segunda-feira, 11 de abril de 2011

A ROSA MALDITA

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Nada como crimes bárbaros para que os jornais da cidade entrassem em polvorosa. Investigavam tudo, alardeavam inverdades, traçavam perfis absurdos de um provável criminoso, enfim, vendiam jornais. E não era para menos. Num espaço de apenas um ano, seis mulheres, sempre jovens entre dezoito e vinte anos, haviam sido assassinadas de uma forma cruel. Todas elas, depois de muito apanhar, tinham suas gargantas cortadas e os olhos arrancados. E como na assinatura de um psicopata, um botão de rosa vermelha era deixado sobre o cadáver.

Alexandra conhecera Nelly em uma festa, a coisa de três meses. Jovens, na casa dos vinte anos, tinham uma vida social muito ativa, e numa dada festa, resolveram esticar a noite um pouco mais, o que talvez acabou por selar o destino das duas. Alexandra era uma moça miúda e de traços singelos, mas muito bonita, enquanto Nelly era, com exceção da beleza, completamente o oposto. Alta, corpo atlético e personalidade forte a marcavam, e espantavam um pouco os rapazes, mas ela compensava isso com a ajuda da amiga. E a noite correu, até que as duas se deram conta de que haviam perdido todo e qualquer meio de ir para casa. Ali não poderiam ficar, e sequer conheciam alguém nos arredores. O que restava, a essa altura, era caminhar.

A rua, escura em seu jeito normal, estava ainda pior. Um vento forte arqueava as árvores e uivava pelas cercas. As nuvens grossas e cinzentas, que cobriam a lua, davam um ar sinistro ao lugar, como se engrossassem o ar que elas respiravam e as fazia aumentar o ritmo dos passos. As duas, assustadas, chegaram bem próximas e se agarraram uma a outra, tentando assim se proteger de algo que não viam. E cada folha que o vento levantava do chão era um motivo para arfarem e apressarem ainda mais o passo.

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Mais adiante, um grupo de árvores soltava seus galhos sobre a rua e praticamente enegrecia o lugar. Um verdadeiro breu aos olhos. Sem opção, deram passos desconfiados na direção daquele lugar, mas pararam assim que ouviram algo, que pensaram ser passos rápidos e que vinham na direção delas. Olharam para trás e viram alguém correndo e carregando algo nas mãos, como um bastão. O desespero as tomou e mergulharam para dentro da escuridão. Nelly, sem se esperar, tropeçou e soltou-se da amiga, que acabou por desaparecer naquele véu negro. Gritos. Nelly parou e firmou os ouvidos. Pensou em chamar, mas assim denunciaria sua posição.

Momentos de tensão tomaram a jovem. Ela rodava desesperada nos calcanhares tentando achar, ao menos, uma saída daquele lugar, até que algo quente passou por seu pescoço, como um sopro vindo da respiração de alguém arfante e cansado. Ela se abaixou e procurou por alguma coisa no chão, uma pedra ou qualquer outro objeto para se defender, e se estarreceu ao ouvir um berro estridente de alguém chamando seu nome. Mas logo calou. Era Alexandra. Pobre Alexandra. E sem alternativa, Nelly escolheu uma direção para correr, mas bateu de frente com alguma coisa que parecia ser uma pessoa. Seu braço foi segurado com força, o que a fez se contorcer para poder se livrar do que a segurava e correu para o outro lado. Correu rápido, até não poder mais, e avistou a pouca luminosidade do final daquele bosque, mas foi segura novamente e não teve mais como se livrar. Relaxou o corpo e se entregou, já sem forças. Estava em pé, presa pelo braço e iria morrer, sabia disso, assim como sabia que lutar era impossível, mas queria ver a face daquele que seria seu algoz. Voltou-se rápido e, para sua surpresa, o que viu foi o quepe de um policial, iluminado pela luz de uma lanterna que estava nas mãos de Alexandra.

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Mais calmas, descobriram que os policiais estavam ali justamente para prevenir a ação do psicopata. Eles as chamaram, mas elas pouco ouviram, fosse pela pressa ou pelo medo. A rua estava quase no final, e elas, mais confiantes pela presença daqueles homens, resolveram continuar em seu caminho sozinhas. Aproximaram-se novamente, até se engatarem pelos braços e partiram. Alguns metros depois, já fora da visão dos policiais, as duas riam para tentar espantar um pouco o pavor que haviam passado. Alexandra, mais baixa e mais calma que Nelly, subiu seu braço até as costas da amiga, para confortá-la. Ao apoiar a mão ali, deixou a mostra um botão de rosa vermelha, que trazia entre os dedos.

E, de repente, um novo grito de horror se ouviu na madrugada.


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Mais uma vez, estarei um pouco ausente aqui do Abismo, pois a correria da semana será grande. Além deste pequeno conto de terror acima, aquela peste, digo, aquela "meiga" loirinha também aparecerá por aqui, para fazer companhia a vocês.

Para aqueles que gostaram da entrevista com a Fernanda, lá no ARENA, no dia 14/04 tem o Cacá, do Blog Uai, Mundo?, num papo descontraido sobre cultura e blogosfera.

E aqueles que quiserem saber um pouquinho mais sobre as profecias Maias que "pregam" o fim do mundo em 2012, deixei também uma crônica/artigo lá pelas bandas do ARENA DAS CRÔNICAS.

Abraços e uma boa semana a todos.

Marcio JR

12 comentários:

  1. Oi Márcio
    Que medo ! rs ler um conto desse em plena madrugada não é nada relaxante...
    muito bem escrito, um filme de terror e a ros vermelha dá o tom sinistro.
    muito bom Márcio,parabéns pelo dom das palavras.
    Melhor um romance adocicado , da proxima. rs
    Vou lá ver o Cacá e 2012 hoje mais nao.rs

    abraço

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  2. Tive medo.
    Um texto bem conseguido e com uma introdução apropriada. O autor conseguiu o seu objectivo.

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  3. Márcio, terror a gente só aprecia mesmo em literatura. E (pelo menos para mim) tem que ser muito bem construída a narrativa. Me parece que você é mestre nisso também, meu bom amigo. rsrs. Sensacional o ritmo e especialmente o desfecho. Meu abraço. Paz e bem.

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  4. Maninho,fiquei apavorada com esse conto.
    Não gosto de filmes ou livros de terror. Mas é preocupante mesmo caminhar assim na noite.
    Realmente não sabemos o que encontar.
    As coisas estão muito desorganizadas e a segurança pediu passagem e foi embora.
    Passei para te dar um beijo.

    Com carinho
    Fernanda

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  5. Muito bom.
    Um final surpreendente.Adorei.

    Beijos e boa semana.

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  6. Uau, socorrooooooooooo!
    Muito bacana Marcio, me prendeu.
    E quanto a entrevista do Caca, claro qe não perderei.
    Parabéns pelos blogs, ta tudo lindooo!
    Beijossssssssss

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  7. HUmmmmmmm, gosteiiiiiii. Meio assombroso, meio temeroso hehe
    Gosto desses mistérios da "meia-noite" RS
    bEIJOS QUERIDO!
    CACÁ VAI SER UM MUSSSTTT TBM!!!!!!!

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  8. Olá

    Bom diaaaa

    Nossa Marcio já de manhã cedo, uma história de terror, confesso que pelo menos dos filmes e livros não gosto, mas da sua adorei, vc é bom, heim moço, tudo no tempo certo e o final inté arrepiei rsss.


    Vou tá lá no Caca, pra ver.

    Que bom que nossa Loirinha vai ficar por aqui, pra me fazer rir, adoro quela loirinha lindaaa e o titio dela tbm rsss

    beijosss, carinho sempre
    Ótima semana e abraços pertadinhos

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  9. Muuuito bom! A amiga assassina foi um ótimo desfecho! Nem imaginava...e eu sou boa detetive, rsrsr...
    Bjk!

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  10. Nossa!!! Que medo! Terror e suspense em um mesmo conto. Parabéns, querido!
    Fica longe muito tempo não, hein.
    Bjo e paz pra ti, Márcio.

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  11. Marcio,sensacional o seu conto!Deu um medo danado!Conseguiu manter o suspense até o inusitado final!Eu adorei!Bjs para vc e seu sobrinho!

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  12. Marcioooooooooooooooo....

    Com esse conto eu acho que "EU ME CAGUEI"... óhhhhh!!

    Confesso que adoro suspense, Terror nem tanto..

    DeussssssssMilivre
    Tatto

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