sábado, 13 de julho de 2013

SEREMOS SEMENTES ENTRE LENÇÓIS

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As certezas, não quero tê-las,
então, se perdê-las,
busco outras.
Talvez a boca,
essa me sirva,
de preferência a tua,
nua, desnuda de intenções.
Alimento ela com sensações,
noções desmedidas,
mas embriagadas de nossa querência.

Essência, essa palavra maldosa,
que nos escapa fogosa e atrevida,
dessa quero me banhar.
O sal, esse do teu suor,
irá me temperar,
me misturar aos teus líquidos,
e me desidratar em ciclos.
Entre laços e abraços,
um nó feito de pernas e compassos,
abertos entre meios lençóis,
atirar as asperezas para cima,
e rimá-las com as palavras mais descabidas.

Será neste diálogo,
entre gemidos sustenidos,
gritados ao pé do ouvido,
que escreveremos nosso ritual.
Um sol nascerá de nós,
e como entre tapetes voadores,
eriçados por corredores de verdes carretéis,
flutuaremos nossos sonhos de mortalidade.

Te buscarei em teu peito,
seio desnudo colado ao meu,
numa fração de tempo futuro,
para te germinar em mim.
Temperos que tanto nos faltaram,
hoje de tão desnecessários,
despencam pelas beiradas da cama.

Será amanhã, no entanto,
que acordados para o novo dia,
refaremos nossos corpos cansados.
E eles, refestelados entre cheiros e odores,
suores, sensações e amores,
deixaram até os deuses desnorteados.

(Marcio Rutes)



Seremos, 

faremos o ventre atropelar estrelas
e todo o resto dissipar por entre
as curvas desse olhar travesso,
desse jeito festeiro 
de me desarrumar 

[por dentro]

Por fora,
essa boca desnuda de todo o pudor,
de cor e suor,
desse verbo delirante,
aconchegante por entre os meios,
por entre os seios
esse ser teu centro,
ser teu dentro
e me (derr)amar a pele,
invertendo a direção de todo o meu suor.

Entre!

Nessa lasciva boca me provando o sal,
esse não querer o mal
por entre os dedos
que nos transmitem (e)terno,
esse belo e
enlouquecido tom.

Sussurros em falsetes
decorrentes,
recorrentes,
sementes
de todo verbo
mal desavisado:
não se desmisture de mim
as tuas águas todas
e dos meus leitos
seja a chave que meu peito esconde
e me inunde de ti,
daquele jeito teu
em mim.

E perto,
sorrir tão certo
quanto
descoberto (v)ir.

Descubra-me na nossa perdição!

Cubra-me!
nesse teu inverno incandescente,
dessa querência destilada
toda a nossa essência indecente
de me verter água de cheiro
no teu se derramar inteiro

[do começo ao fim].

(Interação de Samara Bassi)




Marcio Rutes

3 comentários:

  1. Seremos,
    faremos o ventre atropelar estrelas
    e todo o resto dissipar por entre
    as curvas desse olhar travesso,
    desse jeito festeiro
    de me desarrumar

    [por dentro]

    For fora,
    essa boca desnuda de todo o pudor,
    de cor e suor,
    desse verbo delirante,
    aconchegante por entre os meios,
    por entre os seios
    esse ser teu centro,
    ser teu dentro
    e me (derr)amar a pele,
    invertendo a direção de todo o meu suor.

    Entre!

    Nessa lasciva boca me provando o sal,
    esse não querer o mal
    por entre os dedos que nos transmitem (e)terno,
    esse belo e
    enlouquecido tom.

    Sussurros em falsetes
    decorrentes,
    recorrentes,
    sementes
    de todo verbo
    mal desavisado:
    não se desmisture de mim
    as tuas águas todas
    e dos meus leitos seja a chave que meu peito esconde e me inunde de ti,
    daquele jeito teu
    em mim.

    E perto,
    sorrir tão certo
    quanto
    descoberto (v)ir.

    Descubra-me na nossa perdição!

    Cubra-me!
    nesse teu inverno incandescente,
    dessa querência destilada
    toda a nossa essência indecente
    de me verter água de cheiro
    no teu se derramar inteiro

    [do começo ao fim].

    ---------------------------

    F.A.N.T.Á.S.T.I.C.O!!!

    Repleto de nuances escondidas, de ritmo, de compasso. Um laço inconfudível.

    Beijo meu ;)
    Sam.

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  2. Fiquei encantada com esse "duelo de vozes"... Parabéns aos dois por tão belo momento.Beijo.

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  3. Vcs dois derramam os sentimentos, tocam fundo o coração da gente, elevam o que já nasceu belo, emprestam uma imensa delicadeza àquilo que tratam com a alma transbordante... não tem como não reler vcs, não dá pra não arrepiar - seja juntos ou em separado. Tô aqui... passada e repassada, do avesso e do direito...rs

    Que esse laço inconfundível jamais seja nó, mas que nunca se desfaça!
    Beijo duplo!

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