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re-edição
Quando beija-flor
não beija, belisca,
toda cor vira isca
presa na casca da goiabeira.
É fruto de beira,
de ladeira, da menina olhando do lado de lá,
lá daquela cadeira,
com aquela risada dada de bobeira.
Um tribal ornando o olhar
o folhear e o rodopiar,
o requebrar do sorriso,
o vento batendo no umbigo,
arrepiando qualquer sentimento sentido,
consentido com um piscar das mãos
no cruzar dos dedos, que das pernas imitou.
E lá vai beija-flor,
que não beija, belisca.
Atiça esse dançar malicioso
na cintura dela,
da pele alva,
nos pés de cinderela.
E lá vai a menina,
dependurada na janela,
irrequieta, sapeca,
bicando igual passarinho,
bebericando a manhã de mansinho,
mas louca pra voltar pro ninho.
Marcio Rutes
Uma lindeza. Muito me agrada o jeito como constrói, com doçura, seus versos. Sua isca foi lançada com magia. Há poemas que são obras visuais a nos trazer imagens cheias de encanto. Abraço.
ResponderExcluirEste é um poema de encantação: pelo ritmo, pela cadência e pelas bicadas e aromas do beija-flor depois de capturado pelo olhar, pela palavra do poeta. E segue-se a mutação da realidade em realidade. É interessante notar-se a fusão dos tempos: o do poeta e do beija-flor. E como se fundem; não há predominância de um sobre o outro, o que se sobressaia na leitura a escrita, quando verificamos como as palavras ganham pulsações antes inimagináveis.
ResponderExcluirAntes que me perca nestas elucubrações, deixo um abraço, caro Márcio!
Marcio,
ResponderExcluirAcabo de chegar a seu
Blog e já aprecio o que leio.
Lindos versos.
Seguindo aqui vou adorar
receber sua vista no
Espelhando.
Encantada deixo
Bjins de Primavera
CatiahoAlc./Reflexod'Alma
entre sonhos e delírios
Sabe Márcio,
ResponderExcluirSua publicação acontece no
dia de aniversário
de minha mãe.
Ela já nós deixou nesse plano ,
mas sabe que nunca até outro
dia me dei conta que minha mãe veio só mundo em setembro e foi embora no mesmo mês em que nasceu .
Adorei esse seu texto.
Bjins
CatiahoAlc./Reflexod'Alma
entre sonhos e delirios
Boa tarde, Márcio,
ResponderExcluiradorei seu poema pela delicadeza, pela candura e criatividade!
Terminei a leitura com um sorriso no rosto.
Hoje, mergulhados que estamos em guerras e atrocidades tantas,
faz bem uma leitura leve e agradável.
Um abraço e uma ótima semana!