sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Quer rir melhor? Dá uma olhadinha no passado!





Humorismo, no dicionário: Qualidade daquele ou daquilo que manifesta humor ou se dedica, profissionalmente, a obras (de literatura, teatro, caricatura, cinema) em que o humor predomina; comicidade. – Dicionário Caldas Aulete.

Minha crítica é severa. Cadê o humor sadio, aquele que faz rir pela comicidade, pelos trejeitos brejeiros do artista, pela piada ingênua e de teor leve, mas cativante, realmente engraçada? Onde estão os artistas cômicos que, somente com o olhar, nos arrancavam risos? Ou aqueles que não precisavam de bundas femininas semi-nuas para chamar a atenção? Onde estão os verdadeiros humoristas, que faziam platéias inteiras gargalhar até chorar, usando bordões inteligentes e esquetes bem tramadas e com alto teor artístico? Quem, desses novos atores do humor, seria capaz de fazer um grupo de pessoas se divertir por uma hora seguida sem falar um único palavrão?

Muitas pessoas podem até dizer que o humor atual é dinâmico, voltado para uma nova casta de espectadores e dentro de uma nova era, onde o que manda é a versatilidade e coisa e tal. Eu digo que, nos dias de hoje, o que vale é a apelação, o erotismo, as palavras chulas, a incultura, a volatilidade de “talentos” e o escracho. É lógico que, entre o número enorme de artistas do humor que aparecem e desaparecem todos os dias, um ou outro acaba se salvando, mas são poucos.


Mazzaropi - by Google
Quem está na casa dos 40 anos de idade ou mais, deve ter rido, e muito, com humoristas e personagens como Berta Loran, Ema e Walter D’Ávila, Brandão Filho, Henriqueta Brieba, Barnabé, Mazzaropi e, mais recentemente, Orival Pecini, entre outros. A maioria deles já falecidos, mas todos humoristas na essência da palavra. Faziam um humor cativante, nem sempre politicamente correto (dada à época e outros valores morais e culturais), mas focado na inteligência, na ingenuidade e na credulidade popular.

Concordo com quem citar que era uma época diferente, com um leque menor de opções para divertimento em questões de mídia televisiva. Porém, quem passou a infância ou juventude nos anos 70, por exemplo, lembra perfeitamente dos programas de rádio nos domingos, sempre próximos à hora do almoço, onde os artistas cômicos se mostravam em piadas já batidas, mas sempre engraçadas. Faziam rir pela voz, sem o auxílio da imagem e em plena ditadura política, onde quase tudo era censurado. E quem sabe seja esse um fator diferencial, pois a censura obrigava o artista ou autor de piadas a PENSAR antes de escrever. Nos dias de hoje? Escreve um monte de palavrões ou frases erotizadas, escala meia dúzia de modelos quase nuas, e o quadro de humor está pronto. Humor? Para que, se amanhã ninguém vai lembrar mesmo daquilo. Humor inteligente? Não se pode forçar muito o raciocínio do público, pois ele corre o risco de não entender patavinas.

E deixo aqui uma homenagem ao grande José Tomás da Cunha Vasconcelos Neto, mais conhecido como JOSÉ VASCONCELOS. E que me desculpem os outros, mas, para mim, o maior e melhor humorista de todos os tempos. Nascido no Acre (Rio Branco), no ano de 1926, começou fazendo imitações de Ary Barroso em programas de calouros no rádio, e logo ganhou notoriedade. Em 1952, produziu e atuou no primeiro programa de humor da televisão brasileira, “A Toca do Zé”, pela TV Tupi. Seu primeiro disco, na época chamado de LP, “Eu Sou o Espetáculo” chegou à incrível marca de vendagem (para a época) de 100 mil cópias.

José Vasconcelos é daqueles que conseguem fazer rir sem falar uma única palavra. Dono de um jeito único e natural, seus trejeitos, caras e bocas marcaram toda a sua carreira. Sua capacidade de improvisação e a inteligência o levaram ao topo rapidamente, e seu personagem mais famoso foi o locutor esportivo gago. Suas últimas aparições na TV se deram no programa “Escolinha do Prof. Raimundo” e na “Escolinha do Barulho”, além de apresentações em espetáculos pelo país afora. É, sem dúvida, um mestre do humor, mas que, infelizmente, não terá sucessor.

José Vasconcelos - by Google

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