quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

CÃO PANTANEIRO


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A tarde acabava de forma preguiçosa, com o sol se pondo lento a oeste. Adiante, uma imensidão de água, onde os raios solares refletiam naquele espelho fantástico e faziam com que tudo se tornasse mágico. Era um presente de Deus para aqueles que se arriscavam a desbravar aqueles confins do Pantanal Matogrossense.

Na casa, tudo estava quieto, mas eles, os seres humanos, logo chegariam para descansar. No local, somente a patroa corria de um lado para outro, afoita pela lida diária e o preparo do jantar. Mas era silenciosa e não incomodava. O cão ficava ali, apenas observando. Quando era mais novo, ia para o alagado e ajudava no manuseio da boiada, mas agora estava velho, e aproveitava as regalias que esta condição lhe dava. Assim ficava, deitado à porta e observando as águas mansas daquele imenso rio em que tanto nadou e brincou.

Alguns latidos se fizeram ouvir, e o cão sabia que a matilha estava se aproximando, trazendo com eles o patrão e os empregados. Entre eles, vinham os filhos do patrão, hoje peões trabalhadores e de muita estima, mas que ele viu crescer e cuidou com uma fidelidade que apenas os cachorros têm em relação ao ser humano. Mesmo de longe, ele já escutava, também, o trotar dos cavalos e a algazarra da “peonada”. Vinham felizes e bradando, quase cantando. Era como se mais um dia fosse vencido naquela dureza que se vivia naqueles confins.

Logo, chegavam e se dispersavam. Quem era da casa, ia se ajeitar para o jantar, e os demais, que eram empregados, partiam para os alojamentos. Lá, tinham o necessário para viver, e assim como o cão, aguardavam a vez para se alimentar. A demora era pouca, e alimento não faltava. Nesse meio tempo, o cão se afastava da casa e ia até as cocheiras. Por mais de uma década fez isso. Ia até lá e cuidava para que nenhum cavalo ou mula se afastasse, principalmente as bardosas, que insistiam em não aceitar muito bem o trato dos peões. Depois, lentamente, voltava para a porta da cozinha e esperava seu trato. Mancava um pouco de uma das patas traseiras, e isso irritava o patrão, que o achava inútil. Por vezes, o patrão pensou em sacrificá-lo, mas era contido por um sentimento de dívida. Aquele cão salvara seu filho mais velho quando um touro brabo disparou e tentou chifrá-lo. O cão, em sua fidelidade, atacou ferozmente e conteve o touro, mas sofreu as consequências e por muito pouco não perdeu a pata traseira ou até mesmo a vida. Nunca mais foi o mesmo.

Depois do jantar, a família da casa grande se reunia na sala e ligava o velho rádio. Era um rádio antigo, em forma de capela, onde o patrão buscava notícias sobre o que acontecia em regiões mais distantes. Mas havia algo que encantava o cão. Era uma coisa que chamavam de música, e tocava vez ou outra. O cão, quando escutava aquilo, colava o focinho ao chão e fechava os olhos, deixando-se hipnotizar. Sem saber, ele sentia saudades. Saudades de tempos passados, onde ele era forte, lépido e tinha serventia. Desde muito novo acostumou-se a ficar ali, ouvindo aquele rádio depois do jantar. Adorava aquilo e quase dormia quando isso acontecia.

Algum tempo depois, uma ferida grande apareceu na coxa esquerda do cão, exatamente onde o touro o acertara. Por mais que os filhos do patrão tentassem tratar, não tinha jeito. A ferida apurava e tomava o corpo do cachorro. Veterinário não existia por perto, e os remédios caseiros já não serviam mais. Então, o patrão decretou. Seria sacrificado.

A patroa chorou, e os peões, que testemunharam a bravura do animal contra o touro, se recusaram a fazer o determinado. Respeitavam o cão como se fosse um deles, e jamais matariam aquele animal. Os filhos do patrão imploraram ao pai que deixasse o animal tentar se curar sozinho, ou que o tempo se encarregasse daquele fatídico ato, mas ele estava irresoluto. Não arredava pé da decisão que tomara.

Frente a isso, como ninguém se propunha a sacrificar o animal, o patrão mesmo encarregou-se de tal coisa. Colocou o cachorro no carroção e foi para a mata, afastando-se de todos, pois ninguém queria presenciar a cena. Seria mais fácil dessa maneira.

Repousou o animal sob a sombra de uma árvore e engatilhou a espingarda, mirando o meio da cabeça, mas seus dedos tremeram na hora de puxar o gatilho. O cão olhava diretamente para seus olhos, e aquilo o fez parar. Não conseguiria fazer aquilo, e sentia culpa por não ter tratado dignamente daquele que colocou a própria vida em risco para salvar alguém, ou no caso, o próprio filho do patrão.

Porém, era preciso. O animal estava sofrendo, ele sabia disso. A dor da ferida devia ser insuportável, e não havia meio de fazê-la regredir. Apontou novamente a espingarda para a cabeça do cachorro e preparou-se para atirar. O cão, calmamente, levantou-se  de onde estava e veio se deitar mais próximo. Olhou para o patrão com serenidade e colou o focinho ao chão, como se o velho rádio estivesse ali, tocando aquelas músicas que tanto lhe traziam saudades. Fechou os olhos e, estranhamente, soltou um grunhido. Parecia aceitar o que aquele homem estava por fazer. Era como se soubesse que seu caminho acabava ali e que a morte era sua única opção. Naquele instante, o patrão pensou ter perdido a sanidade, pois jurou que uma lágrima escorrera dos olhos do animal. E o patrão chorou também.

Na fazenda, todos pararam o que faziam e esperaram. Pouco tempo depois, um tiro de espingarda ecoou pela mata, e foi acompanhado de um uivo esganiçado do cão. A passarada saiu em revoada, e aquele instante colocou lágrimas nos olhos de homens que jamais imaginaram que pudessem chorar. Estava feito.

Uma hora depois, o carroção apontou na porteira. Era o patrão voltando. Ele acenava para a patroa e para os filhos, e ao chegar mais próximo da casa, ordenou que trouxessem cobertores e água quente. Na carroça, no meio de um volume de capim verde, o cão estava estirado. Não estava morto, pelo contrário, estava bem vivo, mas com a pata traseira e a coxa completamente queimadas.

O patrão, sem conseguir sacrificar o animal, tentou um último recurso. Jogou pólvora sobre a ferida e, como não tinha como acender, atirou em uma pedra para provocar faísca. Pensava, dessa maneira, esterilizar ou limpar de vez a ferida, porém acabou deixando tudo em carne viva. O cão uivava de dor, mas não estava indócil. Os peões pegaram o cão e carregaram-no para o estábulo, fazendo o que estava ao alcance deles. Afrente, o filho mais velho do patrão comandava tudo, e mais atrás, vinha o patrão, deixando a mostra a camisa encoberta pelo sangue do cachorro.

rádio capela - by Google
Hoje, quem chega na fazenda é recebido pelos cães em uma algazarra tremenda. O velho cão não está mais lá, deitado na porta da cozinha, mas ainda está presente na memória de todos e em um retrato num canto da sala. Nesse retrato, ele aparece deitado aos pés do patrão, que depois de tudo, tratou dele por mais cinco anos. O cão perdeu a pata traseira e parte da coxa, mas valente como era, resistiu e ganhou ainda mais o respeito daquele homem rústico e que não gostava de demonstrar sentimentos.

Perto da porteira, uma árvore enorme faz sombra para um cercado pequeno de madeira. Lá, descansa o cão em seu último refúgio. Ao lado, um presente do patrão. O velho rádio capela, que tocava as músicas que o cão tanto gostava.



Marcio Rutes


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17 comentários:

  1. Sensível que estou pela morte recente do meu cão, leio-te sem com os olhos marejados.
    Que tributo lindo de um homem rústico e seu jeito de amar, ao velho e fiel cão. Surpreendente o desfecho, a lágrima no olho do humano e do não humano foi a somatória de mais anos na companhia um do outro. Lindo, lindo!
    Um abraço, ana paula

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    1. Olá, Ana.
      Fico extremamente grato pelo seu retorno ao meu blog e, principalmente, por suas palavras de apoio às minhas letras. Este é um dos textos de maior complexidade que já escrevi, isso devido à carga emocional muito forte que ele emana. Até eu fico com um nó na garganta quando re-leio.
      Um grande abraço a ti, e um ótimo fim de semana.

      Marcio

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    2. Marcio, retorno porque considero importante que saiba do acontecido.
      Ontem, em determinado momento do dia, conversando com minha filha, eu lhe contei sobre o teu texto, o quanto eu havia ficado emotiva e resolvi fazer-lhe um resumo do que havia lido. A saber que eu não sou uma boa contadora de histórias, dessas que fazem caras, olhos, gestos, impostação de voz. Resumi apenas com minhas palavras cotidianas e se deu que a moça chorou.
      Então reforço que desses tuas palavras escritas, emanou realmente um afeto.
      Obrigada por isso!

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    3. Bom dia, Ana.
      Poxa, desse jeito, quem chora sou eu. E você não tem ideia da satisfação que tive ao ler seu comentário. Existe um hiato muito grande em meus textos. Passei quase seis anos sem escrever mais nada, isso devido a desilusão com os blogueiros da época, que só queriam utilizar os outros como escada, e também da partida de um amigo muito especial, apoiador e padrinho de letras, que morava na Suíça. E agora, receber este belo comentário seu, as forças e a crença se renova.
      E fica uma coisa estranha no peito com as lágrimas de sua filha. Fico triste porque sei o quanto é complicado perder um animal, assim como mastigar este texto, mas, ao mesmo tempo, fico feliz porque toquei alguém.
      Grato. Grato sempre. E manda um grande abraço para sua filha. Mas avisa que também tenho contos para dar risada, tá bom.
      Lindo dia pra ti, Ana. Abraços.

      Marcio

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  2. Lindíssima e comovente história.
    Quando comecei a ler vi retratado o meu cão, também já nada novo e agora muito parado.

    Abraço e tudo de bom!

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    1. Olá, Fá.
      Aqui em minha cidade, a população de animais abandonados nas ruas é enorme. Culpam as autoridades, que nada fazem, mas a população é uma das maiores culpadas, isso porque quando o animal já está idoso, é largado pelas ruas sem o menor pudor.
      E este texto é baseado em um cão de rua que vi certa vez. Ele tinha uma pata traseira amputada, mas parecia um canguru, de tanto que pulava, e era muito dócil.
      Grato sempre por suas visitas, menina, e um grande abraço.

      Marcio

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    2. Olá, Marcio, acabo de ler um belo conto que me reportou à minha infância, também envolvido com cachorros, cavalos e o gado. Uma vida de não esquecer. Saudável como é a vida no campo. Gostei muito da história do cão com sua bravura e fidelidade. O desfecho do conto foi bastante emocionante e surpreendeu pela atitude do patrão, que no momento reflexivo salvou a vida desse herói da família.
      Aplausos, amigo!
      Um bom final de semana, saúde e paz.
      Grande abraço.

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    3. Bom dia, Pedro.
      Preciso confessar que até a mim esse conto impressiona. Em algumas passagens, paro e penso: fui eu quem escreveu isso?
      E pensar que esse conto nasceu de minhas observações a um cachorro de rua!
      Grande abraço, Pedro, e muito grato por sua visita e palavras.

      Marcio

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  3. Márcio, creio que os seus textos estejam com uma carga emocional muito forte ultimamente...e olha que ainda não li nem 1 por cento do seu riquíssimo blog literário.
    E como não poderia deixar de ser, esse conto, essa narrativa, também me fez chorar, pois não há nada mais verdadeiro do que o amor de um cão pelo seu dono. Os olhos deles dizem tudo. Eu não tenho um cachorrinho, mas minhas irmãs que moram no sítio possuem 4 bravos guerreiros e eles são verdadeiros tesouros e guardiões do recanto. Dois deles meteram-se com um porco espinho na última semana e ficaram muito feridos! Mas ainda bem que com os medicamentos certos, pois foram levados ao veterinário da cidade próxima, se recuperaram. São dois pastores muito levados e vivem se metendo em encrenca...rsrs
    Infelizmente, o nosso cãozinho da história, não teve essa mesa sorte em poder ser conduzido aos cuidados de um veterinário. Eu sei que as coisas nas fazendas e nas roças, por ser muito distante das cidades, conduzir um cãozinho não é possível e medidas paliativas devem ser tomadas. Ainda bem que o cão foi um bravo guerreiro em aguentar a dor da pólvora queimando na ferida aberta. (Nossa, fiquei estarrecida) Lembrou-me os filmes de guerra, quando os soldados queimavam as feridas jogando álcool ou outro produto inflamável para poder conter o ferimento e a inflamação. Doeu em mim também! Mas ainda bem que o cãozinho se recuperou e ainda pode conviver mais 5 anos com seus tutores e sabe o porquê? Porque o cão tinha o bom e velho hábito de ouvir música no rádio da fazenda. A música rejuvenesce e faz o coração se acalmar...E estou dizendo isso por minha conta, pois desde que comecei a editar as canções eu melhorei bastante meu estado "enervado" psicológico. Simmm, pode não parecer mais sou uma pessoa ansiosa e ligada no 220 volts rsrs E a música me acalma e me traz uma paz muito grande, exatamente como ao cãozinho pantaneiro...
    Perdoe-me a demora em vir ao seu cantinho literário, pois como disse antes, estou reduzindo minha participação nas redes para me concentrar nos estudos...Mas na sexta-feira, me dei ao luxo de vir ler um conto maravilhoso que encantou meu coração.
    Grata Márcio, por seu maravilhoso talento em emocionar as pessoas com sua escrita!!
    Abraços e um lindo final de semana! :)))))

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    1. Você? 220? Tá de brincadeira comigo, né?
      Oi, Dri. Sabe como te vejo? Uma monja budista, daquelas que acende um incenso, e fica olhando o voo dos mosquitos e, claro, consegue enxergar quando eles fazem o símbolo do infinito. Menina, para mim, você é puro sossego, bonanza na pria. Mas, já que você diz, quem sou eu para contrariar, não é?
      Amei o textão, você se soltou e desceu a letra. Adoro isso. Muitos blogueiros não gostam quando os comentários são longos, mas eu gosto, e muito. Dá pra ver que a pessoa realmente leu e entendeu, ou, se não entendeu, deixou claro suas dúvidas. Continue aumentando as linhas.
      Já quanto ao nosso cão, esse texto é especial para mim. Já falei em comentários acima que esse personagem é baseado em cães reais, de rua, um em especial, que perdera a para, mas parecia um coelho. Eu, na época, trabalhava de carteiro (pois é, fui carteiro também!), e esse cachorro me acompanhava a tarde toda. Pulava feito um cabrito, mas era um cão de rua, amputado. Tempos depois, acabou partindo de forma triste, por problemas no local da amputação. Maaaaas, trocando de assuntooooo, a carga emocional nos textos é forte, mas tenho os cômicos também. Então, você chora em um, e gargalha no outro. O problema é que nossa sincronia tá complicada, e você acaba pegando os tristes. Vou diminuir a intensidade de publicação, para você conseguir ler os mais suaves também!
      Dri, minha amiga querida, grato pelo comentário, pelas palavras meigas, pelo relato. Busquei tanto isso lá atrás, quando escrevia pelos blogs. E agora, com menos público, mas com pessoas como você me lendo, tá surtindo efeito. Que bom ter você aqui. Grato, sempre. Lindo fim de semana pra ti, Dri 220! rsrs.

      Marcio

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  4. Olá, Marcio, que conto, quanta emoção! Sempre, desde criança tive animais, cães e cavalos. Pedro e eu também pegamos um cão com um mês, sentimos que seria muito bom para os nossos filhos ter um animalzinho de estimação, mesmo em apartamento.
    Depois, férias na Serra, pegamos uma cadelinha no clube, abandonada, já tinham telefonado para a prefeitura (carrocinha), ouviu falar? Passariam lá para recolher o animalzinho e sei lá o que aconteceria. Pegamos antes disso e levamos para casa. Já eram 2 no apartamento. Outra noite, chegando em casa, um cão lindo foi atropelado e estava gemendo numa esquina. Levamos conosco e cuidamos. Todos viveram muito. Esse último foi maravilhoso quando ficávamos doentes, não levantava do lado da cama, e acompanhava meus passos pela casa, e voltava comigo para o quarto. Esse teu conto me emocionou muito, trouxe-me muitas lembranças. Mas eu não estava gostando do final, até que você deu uma 'volta para a tragédia' não se consumar. Aplausos, amigo!!
    Um bom fim de semana, grande abraço!

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    1. Minha amiga Taís, que belo relato. Três cachorros? Em apartamento?
      Mas não se preocupe, pois o Sant'Anna já me desmascarou. Ele diz que teço meus meandros, minhas runas, meus terços, e faço meus milagres. Jamais deixaria terminar de forma triste. O conto por si é triste, mas precisa de um final que apoquente a alma. E, aliás, você falou que revivo termos e expressões, como "patavina", então tem mais um agora, que é o "apoquente". Essa nossa reunião de blogueiros mais "antigos" é sempre boa para isso, reviver o que nos deixa saudosos.
      Grande abraço, minha amiga. E hoje, não saio quieto não. Vou assinar. Grato sempre.

      Marcio

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  5. Os 3 juntos foram 2 anos apenas, o terceiro pegamos quando estava numa esquina, à noite, fora atropelado, já pertinho de casa. Foi no feriado do 'Dia do Trabalho'. Nenhuma Clínica Veterinária aberta. Mas não deixamos na rua, levamos e tratamos, e...ficamos com ele, foi um presente maravilhoso. Viveu mais 14 anos conosco.
    Mas muito comportados, obedientes, agradecidos e carinhosos. Sabiam se relacionar. rssss
    Abraços, amigo. A história é muito grande.

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    1. Deixa te contar uma coisa, mas fica somente entre nós e que ninguém nos ouça (leia?)! Taís, hoje, comecei a adotar um cachorro de rua. Uns cinco anos de idade, mas beeeeeeem acabado, estropiado. Trouxe para casa, alimentei, dei água, cantinho para descansar, e logo em seguida, soltei para a rua de novo. amanhã, fareia mesma coisa, até que ele se sinta a vontade, e venha por conta para minha casa.
      Ninguém perguntou a ele se ele queria morar na rua quando o abandonaram, e eu não quero forçá-lo a vir comigo. Se gostar do trato e do apego, virá comigo. Será um trabalho meio longo, mas quero respeitar a vontade dele. E sei que ele vem. Será que estou meio maluco? Não sei, mas vi naquele comentário teu, em algum blog por aí (da Emília, se não estou enganado) que você já está preferindo ouvir, ou respeitar, mais aos animais do que aos humanos, e eu estou exatamente assim.
      Desculpe as doideras desse teu amigo sulista, mas as vezes, a gente cansa, e quer dar uma guinada. E acho que estou bem nesse momento.
      Grande abraço, e ótimo fim de semana, Taís.

      Marcio.

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    2. Que lindo, Marcio, mas se você tem vontade, não espere, amigo, os animais sempre serão gratos pelo resto da vida. Com os nossos 2 últimos, pegamos na rua, a gratidão deles foi comovente! Meu coração sente até hoje tanto carinho que recebi deles. O nosso primeiro foi uma aluna minha que me levou e nós ficamos. Também foi ótimo, nossos filhos eram pequenos, ainda. Quanto ao respeito aos animais, sempre os respeitei muito, não lembro a comparação com os humanos, mas nós, somos muito mais difíceis, não tenho dúvidas, amigo. Acho que foi por aí a coisa.
      Uma boa semana, Marcio!
      Meu abraço.

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  6. Da arte de contar. O segredo é manter uma tensão para não afastar o leitor. Esta vem sempre acompanhada do que se chama verossimilhança, daquilo que leitor toma como algo acontecido. E claro que aconteceu. Uma vez contada a história toma foro de verdade. De real. De acontecido. De verdadeiro. Ou melhor, a representação do real se transformou no cipoal das emoções incontrolada com a “verdade” narrada. `Você é um senhor “inventor de histórias reais”. Fez-me lembrar do meu tempo de adolescente frequentando o “cinema poeira do bairro”. Um dos habitués comigo no cinema disse verta vez: “Já reparou quando saímos do cinema, fazemo-lo com as pernas arqueadas, chapéu de vaqueiro à cabeça e às mãos perto do coldre, prontas para sacar o revólver, de tão reais cenas na tela!
    Um abraço, Caro Márcio!

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    1. Meu bom amigo Sant'Anna. Vou agradecer sempre suas críticas, e esta em especial. Sabe que hoje, me considero um contador de histórias, mas foram alguns bons anos lapidando isso. Errei tanto, apaguei mais outro tanto, e só me dei conta quando fui para o curso de publicidade, li Carrascosa, citado por Ana Paula, lá daquele blog que visitamos juntos. E ali, vi o quanto um autor precisa vestir mais o leitor do que o próprio personagem. Se eu não entender meu público, jamais terei um personagem para satisfazê-lo.
      Cortázar? Sempre! No entanto, minha influência vem de outra fonte, mas sempre seguindo seus preâmbulos. Não somos teoria, somos carne. Não somos hipóteses, somos experiência vivida. Não há que se formular intrínsecos meandros para se chegar a um final de história. Só há que se contar o que se sabe, e com fervor, como se você estivesse lá, vivendo aquilo. E então, meu amigo, quando conto um conto, eu estou lá tendo ou não vivido aquilo. Será este mu artifício para escrever? Desculpe, mas não sei te responder. No próximo conto a gente conversa mais um cadiquim.
      Meu bom professor, grande abraço, fica bem, e um ótimo fim de semana pra ti. Grato, sempre.

      Marcio

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