terça-feira, 5 de abril de 2011

NÃO ME PROVOQUE… / ou / QUEM FALA O QUE QUER…

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Frajola e Piu-Piu / image by Google
Quer me deixar irritado? Tente determinar o que eu devo gostar ou não.

Um dos piores hábitos do ser humano é justamente este, achar que nada presta além daquilo que se tem como gosto próprio. E, pior ainda, tentar impor isso para outras pessoas.

Numa reunião de amigos no último fim de semana, corria uma conversa animada sobre cinema. Cada um citava seus cult movies, quando um desses “ditadores do bom gosto” me olha e pergunta:

--Falando em cult movie, quais suas músicas preferidas?

Bom, pelo que sei a palavra movie ainda se traduz como “filme”, e se mudaram isso, esqueceram de me avisar. Mas, tudo bem, afinal pode ter sido mero engano da pessoa, ou a tentativa de mudança de assunto. Calmamente, fui abrindo um leque enorme, que ia da MPB, passava pelo rock, soul, jazz, blues, clássicos, samba, enfim, até que falei algo que colocou fogo na conversa. Claudinho e Buchecha. E foi quando ouvi a seguinte pérola:

--O que? Você gosta da música de dois “pedreiro”?

Fui provocado, e solicito licença para defender meu gosto musical.

Dos versos de Claudinho e Buchecha, na música FICO ASSIM SEM VOCÊ, extraí a seguinte passagem:

...tô louco prá te ver chegar
Tô louco prá te ter nas mãos
Deitar no teu abraço
Retomar o pedaço
Que falta no meu coração...

Por mais que os dois fossem cantores de FUNK ou HIP HOP, os versos acima mostram que a composição era voltada para o lado romântico, mas de uma forma alegre, que embala a juventude de hoje. A canção em si é leve, de letra fácil, melodiosa e, o que é melhor, prazerosa para se acompanhar e cantarolar junto, e, em momento algum, fere aos ouvidos. E não me refiro apenas ao estrondo das notas musicais, mas ao esmero, ao cuidado que os autores Abdullah  e Cacá Moraes empregaram na composição.

Em música alguma desta dupla, predomina linguagem chula, alusões ou apologia às drogas, preconceito ou algo que as desabone. E mesmo sendo músicas feitas para ficarem pouco tempo em execução, jamais descuidaram da qualidade da composição, seja em questão de arranjo musical ou elaboração das letras em português correto.

A dupla Claudinho e Buchecha vendeu 1 milhão de cópias do seu primeiro álbum (1996), e no ano seguinte bateu a marca de 1,2 milhão (A Forma). Neste mesmo ano, arrebataram o prêmio de Artista Revelação, no Video Music Brasil, da MTV.

A música que citei acima, inclusive, foi regravada por Adriana Calcanhoto e, num programa da TV Cultura, Nossa Língua Portuguesa, o professor Pasquale Cipro Neto fez uma análise minuciosa da letra e teceu vários elogios.

E quanto aos dois terem sido pedreiros, que mal há nisso? Não se pode mais evoluir, mudar de vida ou de profissão? Neste caso, quem nasce pobre, é obrigado a morrer pobre? Ao que tudo indica, e pelo pensamento do meu interlocutor, se você tem algum talento oculto, mas escolheu a profissão errada, terá que morrer exercendo sua primeira escolha.

Claudinho e Buchecha / image by Google
A dupla Claudinho e Buchecha se desfez tragicamente. No dia 13 de junho de 2002, na descida da Serra das Araras (RJ), o cantor Claudinho colidiu o automóvel que dirigia contra uma árvore, e morreu na hora.

Já em relação à pessoa que questionou meu gosto musical, ela que aprenda a falar corretamente, antes de colocar em dúvida as opções e escolhas de outras pessoas. Ou, então, que solicite nova mudança ortográfica em nossa língua, pois “dois pedreiro” é difícil de engolir. Dá-lhe concordância.

E, para finalizar esta crônica de desabafo, cabe dizer que aquele que me criticou, mais para o fim da reunião foi para um canto ouvir “FESTA NO AP”, do Latino. Pois é. Gosto é gosto, fazer o que?

Marcio JR

15 comentários:

  1. É maninho é bem isso que acontece no dia-a-dia.
    Muitas vezes observo que alguns nos emprestam seus gostos sejam musicais, alimentação, roupas, como se a questão fosse apenas um marketing etc...
    Sem se tocar do que nos importamos.
    Gosto é algo singular, por tanto deve haver respeito nisso.
    Mas infelizmente não existe uma formula para não sermos questionados por eles maninho.
    Outro dia me perguntaram, porque usava uma flor nos cabelos sem tirar, é promessa?Rsss...
    Marcio, admiro teu jeito de escrita, ele é sábio.
    Em cada contexto, vejo uma entrega, um carinho, uma preciosidade.
    Amo tuas crônicas.
    Agora depois de se pronunciar daquela forma tão preconceituosa, e ir ouvir latino? Sem preconceito, falo de gosto.

    Beijo maninho.
    Fernanda

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  2. Belo desabafo...
    Ninguém, merece que outros queiram impor seus gostos sejam lá do que for...
    Não aguento também! abraços,lindo dia!chica

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  3. Amigo Marcinho Bucêxá.... rss

    Como tu meRmo dizêu, liking liking... e ninguém tem nada cum isso! Seria o meRmo que tentar expressar seu próprio entendimento da leitura da bíblia entre um grupo de credos diferentes.

    Sigo iscuitando músga dos pedrêro, dos mano, dos fumêro e maconhêro sem deixar de ouvir a dos "manêro" ... Sertooo Maninho.. rss

    Se o cara abusou na cunversa... manda um avacagá de desprezo prêle ...

    Abraços
    Tatto

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  4. Opss.. Quase sisquici-me de gárdece o LINK pro meu bróguinho... rss FICOU MASSA!

    Deussssssssssssssssssskiajude

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  5. Eu fico me lembrando é dos carrões com som. Ou melhor, dos sonzões com carro. rsrs. Acho que o problema não é questionar o gosto do sujeito. É ele achar que todo mundo deve gostar pois só anda com o aparelho ligado a cento e tantos decibéis. (a opressão pelo gosto) Abração. Márcio. Paz e bem.

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  6. Oiee Marcio, gosto é que nem C.., cada um tem um, NÉ.
    Adorei o texto e acredito que respeito é bom e devemos usa-lo sempre.
    Marcio, esse blog ta cada vez melhor heim..Adoro vir aqui.
    Beijosssss e um dia Maravilhoso procê.

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  7. rssss, pronto já entrei rindo do comentário da Rosane, "gosto é que nem C.. rsss, cada um tem o seu rsss."
    Seu desabafo, mais do que justo, que mania que esse povo tem, cada um com seu cada um, o jeito é não se deixar irritar, e mandar se catar.
    Eita povo.


    beijos homem que dolooooo.

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  8. Já dizia o diado: "gosto é que nem bunda, cada um tem a sua". Então, é preciso respeitar as opções de cada um. Imagine se todos nós tivéssemos os mesmos gostos e opiniões... O mundo seria uma chatice só. Ainda bem que as diferenças existem.
    E amo essa música que você citou na crônica, mais ainda na voz de Adriana Calcanhoto. Essa música embala meus momentos mais românticos.
    Arrasou, meu caro! Beijo no coração.

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  9. É, Marcitcho... é bem isso mesmo e bem assim.

    Ainda defendo a idéia de: vc pode não aceitar, não concordar... mas respeite.

    Isso pra tudo, pra todos os gostos.

    Meu beijo, querido.

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  10. kkkk, olha Marcio, eu estava aqui com a pontinha dos dedos coçando para teclar umas palavras... mas, resolvir conter-me, até porque li um dia desses que se tem que ter maior cuidado com o comentários nas redes sociais... risos. Vou ficando por aqui tá!


    Abraços querido amigo!!

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  11. Não pude deixar de vir aqui novamente, Marcio que figurinha vc! Risos... Grande Cara!! Mas vais ficar curioso!! Olha meu lado má... uahahahah.

    Grande Marcio, até mais meu querido!

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  12. ahh Marcio, pessoas assim me irritam profundamente. Em geral são pseudointelectuais que acham que pq gostam de Chico Buarque e Tom Jobim são inteligentes e cultos...mas não fazem a minima ideia das formas construtivas de ambos...Claudinho e Buchecha fizeram parte de uma epoca, onde não havia o funk agressivo, cheio de duplos sentidos e ofensivos a qualquer pessoa.

    Essa pessoa que feza esse comentario é um imbecil...rs rs rs...

    Abração...e ótimo post...muito bem argumentado.

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  13. Pois é amigo!
    Abaixo essa discriminação e mania de classificar o que é bom ou não!
    Respeitar é uma boa medida.
    Claudinho e Bochecha fizeram um belo trabalho e tem espaço para todo mundo.
    Eu amo rock porém não deixo de gostar também de Morango do nordeste.
    Bela crônica!
    abraços

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  14. Sim, gosto é gosto e é mesmo muito chato conversar com alguém que só se importa em defender os seus, sem dar espaço para que a gente fale. É como assistir a um monólogo nada interessante.

    Beijo, Marcio.

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  15. Adorei, Márcio! Gosto é gosto mesmo... e tem vezes que é melhor nem discuti-lo...rs! Abraço!

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