terça-feira, 31 de janeiro de 2012

PODE ME CHAMAR DE MEDROSO. MAS QUE ELAS SÃO PERIGOSAS, ISSO ELAS SÃO.

Vovó (Warner Bros) - imagem
extraída do Google

Não negue. Você tem medo de algo. Pode ser de assalto, de altura, do boi da cara-preta, de gato preto, ariranha, pinguim azul, borboleta de quatro olhos... sei lá. Sempre tem alguma coisinha, lá no fundo, que deixa a pessoa, no mínimo, receosa.

Um fato estranho aconteceu no dia de ontem (30 de janeiro de 2012), e que por pouco não me leva para a delegacia. Dos males, o menor. Apenas quebrei um dente. Resultado de tudo, e para variar, paguei o maior mico.

Faz algum tempo, brinquei com uma pessoa de minha estima que morro de medo de... velhinhas. É. Senhoras inocentes, daquelas que passeiam por aí com seus amados guarda-chuvas pretos e longos, que estão sempre prontos pra acertar nossas cabeças caso elas pensem que estão sendo assediadas (não existe somente assédio sexual, seu mente poluída).


música: You Made it Right (OZARK MOUNTAIN DAREDEVILS) - by YouTube

Desde minha infância, convivi com senhoras idosas que, de boas almas e caridosas, não tinham nada. Educação mais austera, tias muito mais velhas do que minha mãe, e a maioria delas adoravam dar uns beliscões nos sobrinhos quando eles aprontavam. E eu aprontava muito. Com o passar do tempo, uma professora de matemática invocou comigo e com todo o restante da turma. Era uma ranheta, que usava um cabelo grisalho e vivia dando cascudos em nós. A matéria? Matemática. Ela falava que era para tirar a “serragem” da cabeça dos alunos. Doía demais.

Mais um pouco de tempo e noivei (oh! trem; não noivei com a professora de matemática não). Nessa época, conheci uma senhora muito pequenina e de cabelos alvos, que morava próxima à casa de minha noiva. Risonha, a diversão dela era matar gatos e jogar nas pessoas. Santa velhinha. Certa vez, eu passando perto da casa dela, cai em minha cabeça um gato morto. Eu, ainda sonolento, quase morri do coração, e desci o verbo. Além de ter que aguentar a cena do gato, ainda tive que escutar outro tanto de um cidadão desavisado, que achou estar eu ofendendo aquela “bondosa” senhora. Na semana seguinte era ele xingando a dita.

Passou mais um pouco, me separei, abri uma empresa e, ao lado da minha loja, uma linda e miudinha senhora de seus 70 anos (elas sempre são miudinhas, não é?). Adorava conversar com ela. Ria descabidamente, e o namorado dela, um senhor de seus sessenta e tantos anos, parecia andar nas nuvens. Certo dia, tristeza. O coitado do namorado morrera naquela manhã. No caixão, ele mostrava um sorriso enorme. Alguns dias depois, fiquei sabendo que aquele não era o primeiro distinto defunto daquele doce senhora. Era o quinto que morria, e nas mesmas condições. Uma semana depois, quando me dou conta, era o avô de um amigo que “conversava” alegremente com esta senhora. O velório dele foi no mês passado.

Sei que, no fim das contas, meu pior pesadelo é com a vovó do Piu-piu. Aquela mesma que vive “guardachuvando” a cabeça do Frajola. Já caí da cama ao sonhar com ela, e o pior, ela sempre me persegue. Se eu corro, ela vem de patins, se eu pego uma bicicleta, ela vem de moto. Um inferno, ou melhor, um pesadelo atrás do outro.

Resumindo, e respondendo a pergunta de todos. O que meu medo de velhinhas tem com meu dente quebrado e o fato de eu quase parar numa delegacia?

Como todo mundo, preciso ir ao banco para pagar minhas contas. Aquelas portas giratórias sempre, mas sempre mesmo, se invocam comigo e travam. Mas passei. Fui até minha gerente e estava eu lá, conversando, até que olho para a porta giratória e vejo o vigilante “liberar” a porta para uma inocente senhorinha de cabelos grisalhos (pequenina, para variar) e seu enorme e assustador guarda-chuvas. Do nada, dispara um desgraçado dum alarme...

...o reboliço foi geral. Minha gerente conseguiu, em dois segundos, se enfiar debaixo da mesa, e ligou para a polícia (nem precisava, pois o alarme dispara diretamente na delegacia). A balburdia continuava, e ninguém se entendia. A única pessoa a ficar em pé foi a velhinha, que carregava o guarda-chuva como se fosse uma espingarda.

image by Google
Não me aguentei e pensei: “ela tá assaltando, e tá de costas; vou passar uma rasteira nela”. Mas não deu tempo. O alarme parou de soar, e dos males o menor, era só uma falha no sistema. Foi só o susto.

Só não deu tempo para refrear minha boca. Quando desligaram o alarme, estava eu lá, acusando aquela senhora de tentar assaltar o banco. Eu estava cego de “sei lá o quê”, e falando pelos cotovelos. Saí completamente do meu estado normal de lucidez. Piorou ainda mais quando o vigia tentou me conter.

--Essa mulher é um perigo. --falei, assustado.

Nem bem terminei de falar e a senhora, quase surda ao que tudo indicava, pois não entendeu patavinas do que eu falei, se virou para o lado, e a ponta do guarda-chuva pegou diretamente em minha boca. Detalhe, a boca estava aberta, e o dente quebrado voou para dentro... do meu estômago.

Resultado de tudo. Perdi um dente, queriam me acusar de agressão verbal a um idoso, e minha dentista, tirando o maior sarro da minha cara, ainda fala a seguinte pérola:

--Me traz o dente que eu colo ele.

Engraçadinha ela, não é?


MarcioJR
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É claro que tudo o que foi descrito acima não passa de brincadeira, com exceção de eu ter quebrado, realmente, um dente. E tudo se deu num descuido caseiro, num instante de pura desatenção e uma porta de geladeira esquecida aberta. Até acho que a geladeira me agrediu, a bem da verdade. Mas nem tente imaginar a cena comigo batendo contra a geladeira e caindo de boca aberta sobre as costas de uma cadeira. Foi hilária para quem assistiu e muito, mas muito dolorida para mim.


Que me desculpem a enormidade de senhoras idosas que conheço, e são muitas, muitas mesmo. Adoro todas, se bem que, depois dessa crônica, elas vão me odiar. Mas tudo bem, desde que a dona Maria, aquela viúva por seis vezes não venha me perseguir... eu eu não conseguiria passar esse episódio do dente quebrado sem alguma risada. Perdão a todas.


Abraço a todos.


PS.: meu livro já está a venda, mas somente na livraria virtual. Para aqueles que estiverem curiosos, é só clicar na capa, logo abaixo do banner, ou neste link:

livro ABISMO DAS VAIDADES - Coletânea de Crônicas

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

TRAVESSURAS DA LOIRINHA: FADA DOS DENTES

image by Google

--Oh! Paiêêêêê!

O grito ecoou por toda a casa, e veio acompanhado de choro, o que fez o pai pular da cadeira e procurar pela filha. Nada no quarto, ninguém na cozinha, nem muito menos na sala. Onde ela estava, afinal?

Do nada, a loirinha apareceu, e correu para se esconder atrás das pernas do pai, completamente aflita. A mãe chegou logo em seguida, afoita e procurando pela filha.

--Papi, me socorre. A mãe quer me “lixar”.

--O quê? --o pai olhou assustado para a esposa, como se pedisse explicações.

--O termo correto seria mutilar, mas não é nada disso! --o comentário veio de forma imediata, enquanto a mãe olhava diretamente para a filha, censurando-a. --Ela está com um dente praticamente caindo. Só quero tirá-lo, mas ela não deixa.

--Pode deixar que eu cuido disso. --o pai se abaixou e olhou carinhosamente para a filha.

--Ai, ai! Isso não vai prestar! --desanimada, a mãe comentou, balançando negativamente a cabeça.

--Filhinha. Olha só. Existe uma fada que recolhe todos os dentinhos. --o pai começou a falar, naquele tom infantil e completamente desnecessário. --Essa tal fada leva os dentes para um reino mágico e, muito tempo depois, ela devolve em forma de dinheiro para você. No futuro, se você souber aproveitar, pode ficar muito, muito rica.

--É verdade, papi? Você acredita nisso? Foi assim que você comprou tudo o que tem?

--Claro, filha! Agora, abre a boquinha e me deixa ver.

A loirinha, ainda reticente, abriu lentamente a boca, e o pai, de forma carinhosa, segurou o dentinho e o puxou, sem causar nenhuma dor. Logo após, como se seguisse um ritual, foi até a frente da casa e arremessou o dente da menina para cima do telhado.

--Prontinho, minha querida. --ternamente, o pai deu um beijo na filha e olhou para a esposa, com expressão vitoriosa. --Tá vendo, meu bem. Nada que um pouquinho de psicologia não resolva.

--Meu bom Deus! Ainda acho que isso não vai prestar.

Algumas horas depois, o pai foi até o escritório e procurou pela carteira de documentos. E se assustou ao abrí-la.

image by Google
--Meu bem. --ele gritou, chamando pela esposa. --Você pegou aqueles cem reais que estavam na minha carteira?

Ele mal terminou a frase, e a loirinha apontou pelas escadas, toda faceira. Ao ouvir o pai falando do sumiço do dinheiro, se adiantou e respondeu, de forma bem zombeteira.

--Eu peguei, papi. Mas não se preocupa não, pois quando aquela sua amiga fada depositar meu dinheiro no banco, eu pago, tá?

A mãe, que estava próxima, não conteve um sorriso irônico e, sem dó, deixou escapar o que lhe veio à boca.

--Meu bem, não quer negociar mais alguns dentes com sua “agente financeira”? A mamãe deixou a dentadura reserva dela lá no quarto de hóspedes, e tá cheio de dentes que a gente pode hipotecar.

Desnorteado, o pai arriou os ombros e comentou.

--Ai, ai! Bem que pensei ter ouvido alguém me dizer que isso não ia prestar!


Marcio JR

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A todos os amigos que passarem por aqui, deixo um agradecimento especial e um pedido de desculpas.

Nem sempre podemos fazer tudo aquilo que gostamos, e a prioridade para algumas coisas acaba sendo obrigatória. Novos compromissos de trabalho e um curso de Publicidade e Propaganda têm me tomado um enorme tempo, o que me faz sacrificar as visitas aos blogs.

Além disso, ainda me ocupei fazendo uma coletânea de minhas crônicas aqui do Abismo, a qual lancei pelo sistema Perse. É meu primeiro livro lançado, mas ainda não é aquele que eu pretendia. Pelos próximos meses, vem novidades por aí nesta área.

Para aqueles que quiserem conhecer minha obra, e também o sistema Perse de edição e venda de livros, é só clicar no link abaixo da imagem do livro.

Grato a todos.



sábado, 21 de janeiro de 2012

NÃO VOLTAREMOS A VIVER OUTRO HOJE

"Precisamos semear boas sementes. Amar a vida e vivê-la plenamente.
Não voltaremos a viver outro hoje, mas também nada levaremos na bagagem.
As boas coisas falarão de nós e que as menos positivas sejam esquecidas..."
citação de Luiz Coelho         

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Ela saiu apressada naquela manhã. Acordara atrasada, e entre o banho e as vestes, descobriu o quanto sua desorganização habitual a estava prejudicando naquele momento. Mas, tudo bem. Bastava rumar por algum caminho alternativo e acelerar muito seu novo, belo e possante automóvel. Assim fez.

musica: TODO AZUL DO MAR (14 BIS) - by YouTube

Já no primeiro quilometro rodado, uma triste descoberta: a polícia acorda cedo, e não gosta nada de quem desrespeita as leis de trânsito. Tudo teria ficado apenas numa única multa, caso sua carteira de motorista não estivesse vencida e, além disso, dela ter sido flagrada dirigindo e telefonando ao mesmo tempo. Descobriu também que não é nada conveniente tentar subornar um policial, seja ele qual for. Resultado disso: veículo apreendido e ela num ônibus apertado e ainda mais atrasada.

Por mais que se apertasse e se irritasse naquele ônibus, não pode deixar de constatar algo. Nos últimos dez anos, passou diariamente naquele mesmo itinerário que o ônibus estava percorrendo, mas estava tudo tão estranho. Ficou na ponta dos pés e, pasme, enxergou o mar. Para ela, o mar jamais esteve ali. Alguém o colocou naquele lugar durante a noite, ou então, ela estava enlouquecendo. E estava mesmo.

--Amigo, por favor! Esse trem azul ali... é mesmo o mar? Não pode! Passo aqui todos os dias e nunca vi ele nesse lugar. E como é lindo! –perguntava ela a um dos passageiros, que apenas a olhava sem nada entender.

Ao descer do ônibus e olhar para o relógio da torre da igreja, viu que de nada adiantaria ir até o escritório. O cliente, àquela altura, já deveria ter desistido de esperá-la, e o chefe... esse ela preferiu nem imaginar. “Quer saber? To cheia de horas-extras, e nunca recebo. Vou é andar nessa areia fantástica”, ela pensou, ao se abaixar para tirar os sapatos.

Enquanto caminhava pela areia e molhava os pés, seu celular tocou. Ela o pegou e viu que não teria muito como escapar das broncas do patrão. Era ele telefonando. Ao atender, alguém que também caminhava na areia esbarrou nela, e fez o celular cair dentro da água. Prejuízo total. Ou, nem tanto.

Ao se abaixar para tentar socorrer o aparelho, viu que um sujeito muito bem apessoado também fazia o mesmo. Falar em amor a primeira vista seria até algo bem aceitável neste momento, mas foi mais. Ela descobriu ali, naquele instante, o futuro marido e também o futuro sócio num escritório jurídico. Mas isso é outra história.

image by Google
Cabe dizer que naquele dia em que tudo se mostrava fatídico, o simples fato de um atraso matutino mudou toda a vida de uma pessoa comum. Ela, ao quebrar sua rotina, reparou no quanto deixava as coisas boas de lado. Quantas viagens adiou, ou caminhadas que não fez, roupas que deixou de comprar, empregos que não aceitou sequer cogitar por já estar empregada, ou ainda aquele curso de alguma coisa que o tempo a limitou e impediu. A lista é infindável. Até o filho que não teve, ou aquele namorado que era mais atiradinho e poderia ter apimentado sua vida e ela, por ouvir esta ou aquela pessoa, acabou por dispensar. Ela morava há mais de dez anos naquela cidade litorânea, e pela primeira vez, teve tempo de andar na areia com calma e tranquilidade, mesmo sendo um dia de trabalho. Será que se arrependeu? Talvez não tenha sido a atitude mais correta, pois foi irresponsável ao negligenciar suas atividades na empresa, mas se não tivesse feito tal coisa, ainda estaria solteira e aguentando um patrão ranzinza.

Corremos tanto nesta vida, nos dedicamos a tudo, seja filhos, emprego, rotinas do dia-a-dia, que quando nos damos conta, todo o tempo que temos é dedicado a qualquer outra coisa além de nós mesmos. É claro que precisamos de emprego, assim como cuidar da família e tudo mais, mas algumas coisas podemos deixar de lado vez ou outra.

Dia desses ouvi alguém falando assim: "PERDEMOS MUITO TEMPO EM FILAS DE BANCO, SUPERMERCADO, ETC.". Isso é uma grande verdade, mas, e o tempo que perdemos somente apertando a tecla ENTER do computador? Ou as teclas de um celular? Algumas pessoas estão viciadas ao extremo na correria dos dias atuais. Saem em férias e carregam o dito do telefone celular para todos os cantos, até dentro do mar. Querem tirar férias, mas vivem procurando o que fazer, e depois reclamam que A VIDA PASSOU E NÃO SOBROU TEMPO PARA NADA.

Honestamente, se você é uma dessas pessoas, vai procurar tratamento psicológico, porque a vida é rápida demais, e não "temos tempo" para aguentar ranzinzas que só sabem reclamar que NÃO TÊM TEMPO PRA NADA, mas que, em contrapartida, não sabem sequer sentar a bunda numa areia de praia e ficar ali, apenas aproveitando um pouco mais a vida. O Luiz Coelho está certíssimo. NÃO VOLTAREMOS A VIVER OUTRO HOJE. Então, pára de reclamar e vai aproveitar o hoje, pois amanhã já é outro dia.



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A citação que deixei logo no começo, antes do texto, é de autoria de um dos grandes blogueiros que encontrei por este mundo virtual. LUIZ COELHO.

Revendo algumas de minhas crônicas, parei em uma (PENSANDO NA VIDA), e encontrei um comentário que me chamou a atenção justamente por falar sobre TEMPO, que honestamente, é algo que me fascina. Na época em que escrevi a tal crônica, não dei a devida atenção ao comentário do Luiz, seja por pressa ou qualquer outro motivo, mas agora não teve jeito. As palavras que ele deixou ficaram rebatendo durante dias na minha cabeça.

Sou fã dos escritos deste português de Leiria. Quando me coloco a ler, é como se o tempo deixasse de existir. E quer saber? Ao final das crônicas que ele escreve, sempre fica aquela sensação de "quero mais".

Vai lá conhecer. Vale a pena. Eu garanto

Luiz Coelho - Blog LIDACOELHO

Marcio JR


sábado, 7 de janeiro de 2012

ESSA TAL "VIDA"

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Essa tal de vida é por certo esquisita. Pelo que sei, já cheguei a este mundo chorando e apanhando! Alguém me arrancou do meu primeiro lar e me bateu, deu umas palmadas, e ainda teve o desplante de dizer que era para o meu bem. Vê se pode? Depois, um amontoado de pessoas vinha me ver, e olha, que gente esquisita! Faziam biquinho com os lábios e mais parecia um bando de malucos, pois utilizavam uma linguagem estranha. Falavam “gugú-dadá” e queriam que eu entendesse aquilo. Até aí, vai, tudo bem. No entanto, queria saber que inferno de mania é aquela que tinham de beliscar minhas bochechas. Por que não iam beliscar a #$#%#$^%$ deles?

música: SENTADO À BEIRA DO CAMINHO  (Roberto Carlos e Erasmo) - by YouTube

Porém, tinha suas compensações, ah se tinha. A hora do leitinho e da musica pra dormir, do abraço quentinho. Pena que com o passar do tempo, perdemos essa lembrança, e acabamos por esquecer a sensação de colo e carinho. Mas, diz aí, qual é o marmanjo barbado que não gosta de um colo e um chamego? Pode ser de mãe, de namorada, ou sei lá! E se dizem que não gostam, ou são uns insensíveis, ou tremendamente hipócritas.


Assim, o tempo acaba passando e cobrando seu preço. Logo, aprendemos a falar, andar, ler, escrever, discutir, consumir e, o que é pior, a ter encargos. Existe algo que me põe numa tremenda agonia. Alguns jovens, na flor da adolescência (até mesmo na infância), dizem que não vêem a hora de crescer e se tornarem adultos. Se eles soubessem o quanto isso nos faz mudar! A hora da brincadeira é trocada por horas de trabalho e estudo, e aquela inocência da infância vira um caos chamado responsabilidade. Porém, como tudo nessa vida acaba tendo suas compensações, descobrimos a paixão, o amor diferente daquele que sentimos pela família. Tem também o primeiro beijo, as sensações maravilhosas de vencer frente aos desafios que a própria vida nos impõe.


E vivemos. Nos “enterramos” nos afazeres e correrias desse mundo de tal forma, que quando nos damos conta, está na hora da fase idosa. Então, pensamos: COMO PASSOU RÁPIDO. ONTEM, EU ERA UM JOVEM! Pois é, e daí vem a saudade. É nesse momento que aquela criança ou jovem apressado, ávido em crescer logo, vê o quanto estava errado. Não que a fase idosa seja ruim, claro que não, mas sempre vemos que se tivéssemos vivido de forma diferente, se tivéssemos tido mais arrojo, ou até mesmo mais atrevimento diante das dificuldades, poderíamos ter aproveitado bem mais. Só que o tempo passou, e ele não volta. Máquina do tempo só existe em nossos sonhos.


Portanto, se você cultivou bem os campos da sua vida, talvez a colheita seja farta e boa, mas com certeza ela será ruim se você sequer se ocupou de tirar as pedras que existiam nesses campos.


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Já foi dito tantas e tantas vezes, mas repito aqui. AME MAIS, BEIJE MAIS, SORRIA MAIS... VIVA MAIS. Se quer ter um cachorro, tenha um. Se quer viajar, não deixe aquele dinheiro esquecido lá naquela poupança, porque depois de morrer, quem usufruirá serão seus herdeiros, e não você. Entendo quando você fala em precaução, em guardar para uma emergência. Mas existem aqueles sovinas e muquiranas, do tipo que só sabem economizar e reclamar que a vida está ruim, e que não são capazes de gastar nada além do previsto para sobreviverem. Juntam uma boa quantia e não aproveitam. Um dia, a vida cessa, e aquilo tudo guardado ficou lá, para outros aproveitarem.


Não sou um exemplo para ninguém. Gasto, por vezes, além da conta, mas sinceramente, se tenho algo em vista, vou lá e batalho até conseguir, até provar e sentir o gosto de ter ou poder ter feito. Não invejo o que os outros têm, mas não passo vontade. Se depois vejo que não valeu a pena, ao menos eu provei por mim mesmo, e não fiquei “só na vontade”. E se não consegui, ao menos tentei.


Vida, vida
Por vezes bandida,
Dolorida,
Mal vivida,
Escondida.
Mas é a vida,
Por mais que doída,
Há que ser sentida,
Sorvida,
Absorvida.
Vida que do tempo se ressente,
Que atemoriza nossa mente,
Que nos deixa doente,
Que tem seu nascente,
Levando-nos sempre ao poente.
Só existe um caminho certo,
Nosso norte,
Para todos, um único destino,
Lá na frente, a morte.


É um pouco assustador pensar que só temos um destino certo, não é? E que esse destino é justamente a morte. No entanto, há que se pensar que esta é a maior prova de igualdade que existe para todos nós, pobres ou ricos. E quer saber? Também precisamos de um certo descanso, portanto, a lei da natureza foi muito sábia. Quando chegar nossa hora, vamos sim, e nem adianta espernear.


A vida é curta, e perdemos tempo divagando sobre ela. Então, com licença, mas vou ali viver mais um pouquinho.


Marcio JR
ILY