sábado, 13 de novembro de 2010

TEM QUE RIR PARA NÃO CHORAR

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Por vezes, nos deparamos com situações que deixam dúvidas. Rimos da besteira vista ou ouvida, ou choramos pela situação, que pode se apresentar de forma infame, ignorante ou esquisita.

No verão passado e com alguns amigos de fora de Curitiba me visitando, fomos até ao zoológico municipal. O local é enorme e demos a sorte de encontrar um outro amigo, formado em zoologia, que nos deu uma verdadeira aula sobre aqueles e outros animais. No decorrer da conversa, esse zoólogo fez referência à quantidade de alimento que se gasta para saciar a fome daqueles animais presos. Foi então que uma das pessoas que me acompanhava, proferiu a seguinte pérola:

--Com tanta criança passando fome, por que dar tanta comida para esses animais?

Confesso que, na hora, fiquei aturdido e mudo. Fiquei imaginando uma dieta para aqueles comilões, afinal, eles pareciam “comer muito”. Talvez estivessem ali por livre e espontânea vontade, então, mereciam ser alimentados? Depois, achei uma solução mais simples, para agradar a gregos e troianos. Por que não contratá-los como funcionários do zoológico? Então, seria dado um bloco de vales-alimentação ou, até mesmo, uma pensão em dinheiro, para esses animais. Assim, eles poderiam ir para algum restaurante ou supermercado, e não tirariam mais a comida dos outros.

Noutra situação, parado numa banca de revistas, numa das ruas mais movimentadas de Curitiba, uma senhora entrou, toda empolada e afoita, reclamando das obras que, basicamente, tomavam toda a calçada. Disse ela:

--É irritante. Por que é que a prefeitura tem que fazer obras como essa, durante o dia?

Caros amigos, essa obra levou umas três semanas para ficar pronta, e exigia escavação. Teria como fazê-la na parte da noite e sumir com ela durante o dia? Obras na cidade, todos querem, mas quando é defronte às suas casas, ou em seu caminho habitual, só o que fazem é reclamar.

Numa outra situação, cômica em seu início, mas depois fatídica, vi alguns machões empalidecerem de susto. Estava conversando com um amigo, numa lanchonete que frequento e tenho um grande circulo de amizades, quando recebi a notícia de que determinada pessoa havia falecido. Conversa vai, conversa vem, e a notícia do falecimento do dito cidadão se espalhou. Como a pessoa era muito querida, muitos se aprontavam para ir ao velório, e assim prestar uma última homenagem. Nisso, notei o dono da lanchonete completamente pálido e olhando para a porta. Quando me voltei para ver o que estava acontecendo, o “falecido” estava entrando, belo e faceiro. Pode parecer mentira, mas alguns aprenderam a rezar ali, na hora.

Mas, o pior dessa história acima, ficou para uma semana após. Voltei até aquela lanchonete, acompanhado de uma pessoa, daquelas que para falar besteira não precisa de lugar específico ou de hora apropriada (se é que isso existe), e recebi, novamente, a notícia do falecimento daquele mesmo indivíduo, mas agora, atestada como verídica. Meu amigo, do nada, comentou:

--Eu, hein! Vou esperar uns dois dias. Vai que o morto desiste da morte, e ressuscita novamente!

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No entanto, a pior história dessa coleção aconteceu dentro de minha própria casa. Minha mãe, uma pessoa que se criou no cabo de uma enxada e que não teve chances de se instruir numa escola, andava reclamando um pouco sobre o fato de todos os habitantes da casa receberem cartas, semanários, cartões ou qualquer outra coisa vindas pelo correio, e ela não. Pode até parecer algo banal para a maioria das pessoas, mas não para ela. No começo, parecia ser tom de brincadeira, porém, com a repetição da reclamação, vi que a coisa era séria. Ela estava se sentido realmente magoada com o fato.

Mas, ela é alguém que não tem conta em banco, não assina jornais ou revistas, não gosta de internet, todas as contas da casa estão no nome do meu pai e toda a comunicação dela com o mundo é feita pessoalmente ou via telefone. Como fazer, então, para que ela recebesse alguma correspondência? E como nada está ruim o suficiente que não possa ficar ainda pior, chegou uma correspondência, em nosso endereço, para minha avó materna, contendo dois cartões de crédito.

Por que piorou tudo? Meu pai foi tutor da minha avó, e por isso a correspondência foi para nosso endereço. Mas, o engraçado é que minha avó materna é falecida já tem mais de dez anos. Resumindo, até morto recebe correspondência, menos minha mãe.

É para rir ou chorar?

3 comentários:

  1. Trágico esta história da sua mãe não ser visível para a sociedade burocratica. Ah! Não pergunte como Márcio, mas, consegui ser sua seguidora e seu blog esta lá do ladinho do meu. Eu tinha um jovem ex-aluno que me ajudava um pouco, mas agora resolvi aprender por tentativa e erros (e como erro para conseguir). Viva! Ana Marly aqui da minha Piracicaba

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  2. Vamos rir é a melhor solução.

    Eu tb moro em Curitiba.

    beijooo.

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  3. Rapaz, mas agora nesta época não dá para combinar de madarem cartões para ela?

    Para fazer ela se sentir bem (pois como você disse, ela te ajudou um bocaco).

    Fique com Deus, menino Marcio JR.
    Um abraço.

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