segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

CAIPIRINHA NO BUM-BUM?


Hoje, revisitando algumas publicações antigas, dei de cara com uma matéria na revista Vogue, de julho de 2014, que me chamou a atenção já na época, e que valeu uma crônica minha publicada em um jornal local daqui de Curitiba. Pode ser um pouco antiga, mas despertou meu instinto de cronista.

Então, para dar uma pequena pausa nos contos, resolvi desenferrujar um pouco o cérebro e re-escrever a crônica que fiz àquele tempo. Para quem quiser conferir a matéria da revista, é só clicar no link disposto ao final do texto. Em breve, volto com os contos.

. . . . . . . . . . . . .


image by Google
Olha só! O British Military Fitness, através de seu diretor de operações e treinamento, Garry Kerr, criou o Brazilian Bum Blast, um sistema de treinamento que promete para as mulheres europeias "equilibrar um copo de caipirinha no bum-bum". Dessa maneira, eles pensam em dar um ar abrasileirado para a retaguarda das europeias.  Caipirinha no bum-bum?


Antes de mais nada, vamos parar com a falsa moralidade. Não é bum-bum. É bunda mesmo, e muita gente fala dessa forma. Mas, na hora de publicar algo, já viu, né! Agora, deixa eu entender isso tudo. Neste caso, eles não querem deixar a bunda da mulher européia com "a cara" da bunda da mulher brasileira, mas sim transformá-la em uma bandeja. E é claro que o treinamento não é pouco, e muito menos barato. Dizem, inclusive, que é um treinamento ao estilo militar. Misericórdia!

O que os ingleses esquecem é que a beleza não está somente na dita bunda, mas sim no conjunto, que inclui também, além do corpo como um todo, um comportamento mais latino e não tão durão e sem ginga, como o saxão. A sinuosidade do corpo não é adquirida com o enrijecer dos músculos da bunda, e o gingado, ah! esse vai precisar de muito esforço, e nem um pouquinho militar, para ser atingido.

Sem contar que a beleza não está somente naquilo que é mostrado, mas também nos olhos de quem vê.

Pelo visto, o Brasil continua sendo "apreciado" aí por fora por atributos não tanto culturais ou sociais. Mas já que é assim, e se querem que as europeias consigam equilibrar um copo de caipirinha na bunda, então é hora de começarem a comprar limão, açúcar e cachaça brasileiros, pois não tem nada disso lá pelos lados do velho mundo. E caipirinha com açúcar de beterraba e gim deve ficar, digamos, com um gosto abundante e sem graça.

Assim, além de ter a bunda da mulher brasileira copiada, quem sabe o Brasil consiga exportar mais algumas coisas e melhorar a balança comercial.

Acho até que está na hora de registrar a patente da bunda brasileira, da mesma forma como já fizemos com a cachaça, ou como os italianos fizeram com a pizza.


Marcio Rutes


não copie sem autorização, mesmo dando os devidos créditos.
SEJA EDUCADO (A). SOLICITE AUTORIZAÇÃO.


leia mais em:

7 comentários:

  1. Muitas tentativas foram feitas para desbundar o Brasil neste quesito, mas, como é possível constatar, sua crônica está mais que atual, e o carnaval recém-encerrado ontem é mais uma prova disto. Não adianta falsos moralismos, somos mesmo um país abundante!
    Boa semana Marcio!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Bom dia, Ana.
      O Brasil é como se fosse aquelas balanças antigas, com um prato de cada lado e que você precisava equilibrar os pratos com contra-peso. As vezes, até conseguimos algum avanço, mas, logo depois, retrocedemos. Lá atrás, anos 80 e 90, brigou-se muito pela presença de crianças nos desfiles de carnaval, e me lembro que conseguimos avanços nisso. Durante um bom período, ficou proibida a presença de menores de 14 anos nos desfiles. Já neste 2023, tudo mudou, e a criançada apareceu com tudo. Já no tocante à nudez, lá atrás era um festival de topless, e agora está bem menor. Mas, enfim, somos o país das hipocrisia mesmo.
      Somos, claro, u país latino, mais festeiro e alegre, mas algumas coisas acabam não passando na garganta, no caso, o mote de minha crônica acima. E um dos motivos que me levou a reeditar o texto, é justamente para mostrar que nada mudou desde lá de 2014.
      Grande abraço, Ana. E ótima semana pra ti.

      Marcio

      Excluir
  2. Há tantas coisas que nos fazem mal, que a abundância, não se perde. Como se diz em latim: "quod abundat non nocet." Em bom português, "o que abunda, não se perde" desde que se cuide das outras coisas que nos afetam. Um único exemplo. Em Salvador, o carnaval este ano começou na terça-feira, dia 14, com o beneplácito da Prefeitura e do Governo do Estado. Aliás, foi um governador todo poderoso que decretou oficialmente, faz anos, ponto facultativo, para a sexta-feira que antecede o Carnaval. E desde então a chave da Cidade é entregue ao Rei Momo na quinta... o que era feito na sexta à noite. Por aí vai... A exposição de bum-bum é coisa menor diante de tantas outras coisas que "abundam" sem caipirinha...
    Um abraço, Marcio.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. rsrs. É bem verdade, meu amigo Sant'Anna. Está coberto de razão. Mas, o que mais me chamou a atenção nessa matéria da Vogue é a tentativa da cópia da bunda brasileira para as europeias, mais em especial as inglesas.
      Os povos têm suas características físicas que a natureza levou séculos para aprimorar. Nós, brasileiros, somos fruto de uma miscigenação gigantesca, e ainda não estamos sequer na metade do caminho para termos uma "raça" para chamar de nossa. Aqui, temos europeus, africanos, asiaticos, entre tantos outros, e ainda mesclando com nossos indígenas. Disso, dessa montoeira de gente batida em um liquidificador, é que veio a bunda da mulher brasileira. Daí, vem um instituto inglês dizendo que, com um treinamento ao estilo militar, vão dar a chance das europeias terem uma bunda ao nosso estilo? Esse mundo não tem mais com o que se ocupar? Barbaridade. Achei que esse tipo de descaso só acontecia em países sub-sub-sub-desenvolvidos como o nosso. rsrs.
      Meu caríssimo professor, uma ótima semana a ti e um abraço.

      Marcio

      Excluir
  3. Claro que no Brasil há muito a exportar em todos os aspectos e não só carnaval bum-bumbuns e caipirinhas. O povo de qualquer país tem sempre a tendência de criticar e rebaixar a sua própria Pátria; como bem se diz " o pão do vizinho é sempre melhor que o nosso, mas, se pensarmos bem, todos os paises do mundo têm coisas boas, outras más, cultura diferente que merece ser mostrada, comidas e bebidas tradicionais, paisagens deslumbrantes , maior ou menor violência e por aí vai: nem tudo merece ser exportado, mas todos têm muito a dar aos turistas que os visita,O nosso país é um rectângulo pequeno, à beira-mar plantado, que recebe muitas criticas do nosso povo e muitos elogios dos visitantes. É tudo bom aqui?. Claro que não! Como em todo o lado, há coisas boas e coisas más. Falando do tema do post, infelizmente, hoje, as mulheres ( tb há homens...) querem mudar tudo, aumentar a bunda, diminuir ou aumentar seios, apagar as rugas enchendo-as de botox, e o que importa é que nem sempre essas mudanças correm bem e elas ficam totalmente diferentes. A bunda das mulheres brasileiras é caracteristica da forma que o corpo delas têm, o tal corpo " violão " e se as inglesas quiserem ter essa bunda, terão de alterar todo o figurino, não te parece, Márcio? Há tanta coisa maravilhosa nesse nosso Brasil, Amigo!!! Como gosto desse país ,de gentes alegres e acolhedoras que fizeram com que eu me tivesse sentido em casa, nos anos em que vivi aí .Beijinhos, Márcio e saúde, sempre
    Emilia

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Corrigir... bumbuns....que os visitam
      Emilia

      Excluir
    2. Olá, querida Emília.
      É sempre muito complicado entrar nesse tema que trata da aparência física. A vaidade, quando toma a cabeça, esvazia o bolso. E fico pensando nas tantas loucuras que as pessoas fazem para ter o tal corpo perfeito. Perfeito, ou deformado pelas cirurgias de implante de próteses?
      Nunca liguei para estrias, nunca liguei para uma barriguinha mais saliente, nem para pernas grossas ou finas. O que vale é o que vem de dentro, principalmente lá do coração. Não ligo para roupas caras, ou jóias, carros do ano, mansões. Isso tudo ficará aqui, e ninguém levará para o caixão quando morrer. Levaremos, unicamente, aquilo que nos fez bem, mas nunca bens materiais.
      O pior são aquelas pessoas que, desprovidas de recursos, querem melhorar o corpo a qualquer custo. Pegam um editor de imagens e fazem uma verdadeira cirurgia plástica na fotografia, e mandam para todos. Mas esquecem que, vez ou outra, precisarão aparecer pessoalmente diante de alguém que recebeu a imagem adulterada. E daí, como fica?
      Egoísmo, ganância, soberba e vaidade estão colocando esse nosso mundo na beira do precipício.
      Minha querida amiga, fica bem, e uma linda semana pra ti. Beijos.

      Marcio

      Excluir