele deve ser atada ao espírito de confraternização, e não de consumismo. Mas, chego a pensar que é um ato desumano e equivocado retirar de uma criança essa visão da imagem de bondade do bom velhinho. As referências altruístas são poucas nos meios em que vivemos, e sem uma figura paterna e benevolente, como é o Papai Noel, a criança perde completamente uma das melhores referências para um amadurecimento sadio neste sentido. Dependerá exclusivamente da educação absorvida do seio familiar, o que, nem sempre, vem sendo repassada de forma adequada. Tira-se completamente a credulidade e inocência de um ser humano, e numa idade em que ele depende muito disso.

E quantos jovens estão crescendo, sem crença alguma? Sem acreditar num Deus sobre suas cabeças, e em quem devem, no mínimo, buscar apoio e respostas para momentos de angústia? Quantos jovens, que perderam ou sequer tiveram fé em algo, estão se tornando cada vez mais agressivos e intolerantes? Então, você pode me perguntar “MAS NO QUE O PAPAI NOEL PODERIA AJUDAR NISSO TUDO?”, e eu responderei “TALVEZ EM NADA, MAS, AO MENOS, ACREDITANDO EM PAPAI NOEL, UM FIO DE BONDADE AINDA EXISTIRÁ EM SEU PEITO, NEM QUE SEJA NUMA MERA CRENÇA.”. Porém, onde ainda existe uma simples centelha, uma labareda pode se formar, mas, se até esta centelha foi sufocada pelas cinzas, lamento, mas para reascender esse fogo, passa a ser muito complicado.

E respondendo a pergunta do título desta crônica, não acredito na existência física de Papai Noel, mas ele está no coração e nos atos de bondade das pessoas, na resiliência humana, na divina crença em um Deus sobre nossas cabeças. Ele existe no amor próprio que nutrimos e, principalmente, no amor e respeito ao próximo. Papai Noel não é um mero garoto propaganda de badulaques para se presentear, ele é o verdadeiro espírito natalino, aquele que tanto buscamos quando pedimos paz e amor para o mundo. Ele existe sim.

6 comentários:

  1. Eu entendo o teor deste post bem, parece que o Natal virou simplesmente uma época para vencer coisas, não de agradecer a salvação da humanidade.

    Revoltei-me quando agora em dezembro já estava começando a cantar a bola do carnaval (vulgo mostrar passistas de fio dental)...

    Fique com Deus, menino Marcio JR.
    Um abraço.

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  2. ...e pelo andar da carruagem,
    não levará muito tempo nenhuma
    criança acreditará mais no
    bom velhinho, o que será
    uma tristeza muito grande.

    perde-se o encanto da inocência
    em troca da modernidade e loucuras
    desenfreadas a troco de nada!

    belíssimo post!

    parabéns.

    bjbj

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  3. Já pedi meu presente ao papai noel,vamos ver se esse ano vai...rs

    Apesar de ter uma opinião um pouco diferente da sua, dado a origem (São Nicolau), fico com o espírito de confraternização, de alegria e festa que reina nessa época, aproximando daquilo que deveria ser o espírito no ano todo,

    minha experiência na infância com o bom velhinho não foi das melhores, quando descobri que ele não existia fiquei muito triste, assim como fiquei triste de saber a verdade sobre o coelho de páscoa,

    Bjs!

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  4. Marcio,
    Eu ainda carrego Papai Noel comigo, embora hoje essa figura seja tão comercializada que a cada esquina se encontra um. Mas a magia, o encantamento da figura do bom velhinho está ligada a uma infância, como a sua, pobre, mas cercada de valores espirituais.
    Eu teria todos os motivos para ser traumatizada com a figura do Noel, pois o 1º Papai Noel que vi, no Jardim de Infância, era tão magro que minha expressão na foto mostra o meu desencanto.
    Quando meus sobrinhos eram pequenos eu vestia um amigo e ele representava o Bom Velhinho para as crianças. Posteriormente no meu trabalho com as crianças do hospital essa figura passou a ser mais forte para mim. Não tem um ano que eu não chore quando ele adentra o salão e percebo a alegria estampada naqueles rostinhos.
    Nossa, escrevi tanto...é o meu encantamento.
    Meu abraço.

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  5. Lindo mesmo teu texto Marcio.
    É de uma leveza e delicioso bem estar.
    Nunca tive ninguém para me contar do papai Noel, porém eu fiquei sabendo um pouquinho aqui e ali nas calçadas onde morei por muito tempo.

    Observava, porém que as pessoas ficavam mais gentis e tinham uma certa alegria nos olhos.Eu ficava feliz com a felicidade delas e a euforia da espera da missa do galo.Gostava mesmo era da missa .

    A igreja parecia mais um castelo.
    Onde eu rezava pelo nascimento do príncipe da paz.
    Era isso que o padre falava e eu sentia que era assim mesmo.

    É bom saber que o natal faz as pessoas refletirem.
    O amor deve correr a solta no mundo, não só nessa linda época do ano, mas em todos os dias.

    Um beijo.
    Fernanda.

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  6. Eu acredito muito em Papai Noel.
    Meus pais só me deixaram descobrir que ele não existia lá pelos meus 11 anos, mas já era tarde demais, ele já estava em mim. Todo ano eu espero, nem sempre ele aparece, mas eu tento com que ele apareça pra outras pessoas.
    Natal nunca é uma data fácil pra mim, que seja ao menos pra outras pessoas.

    Linda crônica, Márcio.

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