domingo, 5 de março de 2023

FADA DAS MANHÃS (uma fábula dos dias atuais)

 



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Mariana acordou naquela manhã de abril e, como em tantas outras vezes nos últimos tempos, pensou se aquele seria seu último dia a ver o sol nascer. E novamente não foi.

A fumaça das chaminés ardeu em seus olhos assim que abriu as janelas. Lá fora, mesmo ainda muito cedo, já via as pessoas um tanto desesperadas por suas caronas e conduções. Olhou por alguns instantes para o céu e irritou-se com a poluição.

―Isso não acaba nunca? ­―pensou ela, ao mirar o céu cor de chumbo, exatamente igual ao da boca da noite anterior.

Mariana era uma mulher ainda nova, mas sofrida. Desistira de viver fazia algum tempo, assim, aos poucos, deixando que seu peito se entregasse àquele marasmo em que sua existência entrara. Culpa dela ou de uma sociedade que cobrava demais e dava de menos? Isso já não fazia diferença, e então, como em cada manhã, arrumou-se e saiu para a rua, já imaginando o empurra-empurra na estação de trem.

Como em um ritual, seu caminho até a estação foi regado por suas introjeções e introspecções. O balanço, como sempre, foi negativo.

­―Deus, como eu gostaria de fazer o dia das pessoas mais feliz, diferente do meu! Quem dera eu pudesse fazer a manhã de alguém ser melhor, mais alegre, sorridente!

Sentia um fardo pesado em suas costas, e assim caminhou como fazia todos os dias.

Já na primeira esquina, encontrou Pedro, um mulatinho tristonho e que morava na rua. Dia após dia ele estava lá, solitário e com um aspecto esfomeado. E ela, sempre que passava, jogava uma moeda para ele, mas sempre dizendo:

―Ei, Pedro! Não esquece do meu sorriso, menino! Quer me deixar tristonha também?

O menino abria um sorriso de canto de boca, e logo respondia:

―Fica tristonha não, minha fada!

De lá, ela partia para a rua principal. No meio daquele amontoado de gente, ela se esquivava, desviava, e chegava até a floricultura. Lá ela encontrava "seu" Chang, chinês já idoso e que mal falava o português. Ele era dono de uma cara amarrada, totalmente sisudo, mas no fundo era ótima pessoa. Não passava de alguém que cansara de trabalhar, porém, que não conseguia parar, pois sustentava uma parte de sua família que ainda morava na China. Ninguém ligava para isso, ou sequer sabia, mas Mariana... ah! Mariana descobrira isso através de uma amiga, e todas as manhãs passava por lá para comprar uma rosa e perguntar dos parentes do velho Chang. Chegou até a aprender algumas palavras em chinês, para melhorar a comunicação. Chang, mesmo carrancudo, acabava sempre abrindo um sorriso, meio disfarçado, para ela.

E a rosa que Mariana comprava do velho Chang? Essa tinha endereço certo. Um desvio aqui, outro ali, um ou dois becos apertados, e lá estava o asilo. Vários senhores e senhoras ficavam naquele portão em cada manhã, olhando o movimento louco de todas aquelas pessoas apressadas, apertadas pelas calçadas. Quando enxergavam Mariana se aproximando, todos se ouriçavam, quase tropeçando uns nos outros. Logo, um deles corria e puxava algum outro paciente, carregando-o até o portão. Mas, para que isso?

A resposta é simples. Por necessidade, a mãe de Mariana terminara seus dias ali, exatamente naquele asilo, e Mariana, mesmo diante do escasso tempo, passou a visitar constantemente aquele lugar. Chovesse ou fizesse sol, sua visita, após a partida da mãe, era certa. Lembrava da agonia de precisar deixar a mãe ali, mas não teve escolha. Abandonada pelo pai e esquecida pelos irmãos, cuidou sozinha da mãe em seu fim de vida. Assim, conheceu a história dos outros internos, que sem ninguém para visitá-los, viam nela um anjo que sempre, mesmo sem tempo, sentava e os escutava com um sorriso no rosto.

Seu dinheiro não era muito, então ela comprava a rosa do velho Chang e presenteava alguém do asilo, uma pessoa por dia, e para deixar ainda mais felicidade para aqueles pacientes do tempo, recitava alguns versos, ora de sua autoria, ora de algum poeta que ela lera na noite anterior. E em seguida, partia para seu emprego.

Depois do trem vinha o ônibus, sempre lotado. Ieda era a trocadora (ou cobradora, como alguns chamam), mulher frágil e castigada pela vida. Mariana, mesmo sabendo que precisaria se espremer para descer, ficava lá pela catraca, unicamente para escutar as histórias de Ieda. Eram tantas as passagens de sofrimento, que Mariana chegava quase a chorar, mas se continha e mantinha o sorriso no rosto, apenas escutando o que aquela mulher precisava falar. Não raramente, o ponto de descida ficava para trás, e lá ia Mariana correndo para a portaria da empresa.

Seu Galvão, homem sério e trabalhador, era o porteiro. Mariana soube que ele estava com problemas financeiros e, também, de saúde na família. Não raro, ele mal tinha o que comer. E como em tantos outros dias, ela parava diante daquele homem e o olhava, ternamente. Ovos, pão e café. Era o que ela trazia na sacola a tiracolo para o almoço. Aquela seria, possivelmente, sua única refeição do dia, contudo acabava ficando para o porteiro. Não era muito, mas se ela pudesse, assim continuaria trazendo todos os dias. E quem sabe sequer fosse por esse motivo que seu Galvão se alegrasse tanto ao vê-la pela manhã. O alimento ajudava, isso era notório, mas o que ele tanto gostava era daquele sorriso que vinha daquela moça, uma das poucas pessoas que faziam isso ao passar por ele. E assim que ela virava as costas, o porteiro dividia aquela refeição que ela deixava. Um tanto para ele e outro para levar para a esposa adoentada. E ele pensava: "essa moça é meu anjo de cada manhã; grato, meu Deus, e que o Senhor a abençoe e a faça sorrir sempre.".

No caminho até seu departamento, ainda passava pelas copeiras, arrumadeiras, e outros funcionários que ela sequer conhecia, mas sempre mantendo aquele sorriso no rosto. Até que chegava à sua escrivaninha. Lá, ela desmoronava na cadeira, exausta. A rotina era sempre a mesma. E não demorava até que Helena, uma das sócias da empresa, aparecesse diante dela.

­―Atrasada novamente, não é? O que você pensa da vida, menina? Acha que trabalhar aqui é algum divertimento? Ou que nós somos obrigados a te suportar aqui? Ainda vou te despedir por todos esses atrasos. E tire esse sorriso do rosto! Sorrisos não vão fazer a empresa ser melhor, e muito menos irá melhorar a vida de alguém! Essas pessoas precisam de dinheiro e de trabalho. E a empresa precisa lucrar, entendeu?

E dessa forma, Mariana passava seu dia, entre as atribulações do trabalho e as cobranças do mundo. Queria ela, ao menos uma vez, fazer a manhã de alguém mais feliz. Isso era tudo o que ela desejava. Mas era tão difícil.

Assim o tempo passava, lento, até que em certa ocasião o dia amanheceu, mas Mariana não. Ela estava lá, estendida na cama e com os olhos fechados. Morrera sem explicação. O céu cor de chumbo trovejou e choveu, e Pedro foi o primeiro a sentir a falta dela. Ficou no meio da chuva, olhando para o caminho por onde ela sempre passava. Fome? Não. Sentiu falta de sua fada lhe cobrando um sorriso.

O velho Chang, que já havia até embrulhado a rosa, também foi para o meio da rua, e lá permaneceu, com aspecto amargurado e esquecendo até dos clientes. No asilo, uma tristeza enorme tomava cada um daqueles que ainda conseguiam ir até o portão. Ieda, a trocadora do ônibus, sentiu-se mal, subitamente, e sequer apareceu para trabalhar.

Seu Galvão. Ah! Aquele homem era pura agonia. Corria para a portaria, ia até o portão, telefonava para a residência de Mariana, e nada. Estava quase enfartando. Algo estava errado. Ele sabia disso. Até as copeiras e arrumadeiras da empresa sentiam algo estranho no ar, como se faltasse alguma coisa para melhorar a manhã cinzenta.

Mas Helena, a sócia da empresa, essa logo reagiu.

­―Alguém mande uma ordem para o departamento de pessoal. Quero “essazinha” demitida hoje mesmo. Quem ela pensa que é? Detesto pessoas que não têm nada a oferecer!

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E aqui termina a história de Mariana, uma mulher que desejava apenas modificar a manhã de alguém. Sonhava em transformar os dias das pessoas em momentos felizes.

O dia passou triste para todos, e na manhã seguinte, Pedro, o garoto que vivia na rua, sentiu uma lufada de vento roçar seu pescoço. Ele parou e, estranhamente, pensou ter escutado alguém sussurrar:

―Ei, Pedro. Não esquece do meu sorriso, menino. Quer me deixar tristonha também?

Pedro se virou rapidamente e parou, perplexo. Diante dele, uma fada em forma de mulher, ou melhor, com o semblante de Mariana, olhava ternamente para ele. Desapareceu em instantes, como se tivesse virado fumaça e se misturado com o gris das nuvens do céu. Mas era Mariana, ele sabia que sim.

O menino balançou a cabeça e, em seguida, esfregou os olhos, sem entender. Olhou para os lados procurando por Mariana e, depois, voltou o olhar para o chão, e ali teve certeza do que vira. Ao lado de seus pés reluzia algo que ele, abaixando-se, recolheu e apertou na mão. Uma moeda. Era, sim, Mariana. A sua fada Mariana.




Marcio Rutes


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17 comentários:

  1. Olá Márcio,que linda história!
    Confesso quando vi o tamanho me deu preguiça, rsrs
    Mas assim que comecei a ler, me envolvi tanto que nem vi passar....
    Caramba, tadinha da Mariana ,a fada de Pedro,
    Só queria ver o outro sorrir..
    Tanta gente cruel nesse mundo e as poucas pessoas boas que existem ninguém dá valor.
    Amei a história, bem a cara da realidade.
    Amigo, como você escreve bem!
    Abraços e boa semana.

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    1. Bom dia, Ciça.
      Eu não acredito que você ficou com preguiça de ler um conto tão curtinho!!!!!
      É por isso que os autores na web se cansam e desistem. A maioria quer ler coisa curtinha, para não perder tempo. Poxa, vida!!! Desanimei. rsrs.
      É brincadeira, Larissa (sera?). Sei que os textos longos afastam as pessoas, mas não me dobro mais a esse tipo de coisa. Quem realmente gosta de ler, não se absterá de parar uns minutinhos. E que bom que você se encorajou e mergulhou no texto.
      Existem, sim, muitas Marianas por ai, e acabam sacrificadas sem ao menos as pessoas tentarem entendê-las. É o mundo em que vivemos.
      Grande abraço, Ciça.

      Marcio

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    2. Calma Marcio, não precisa me dar um pito desses! kkkk
      É que eu tinha acabado de acordar, tava com sono ainda, você sabe como é né, mineiro é bem devagar na vida, mais devagar se vai ao longe.
      Não precisa desanimar pois jamais deixei de ler um conto seu e esse daí eu li inteirinho.
      Eu já li livros bem extensos como "O mundo de Sofia" , a Bíblia entre outros.
      Por isso eu não tenho preguiça de ler, foram as circunstâncias do momento entende?
      Mas amei seu conto e fica tranquilo que não vou ter mais preguiça!!!
      ok?
      Um abração (eu havia escolhido Ciça pq amo esse nome, pode me chamar assim que eu adoro.
      Boa semana!

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    3. rsrs... não é um pito não, Ciça. Nem esquente a cabeça. Eu sei que você lê inteiro. Mas, digamos que esse recado que deixei na resposta acima é justamente para aquele pessoal que, ao invés de ler o texto e comentar por ele, prefere ler os comentários dos outros, que são mais curtos, e comentar por eles. Esses são os verdadeiros preguiçosos e que só querem fazer os outros de palhaços. Não é nada com você não, Ciça... rsrs.
      Abraços, menina.

      Marcio

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  2. Ah, só mais uma coisinha, te achei no Facebook, me aceita lá quando puder.
    Abraços

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    1. Te adicionei lá no Face, Ciça, mas não tenho atualizado nada por lá. Aquilo me deixou de saco cheio já faz um bom tempo, e raramente abro o Face. Prefiro os blogs, pois aqui, consigo deixar minha página do jeito que eu gosto.
      Abraços, Ciça.

      Marcio

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  3. Como não se encantar com esse escrito...
    Como não ler e reler , degustando o sentimento....

    Como não se indentificar um "cadinho" com Mariana...

    E ficar com um leve sorriso no rosto por me sentir que tenho tanto dela aqui dentro....

    E imensamente feliz por ela viver certamente em ti , que dá vida a tão lindo escrito...

    Acordar com essa oração....
    "Deus, como eu gostaria de fazer o dia das pessoas mais feliz."

    Mariana, deve saber que o segredo na verdade é fazer feliz para realmente ser....

    Então compartilho meu dia de "Mariana"...
    Hoje foi um dia "Daqueles"....

    Precisei resolver algumas questões de burocracia....
    Aquelas corriqueiras do dia a dia...

    Em mim se confirma a fé um tanto devastada....
    "lá fora"...
    Após uma semana de calor quase insuportável ...
    a chuva caía como um sedento a saciar a sede em sua própria água.

    Do local onde estava até a parada de ônibus uma boa caminhada assim como um bom banho por a sede saciada....

    Olhando para o chão em meio à multidão desolada com seus guarda-chuvas tapando lhes a visão...
    Uma nota de R$5,00 reais presa a uma pedra ignorada...
    recolhi a uma nota lisa quase que em estado líquido....

    Recordei me que quando criança e por Ser sonhadora...
    Observadora...
    E, pensativa....
    Sempre focava o céu a natureza e o chão.
    Certa vez em companhia de minha saudosa avó encontrei um punhado de moedas (para uma criança, um tesouro)..
    E para minha saudosa avó, um ensinamento. ..
    me falou...
    "Sempre que encontrar algo sinalize o local como forma de gratidão..
    Dê ou compartilhe com alguém que necessite para que nunca lhe falte".
    Desde então sempre tem sido assim sempre encontro dinheiro, moedas sempre compartilho...
    E dou me conta de que nunca o dinheiro me faltou ...
    E hoje morando na casa que um dia foi dela posso ouvir tais ensinamentos...
    As vezes que precisei...
    sempre encontrei uma mão amiga a qual me auxiliasse....
    Coisas da minha avó certamente. ..
    Honra hoje morar no lugar onde o dia ela esteve...
    Onde, tanto me ensinou..

    Caminhei mais ou menos uma quadra e vi do outro lado da rua um garoto com uma caixinha de doces na mão....
    Atravessei a rua e aproximei me, com um cumprimento perguntei...

    "Você tem pastilhas de transformação?"..

    Olhou me sem compreender, saquei a nota de R$5,00 e estendi à ele dizendo...

    "você é a sua transformação".

    Vi os olhos do menino brilhar, e sorriu me.
    Sei que aquela nota não era "nada" e talvez amanhã o menino sequer se recorde de mim mas aquele sorriso foi um UP para o meu coração partido e minha fé devastada...

    Repare...
    não por ambições, mas sim por esperança dois "desconhecidos" em auxílio mútuo.

    Lágrimas, rolaram aqui por Mariana ,ter partido repentinamente...
    Mas também de tranquilidade, primeiro por ela ter ido viver em sonhos...
    Calma e sem dor...
    Pura como era ....
    E agora poderá viver como Fada...
    Fada Mariana, enfim foi viver num lugar onde certamente poderá sorrir como desejava que seu próximo pudesse...

    Uauu...
    Lindo...
    Parabéns...
    Sua fã...
    Alimento para alma ....

    Ps ...
    Li sua resposta ao meu comentário anônimo em outro mágico escrito seu...
    E mandarei o e-mail... Estou meio atarefada com a rotina, bem sabes como é...
    Já agradeço imensamente pela atenção e acolhida.

    Até breve.

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    1. Olá, minha cara anônima.
      Novamente, vou lamentar por você não ter assinado. É injusto você saber quem eu sou e, em contrapartida, eu sequer saber seu nome.
      Fico imensamente grato pelo testemunho que você deixou e pelas palavras de candura que você destinou ao meu conto e a mim também. Fico no aguardo do seu e-mail e de suas próximas visitas, que rogo, sejam assinadas... rsrs.
      Abraços.

      Marcio

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    2. Prontinho...
      O anonimato resolvido...
      Estava a tentar me atualizar nesse universo de blog.
      Claro que é no mínimo injusto não haver recíproca no tratamento.
      Então esteja a vontade para me conhecer um "cadinho"

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    3. Olá, Evie.
      Agora está bem melhor. Já estive lá pelo seu blog e também respondi ao e-mail. Adorei tudo o que vi e no fim de semana vou apreciar como se deve o mundo da Camponesa das Estrelas, que, aliás, é um nome muito sugestivo bastante poético, sem contar a candura e beleza.
      Grato por suas palavras e visitas, Evie.

      Marcio

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  4. Mariana, és tu mesmo uma fada? Ou és apenas uma fantasia do artista para olharmos a vida de um outro ponto de vista? Urge que pensemos que ainda há espaço para muitas outras Marianas. Uma transformação do mundo passa também pelo nosso modo de olhar para a realidade que circunda, preferencialmente, fantasiando-a para tornar o mundo mais palatável. É preciso redescobrir o Outro bem ao nosso lado e que façamos por ele o que os seus, como espelhos da alma, muitas vezes nos pedem com sinceridade.
    Mais um belo texto, Marcio. E o seu talento de contador de história não nos deixa abandonar o fio narrativo até o ponto final, quase sempre aberto para novas prospecções a partir das entrelinhas.
    Um grande abraço, meu amigo!
    P.S.: Ainda não estive com Marina. Se eu não encontrá-la até o final da semana, deixarei sob a sua porta, escrito para Marina, o pó das estrelas para o seu deleite.

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    1. Meu estimado professor, bom dia.
      Acredito que a maioria de nós sempre busca as Marianas e Marianos que existem por aí, mas esses estão difíceis de achar ultimamente. A atual condição da sociedade nos deixa cada vez mais apreensivos em ajudar o próximo, e isso por não sabermos mais em quem confiar. Quantas pessoas que batem nos portões, com intenções escusas, para pedir algo? E aquelas pessoas que se aproximam, com uma conversa qualquer, unicamente para se aproveitar? São dias complicados, meu amigo. Sem contar o tempo, que anda amalucadamente apressado. Conversar com alguém no aperto do metrô ou do ônibus? Só o fato de dizer bom dia na rua, para um estranho, já é motivo para nos olharem de um jeito desconfiado. Para onde caminha o mundo?
      Meu amigo Sant'Anna, um grande abraço, e espero que Marina aprecie a fábula (dedos cruzados por aqui).

      Marcio

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  5. Nossa!! Emoção pura, meu amigo!
    Sabe, Márcio, você vai entender o que quero dizer, afinal, somos brasileiros e sabemos dessas coisas aqui, é rotineiro encontrar dezenas de mendigos em nosso caminho. E observo que as pessoas, a maioria, passa apressada por aquelas mão estendidas, numa súplica que dá dó, mas nem olham, parece que mãos estendidas ofendem. Mas como não olhar, como não perder (ou ganhar) um minuto para olhar aquela mão estendida pedindo um “troquinho” para um café, um pão? Por que não sair com um pão que sobrou, umas bolachas ou mesmo na saída do supermercado alcançar uma coisinha insignificante para nós? Ver essas pessoas virarem o rosto para a miséria dói, é um ato de desumanidade. E na solidão dos asilos? Pessoas abandonadas, carentes e tristes depois de uma vida de luta e de cuidados que dispensaram à família? E porque envelheceram, não são mais produtivas e dão trabalho? Bah, Márcio, gostei da tua prosa, mostrou tantas coisas… Emociona quando nós vemos isso diariamente. Gostei muito da tua Mariana! Humana, com amor para dar!
    Uma feliz semana, com muita paz. Teria muito mais a dizer, mas melhor ficar por aqui, deixo que a imaginação voe e dê asas à imaginação dos teus leitores com essa tua bela história. Me estendi muito, desculpe, amigo.
    Grande abraço .

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    1. Olá, Taís.
      Nem se preocupe com o tamanho do comentário. Aqui é o blog do "textão". Crônicas e contos grandes, comentários enormes e respostas maiores ainda. E eu adoro. Então, pode abusar.
      Em resposta ao José Carlos, no comentário acima, citei da desconfiança sobre os outros que os tempos atuais nos obriga a ter. Muita gente, a grande maioria, realmente precisa, mas, hoje em dia, um grande número se aproxima de nós com outras intenções. Muitas vezes acabamos não ajudando por puro medo de algo além daquele pedido de ajuda. Os tempos andam complicados. Não se pode mais abrir o portão para qualquer pessoa. Infelizmente, em alguns momentos, os honestos e realmente necessitados acabam pagando pelos desonestos. Aquele dito que diz "fazer o bem sem olhar a quem" está difícil de ser levado avante. Mas existes algumas Marianas ainda por ai, e ainda bem que existem. Eu tenho a minha, que sempre que possível, vem conversar comigo, me escutar, saber se eu estou bem. Diria até que foi dela boa parte do motivo do meu retorno aos blogs. Foi uma das poucas que me escutou e entendeu.
      Grande abraço, Taís.

      Marcio

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    2. É verdade, existem 'Marianas' para todas as vivências.
      Não, abrir portas e portões nem pensar, falei dos moradores de rua,
      pessoas de asilos... dos carentes nesse sentido. Dar-nos ouvidos para o que precisamos escutar, uma alma amiga... também não é fácil, o mundo virou, emudeceu. Cada um pensa em si. Cruzes, mas é mais ou menos assim.
      Abraços, Marcio.
      (pensei que meu comentário tivesse ficado muito grande, mas quando apareceu postado vi que não - rss).

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  6. Olá, Marcio, fiquei pensando na alegria do Pedro, esse
    menino pobre, à margem da vida, dando como paga pelo
    bem que recebia de sua fada, a bondade de sua alma,
    refletida num sorriso.
    Excelente, amigo Márcio, parabéns!
    Grande abraço.

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    1. E são tantos necessitados para tão poucas Marianas, Pedro. Parece que quanto mais evoluímos tecnologicamente, mais regredimos humanitariamente. Vamos no caminho inverso do qual tanto pregamos. E até aonde vamos com isso? Uma pena.

      Um grande abraço e um ótimo fim de semana pra tí e família, Pedro.

      Marcio

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