terça-feira, 27 de setembro de 2022

INCERTEZAS DO UNIVERSO NOSSO DE CADA MANHÃ

 série EMPÍRICA MENTE

reedição


Image by Google

Já parou pra pensar que o seu tudo não te deixa entender que você não é nada?

Talvez, se você quisesse me escutar,
eu te diria das minhas poucas verdades
e das minhas muitas ansiedades.
Então, você relutaria,
e dificilmente casaria suas verdades com as minhas.
Entregaria a um deus qualquer do destino
todos os seus medos e dedos tortos,
aqueles mesmos,
cansados que estão em apontar caminhos a esmo,
ou grotões e abismos por onde você tem se escondido.

Somos tão grandes aqui, não somos?
Mas não passamos de egos submissos de nossas vontades de grandeza,
e cada um desses egos,
arrulha trincas barulhentas das correntes que nos prendem.
Quer saber?
Essas correntes nos desaprendem a tal ponto,
que não percebemos nosso real tamanho.
Enormes aqui,
átomos de poeira na amplitude verdadeira.

Não, não somos uma besteira da criação,
mas nem em sonho somos o umbigo do planetário de um jardim celeste.
Somos, sim, parte de uma cadeia em expansão,
engrenagens parindo ações e reações,
onde o ritmo rangente e irritantemente cadente dessa roda viva
não nos deixa tempo nem opções para desatenção ou lamentação.

Somos poeira a mercê de um vento solar.
Ventania que se volta, reverte-se a ponto de apagar o próprio sol.
Caminhamos para um apagar das luzes da nossa casa/universo.

Você tem medo do escuro?

Marcio Rutes


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8 comentários:

  1. Medo do escuro? Há tanta escuridão atualmente no espaço em que vivemos. Mas o poema me fez lembrar Nicolau Copérnico, Galileu Galilei e até mesmo dom Pedro II. Os dois primeiros foram astrônomos e matemáticos.
    Copérnico, um polonês, que nasceu em 1473, criou a teoria do heliocentrismo, que colocou o Sol, e não mais a Terra, como o centro do Sistema Solar. Bem mais tarde, o italiano Galileu Galilei descobriu as manchas solares, os anéis de Saturno e as estrelas da Via Láctea. Nascido em 1564, Galileu Galilei não só abraçou a teoria do Heliocentrismo, como suas descobertas comprovaram as postulações de Copérnico. É considerado o pai da astronomia moderna. Ué, e dom Pedro II? Ele era um erudito. Patrocinou o conhecimento, a cultura e as ciências em geral, e era um apaixonado pela astronomia. Tudo para lembrar como você o diz no poema que “Somos poeira a mercê de um vento solar. /Ventania que se volta, reverte-se a ponto de apagar o próprio sol. / Caminhamos para um apagar das luzes da nossa casa/universo". Pouco adiantou o papel desempenhado pelo polonês e pelo italiano, o mundo se esboroa. Já não basta transgredir o olhar para que possamos o curso das coisas, mudar a realidade poética do universo em que vivemos tão bem aflorado no seu poema!
    Um abraço,

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  2. Por mais que sejamos nada, fazemos parte dessa engrenagem. E somos necessários para um fim que nem sempre passa pelas nossas mentes. Sabemos que um dia as luzes vão se apagar mas isso não desmerece nosso papel no círculo. Tolice é alimentar a ideia de grandeza e lutar por poder. Nossas verdades conflitam com as dos demais porque ela não é absoluta. E são as divergências que levam a novas descobertas. Tenho que o escuro, em seu texto, tem significado ortográfico diferenciado. Abraço.

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  3. Olá Marcio, vim conhecer o seu blog e o seu trabalho e deparei-me com um poema magnifico, parabéns!!
    Mas o mais lindo foi reencontrar aqui uma velha amiga, a Marilene, que considero uma poetisa e escritora de mão cheia e que deixou um excelente raciocínio sobre os seus versos. Há muito não nos falamos, mas éramos grandes parceiras em nossos respectivos blogs anos atrás...Foi uma grata surpresa!!
    Estou acompanhando seu trabalho a partir de agora!!
    Um grande abraço e um ótimo final semana!

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  4. Marcio,
    Não não tenho medo do escuro.
    Aliás aprecio ficar quieta
    e por minhas ideias na linha
    do meu dia. Aprecio pensar
    no escuro e olhar para o céu.
    Seu texto é recheado de pontos para
    reflexão.
    Adorei esse final: "Somos poeira a mercê
    de um vento solar.
    Ventania que se volta, reverte-se a ponto de apagar
    o próprio sol.
    Caminhamos para um apagar das luzes da
    nossa casa/universo." Marcio Rutes.
    Bjins de boa noite de
    5a feira.
    CatiahoAlc.

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  5. Olá, Márcio, que bela reflexão você fez!
    Já pensei muito sobre isso, penso que somos muito e também não somos nada.
    Muito pelos feitos monumentais em que a mente humana é capaz de descobrir, de inventar, de fazer e de salvar vidas; não somos nada pelo fim que teremos, todos voltaremos para o mesmo "estado" que viemos.
    Então...o que poderei pensar? Fazemos guerras estúpidas, matamos por matar...mas salvamos vidas e mil inventos. Em suma, não somos o umbigo, nada temos para sê-lo. Um dia vão nos parar...
    Gostei muito dessa sua reflexão poética, aplausos!!
    Grande abraço, parabéns, sempre!

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  6. Olá, Márcio, olha, muito obrigada pelas suas palavras tão generosas! Que belo comentário, recebi!
    Agradecendo muito e também aproveito para desejar um ótimo restinho de domingo e uma feliz semana, com muitas ideias, muitas crônicas! Aliás, não leve muito tempo...
    Grande abraço, amigo.

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  7. Oi, Márcio!
    Tudo é relativo e depende do ângulo que se olha. Não tenho medo do escuro do meu quarto, mas tenho medo do escuro do universo.
    Beijus,

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  8. Muito belo o seu texto!
    Realmente, somos pó e ao pó voltaremos... mas também somos Luz, por isso não há que ter medo do escuro :)

    Beijos e tudo de bom!

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