terça-feira, 20 de setembro de 2022

ISCA DE BEIJA-FLOR

image by google

re-edição

Quando beija-flor não beija, belisca,
toda cor vira isca
presa na casca da goiabeira.
É fruto de beira,
de ladeira, da menina olhando do lado de lá,
lá daquela cadeira,
com aquela risada dada de bobeira.
Um tribal ornando o olhar
o folhear e o rodopiar,
o requebrar do sorriso,
o vento batendo no umbigo,
arrepiando qualquer sentimento sentido,
consentido com um piscar das mãos
no cruzar dos dedos, que das pernas imitou.

 


E lá vai beija-flor,
que não beija, belisca.
Atiça esse dançar malicioso
na cintura dela,
da pele alva,
nos pés de cinderela.
E lá vai a menina,
dependurada na janela,
irrequieta, sapeca,
bicando igual passarinho,
bebericando a manhã de mansinho,
mas louca pra voltar pro ninho.

 

 

Marcio Rutes

5 comentários:

  1. Uma lindeza. Muito me agrada o jeito como constrói, com doçura, seus versos. Sua isca foi lançada com magia. Há poemas que são obras visuais a nos trazer imagens cheias de encanto. Abraço.

    ResponderExcluir
  2. Este é um poema de encantação: pelo ritmo, pela cadência e pelas bicadas e aromas do beija-flor depois de capturado pelo olhar, pela palavra do poeta. E segue-se a mutação da realidade em realidade. É interessante notar-se a fusão dos tempos: o do poeta e do beija-flor. E como se fundem; não há predominância de um sobre o outro, o que se sobressaia na leitura a escrita, quando verificamos como as palavras ganham pulsações antes inimagináveis.
    Antes que me perca nestas elucubrações, deixo um abraço, caro Márcio!

    ResponderExcluir
  3. Marcio,
    Acabo de chegar a seu
    Blog e já aprecio o que leio.
    Lindos versos.
    Seguindo aqui vou adorar
    receber sua vista no
    Espelhando.
    Encantada deixo
    Bjins de Primavera
    CatiahoAlc./Reflexod'Alma
    entre sonhos e delírios

    ResponderExcluir
  4. Sabe Márcio,
    Sua publicação acontece no
    dia de aniversário
    de minha mãe.
    Ela já nós deixou nesse plano ,
    mas sabe que nunca até outro
    dia me dei conta que minha mãe veio só mundo em setembro e foi embora no mesmo mês em que nasceu .
    Adorei esse seu texto.
    Bjins
    CatiahoAlc./Reflexod'Alma
    entre sonhos e delirios

    ResponderExcluir
  5. Boa tarde, Márcio,
    adorei seu poema pela delicadeza, pela candura e criatividade!
    Terminei a leitura com um sorriso no rosto.
    Hoje, mergulhados que estamos em guerras e atrocidades tantas,
    faz bem uma leitura leve e agradável.
    Um abraço e uma ótima semana!

    ResponderExcluir