ATENÇÃO
Este conto não é recomendado para crianças.
Contém expressões e/ou frases que podem ser
inadequadas para menores de 14 anos de idade.
Gato de Cheshire
parte 3. UMA ALICE
DESLUMBRADA E UM CHAPELEIRO DE MAU-HUMOR
―Tem certeza, Dorinha?
―o gato de Cheshire estava assustado com a solução da menina. ―Trazer adultos
para cá? Não gosto disso.
Não seria a primeira
vez em que Dorinha levaria um adulto para o Mundo Mágico. Mesmo existindo
alguns empecilhos que dificultavam tal ação, Dorinha parecia ter algum poder
que ultrapassava os limites comuns daquele lugar. E além disso, alguns adultos
também se encantavam com os contos infantis, mesmo provocando estragos quando
estavam dentro de um deles. A Vovó de Chapeuzinho Vermelho e o Lobo-Mau sabiam bem disso.
―Ora, Ches! Não seja
tão regulado. Cadê aquele gato irônico e cheio de 9 horas que eu conheci lá no
conto da Vendedora de Fósforos? Gostava mais de você daquele jeito. Assim como está, mais parece uma hiena azarada e tristonha, como aquela do
desenho do Lippy e Hardy.
―Tá, você me
convenceu. Vamos começar logo com isso, porque o coelho já tá dando com a
cabeça no tronco da Lagarta! Daqui a pouco ele morde o rabo dela, de tanto
desespero e pressa!
Dorinha sentou e se
concentrou. Seria a segunda vez que tentaria fazer aquele encantamento, mas
ainda assim não era algo fácil de realizar. No meio do encantamento, lembrou de
Jujubão, seu cachorro, e pensou que ele poderia ser útil. Então, concentrou-se
nele também. E não demorou para que uma bela jovem se materializasse bem diante
do gato, fazendo-o arrepiar-se todo.
―Caraca! ―comentou o
gato, arregalando os olhos. ―Ela é uma gata, mas não é loira. Não pode ser
Alice!
―Dá um tempo, Ches! ―Dorinha retrucou, empinando o pequeno nariz. ―Se a Alice verdadeira virou
modelo de lingerie, porque não pode ter pintado o cabelo também? E deixa te
apresentar a Samara, minha amiga de outros contos.
―Eu... eu... ―a nova
visitante do mundo mágico ficou sem entender o que estava acontecendo, até que
aos poucos reparou a presença de Dorinha. ―É você, Dorinha? E esse aí
flutuando? Quem é? É o gato da Alice? Ahhhhhhhhhhhh!
Samara soltou um grito
e pulou para perto do gato, agarrando-o e dando um forte abraço. Jogou-o para
cima, apertou suas bochechas e, por último, deu um puxão forte em seu rabo. O
gato tentou correr, mas não conseguiu. Miou, e quando Samara tentou apertá-lo
novamente, ele desapareceu, mantendo apenas o sorriso visível.
―Adooooooro esse gato.
―Ela é louca. Mais
louca do que eu. Tira ela de perto de mim.
Dorinha ria e se
divertia com a cena. Mas algo estava errado. Onde estava seu cachorro, o Jujubão?
A menina olhou ao redor e não viu nada além da floresta que cercava tudo. Até
que, repentinamente, um latido chegou aos ouvidos de todos.
―Jujubããããããão! Vem
cá, garoto. ―Dorinha gritou com toda a força que pode.
Instantes depois, um
coelho apareceu em disparada e passou por todos, levantando poeira. Dorinha
arregalou os olhos, assustada, pois logo depois do coelho, apareceu um
cachorro, também em disparada e quase alcançando o coelho branco. Mas não era
Jujubão.
―Quem é esse cachorro?
―Dorinha perguntou, olhando para o gato e para Samara.
―Sei lá! ―o gato
respondeu, sem dar muita atenção. ―Esses pulguentos, para mim, são todos
iguais.
Samara, no entanto,
foi quem mais se surpreendeu. Quando o cachorro chegou mais perto, ela abriu a
boca e pronunciou alguma coisa, que ninguém entendeu.
―Que foi, Samara? Você
conhece esse cachorro?
―É o Sushi! Mas, o que
ele está fazendo aqui?
―Sushi? ―o gato
estranhou, arregalando os olhos. ―Isso lá é nome de cachorro, mulher? E um
gato, como você chamaria? Sashimi? Cada uma que me aparece.
Não demorou para que o
coelho contornasse uma árvore e voltasse bem para onde os outros estavam.
Quando chegou perto deles, pulou e se atirou para cima do gato, que sem ter o
que fazer, amparou o coelho em seus braços. O cachorro, ainda correndo, também
saltou e abocanhou o que viu pela frente, ou seja, o rabo do gato.
O gato de Cheshire
cerrou os dentes e permaneceu em silêncio. Ficou amarelo, depois roxo, azul e,
por fim, vermelho. Sem poder mais segurar a respiração, abriu a boca e miou de
um jeito esganiçado, assustando o coelho, que tentou fugir, mas não conseguiu,
pois logo em seguida o gato cravou seus dentes no lombo do coelho.
A confusão só
aumentava. Samara tentava puxar seu cachorro, mas ele resistia e não soltava o
rabo do gato. Enquanto isso, Dorinha fazia o possível para livrar o coelho dos
dentes do gato, puxando-o pelas orelhas. O coelho começou a esticar, esticar,
esticar, até que Dorinha escorregou e o soltou, fazendo com que todos rolassem
para perto do casulo que a Lagarta estava fazendo. O gato de Cheshire foi quem
levou a pior, sendo arremessado diretamente para o casulo. A Lagarta, quando
viu aquilo, tentou correr, mas não conseguiu, e acabou levando uma enorme
trombada do gato.
―Socoooooorroooo!
O pedido de socorro
veio da Lagarta, que sem conseguir se segurar, foi arremessada para dentro de
um córrego cheio de peixes esquisitos e dentuços. Alguns segundos depois, ela
saltou para fora do córrego, mas não sem ter virado vítima de um dos peixes,
que saiu junto com ela, mordendo seu rabo.
Tanto Dorinha quanto
Samara correram até ela, pensando em salvá-la. Depois de tudo calmo, Dorinha tratou de
explicar a todos o que pretendia ao ter trazido Samara até o Mundo Mágico. Ela
substituiria Alice na festa, mesmo não tendo os cabelos aloirados. E desta vez,
ela permaneceria com seu corpo adulto, ao contrário do que acontecera da outra
vez, quando ela substituiu Chapeuzinho Vermelho. Mas, mesmo assim, ainda
faltava alguém para assumir o lugar do Chapeleiro.
Foi quando Samara
chamou Dorinha e cochichou algo em seu ouvido.
―Será, Samara? Não
temos muito tempo para tentar outra coisa depois.
―Claro, Dorinha. Ele é
maluquinho igual ao Chapeleiro, meio turrão, abobalhado, um tanto mau-humorado,
e eu amo ele.
Dorinha olhou
seriamente para Samara, e lembrou da primeira vez em que as duas se
encontraram. Samara cultivava, nitidamente, uma criança num corpo adulto, e o
deslumbramento ficava visível a cada vez que se deparavam com algum personagem,
ou uma maluquice qualquer, do Mundo Mágico. E quando isso acontecia, a confusão teimava em se formar.
Será que tudo o que planejaram daria certo? Samara seria convincente e interpretaria uma Alice como aquela que a Rainha de Copas conhecia? E o Chapeleiro? Seu substituto desempenharia bem o papel?
Será que tudo o que planejaram daria certo? Samara seria convincente e interpretaria uma Alice como aquela que a Rainha de Copas conhecia? E o Chapeleiro? Seu substituto desempenharia bem o papel?
―Ai, ai! ―o gato
torceu o sorriso, fazendo um “x” com a boca, e mostrou preocupação. ―Nossos
pescoços estão com as horas contadas. Mas, enfim, aqui é o reino das maluquices
mesmo. Vamos lá. O que vocês precisam que eu faça?
Todos se reuniram bem
perto do tronco da Lagarta e confabularam. Pontos de interrogação e exclamação
começaram a surgir por todos os lados, até que o gato tornou a sorrir.
―É! Gostei! ―o gato
sentenciou. ―É maluco, pode dar tudo errado, mas vai colocar um pouco de
adrenalina nesse povo. Simbóra!
parte 4. A FESTA E
ALGUMAS SURPRESAS “INSURPRESÍVEIS”
―Ele ainda não chegou?
―o Coelho Branco perguntou, tomando de um só gole o suco de cenoura que o gato
de Cheshire havia dado a ele. ―Estamos ferradinhos... hehe... estamos
atrasados, fuzilados. Não. Fuzilados não. Descapi... descabe...
despescoçados... hic. hic. Hic.
Dorinha e Samara
olharam para o Coelho Branco e estranharam. Ele não estava agindo como sempre.
Tanto que sua face, de branca, estava completamente cor de rosa. Quando andava,
trançava as pernas feito bêbado, e assim que viu o Dodô, foi até ele e
tascou-lhe um abraço nada contido. O Dodô, sem entender, retribuiu o abraço, e
acabou sendo carregado pelo coelho para o meio do salão.
―A senhorita dança
essa contra-dança comigo? ―o coelho perguntou, baixando a mão para a cintura do
Dodô.
―Mas não tem música,
coelho! E tem mais uma coisa! Onde você pensa que vai com essa porcaria de mão-boba?
Dorinha arregalou os
olhos e mirou o gato, que sorria desmedidamente.
―O que você deu pro
coelho beber, Ches?
―Ele não parava de
perturbar. Então, dei cachaça de abóbora pra ele. Assim, ele larga do nosso pé.
―Oh, genteeeee!
―Samara chamou pelo gato e por Dorinha. ―Acho bom alguém segurar o coelho. Pelo
que estou vendo, ele começou um “streep tease” em pleno salão. E a Rainha está
para chegar.
―Ai, meu São Valentim
dos Gatos Sem Rabo. Esse coelho vai me deixar mais maluco do que já sou. ―o
gato suspirou e desapareceu, reaparecendo ao lado do coelho.
Instantes depois,
cercada de muita pompa e de seus séquitos, a Rainha de Copas apareceu por uma
porta. Com um simples golpe dos olhos, ela analisou cada centímetro daquele
salão, e como não encontrou Alice e o Chapeleiro, começou a berrar de forma
esganiçada.
―Cortem a cabeça de
todos. Imediatamente. Alice e o Chapeleiro não estão aqui.
―A sua cabeça também,
minha rainha? ―um dos servos perguntou, levando um safanão da rainha.
―É claro que não, seu
tonto! Eu sou a rainha!
O gato de Cheshire, apressado, empurrou Samara e Dorinha até onde a Rainha de Copas estava.
Seu sorriso amarelou imediatamente, e ele tremia tanto que seus dentes emitiam um barulho parecido com o de uma máquina de escrever antiga ao ser utilizada.
―O que você quer, gato
vira-latas? ―a rainha perguntou, enquanto subia nas costas de um dos servos,
que estava de joelhos, para poder alcançar seu trono.
―Vossa Famosidade! Minha querida e tão pestilenta rainha! ―o gato se aproximou o quanto pode da rainha, e apontou
para Samara. ―Alice está aqui. Veja, é ela bem ali.
―Essa não é Alice!
Alice é loira. E quem é aquela outra meio-quilo que está junto?
O gato de Cheshire não
sabia o que dizer. Abriu e fechou a boca várias vezes, até que sem ter mais o
que fazer, olhou para Dorinha e pediu ajuda.
―Bom, sua Majestina!
―Dorinha atravessou-se na conversa, tentando dar alguma ajuda ao gato. ―É claro
que ela é Alice. Só que pintou os cabelos. Vossa Esperteza sabe que nós,
mulheres, não suportamos a mimosisse.
―Mimosisse? Que diabos
é isso, afinal? ―de olhos arregalados, a rainha desceu do trono e foi até
Samara e Dorinha.
―Mesmice, sua
atontalhada. ―o Coelho Branco gritou lá do meio do salão, enquanto tomava outro
copo do tal suco que o gato havia dado a ele.
―Ah! Claro... sim,
sim... eu acho! Sim... eu acho que acho que sim! É, penso que ela é, realmente, Alice. Mas me diga. Se queria pintar os
cabelos, por que não me procurou? Sou representante da Avon e da Jequití, e no
catálogo desse mês tem algumas tinturas ótimas.
Samara e Dorinha se
olharam e não acreditaram. Representante da Avon e da Jequiti?
―A vida anda difícil
por aqui! ―o gato de Cheshire cochichou para as duas.
―E essa tampinha, quem
é? ―a rainha retomou a palavra, apontando Dorinha.
―Ué! Aqui não é o
mundo mágico? ―Samara tomou a palavra, mirando a rainha. ―Ela é a Alice de
ontem. Eu sou a Alice de amanhã. Até parece que não pensa!
A rainha silenciou.
Olhou, olhou e olhou para as duas a sua frente, até que determinou.
―É! Gostei. Duas
Alices pelo preço de uma. Que comecem as festividades pelo aniversário de
Alice. Cadê o Chapeleiro?
Samara, Dorinha e o
Gato de Cheshire se olharam, mostrando surpresa. Aniversário de Alice? Não era
para ser o aniversário da Rainha de Copas? O que estava acontecendo?
―Cadê o Chapeleiro?
Não falei que queria ele como DJ? Cortem a cabeça de todos.
―Nããããããão. Vai com
calma aí, vossa Bestialidade! ―Samara gritou, tentando ganhar tempo. ―Já já o
Chapeleiro chega...
Samara interrompeu o
que falava e afinou os ouvidos. Repentinamente, as luzes diminuíram a
intensidade e uma música bem conhecida de Samara começou a tocar.
“Alice não me escreva
aquela carta de amor...
Alice não me escreva
aquela carta de amor”.
aquela carta de amor...
Alice não me escreva
aquela carta de amor”.
Lentamente, todos
olharam para o grande pedestal que fora armado bem ao centro do salão. Como as
luzes estavam fracas, a única coisa que conseguiam enxergar foi uma vistosa
cartola que se mexia, e também algumas luzes coloridas que brotavam dos
equipamentos de som.
―É ele! Eu sabia que
ele viria! ―Samara comemorou, enquanto o gato de Cheshire suspirou aliviado.
―Ahhh! Essa música é
muito lenta. Eu sou a Rainha de Copas, e quero comemorar como se deve. Toca
alguma coisa pra gente rebolar até o chão, DJ. E que comecem os festejos.
“Segure o Tchan, amarre o Tchan,
segure o Tchan-tchan-tchan-tchan...”.
segure o Tchan-tchan-tchan-tchan...”.
A Rainha de Copas
soltou um sorriso e correu para o meio do salão. Colocou as mãos na cintura e
começou a rebolar, baixando a cintura até quase tocar o chão. Mas parou
repentinamente, como se algo a incomodasse.
―Ninguém vai dançar?
Cortem a cabeça de toooooooooodos.
Em menos de dez
segundos, o salão estava a maior arruaça. Todos olhavam para a rainha e
tentavam imitar seus movimentos. E assim, a festa foi até quase amanhecer, na
maior tranquilidade.
“Garçom
Aqui, nessa mesa de bar
Você já cansou de escutar
Centenas de casos de amor…”
Aqui, nessa mesa de bar
Você já cansou de escutar
Centenas de casos de amor…”
Abraçada a um dos
Valetes, a rainha quase foi aos prantos. Ao ver aquilo, o gato de Cheshire
correu até o DJ e pediu que ele trocasse a música e colocasse algo mais
animado, ou a Rainha poderia ficar depressiva.
“Puta que pariu, pisa no freio Zé
Veja em nossa frente o tamanho do buraco
Puta que pariu, pisa no freio Zé
Se o pé de bode cair, nós vamo tudo pro saco…”.
Veja em nossa frente o tamanho do buraco
Puta que pariu, pisa no freio Zé
Se o pé de bode cair, nós vamo tudo pro saco…”.
Quando ouviu aquilo, a
rainha saiu gritando feito louca, imitando alguém cavalgando. Não demorou e ela
estava “puxando um trenzinho” em pleno salão. Dorinha e Samara, exaustas, foram
até um canto do salão e sentaram, mas não tiveram sossego por muito tempo. Ao
olhar para a grande porta do salão, viram duas pessoas entrarem. Duas pessoas
muito conhecidas.
―Ferrou! ―Dorinha
sentenciou, arregalando os olhos. ―Cheeeeeeees. Vem cá.
A rainha, mesmo
entretida com a música, também notou a presença daqueles dois recém-chegados.
Estaqueou e, sem se aperceber, todos os que vinham atrás dela se amontoaram, um
batendo contra o outro. O DJ, vendo aquilo, parou a música imediatamente.
―Mas, quem são esses
dois falsificados? ―a rainha perguntou, indicando aqueles novos visitantes.
―Imitadores de Alice e do Chapeleiro? Cortem a cabeça deles!
―Imitadores? Tá me
estranhando, coroa? Sou a Alice verdadeira. E esse aqui comigo é o Chapeleiro.
Ficamos sabendo que você tava dando pití, exigindo nossa presença nessa sua
festa maluca. Não tá sabendo que a gente anda super-atarefados? Mas, enfim,
chegamos.
―Se vocês são os
verdadeiros, então quem são essas Alices que estão ali naquele canto? E o
Chapeleiro DJ, que animou a festa até agora, quem é?
As luzes acenderam
gradualmente, e a rainha, ao olhar para o DJ que animava a festa, arregalou os
olhos e abriu a boca, assustada.
―Mas... é uma coruja!
O que essa coruja está fazendo aqui? E essas Alices? Cortem a cabeça de todos.
―Páraaaaaaaaaaaaaaa! ―Samara
gritou, indo até a rainha e encarando-a. ―Só sabe falar isso, é? Cortem a
cabeça deles, cortem o pescoço deles! Muda o discurso. E tem mais. Não falamos
que somos a Alice de ontem e a Alice de amanhã?
―É, falaram! Tinha
esquecido.
O gato de Cheshire
olhava para Samara e tremia. Sabia que a rainha detestava ser confrontada e
contrariada, e algo pior poderia acontecer.
E aconteceu.
Sem que ninguém
esperasse, o Coelho Branco se aproximou da rainha e, sorrateiramente,
beliscou-lhe as nádegas. A rainha, irritada, virou-se e bateu no que viu
primeiro. Mas, para azar dela, o coelho já havia saído dali, e quem levou o
tapa foi outra rainha, a da Branca de Neve, que reagiu imediatamente. Um pouco
mais atrás, as irmãs de criação de Cinderela se divertiam, gargalhando sem
parar, mas em poucos instantes, estavam envolvidas na confusão.
Tanto a Rainha de
Copas quanto a outra não gostaram daquelas gargalhadas, e partiram para cima
das outras três, rolando pelo chão entre tapas, beliscões e puxões de cabelo.
―É brigaaaaaaaaa!
―alguém gritou, no meio da multidão. ―Vamos lá.
Samara e Dorinha
subiram numa das mesas e, sem ter o que fazer, apenas olharam. Sushi, o
cachorro de Samara, saiu debaixo de uma das mesas e começou a perseguir o
coelho. Os dois entraram no meio da confusão, correndo feito doidos, e Samara
foi atrás, sendo imitada por Dorinha.
Instantes depois, o
gato de Cheshire trazia Dorinha, Samara e Shushi arrastados para fora da
confusão. Lá no meio ninguém se entendia. A Rainha de Copas, com a roupa toda
rasgada, subiu nas costas de um Valete e tentava morder a orelha do
Capitão-Gancho, enquanto a Rainha da Branca de Neve dava uma chave de pescoço
no Gênio de Aladim.
Uma torta de limão
passou zunindo pelos ouvidos de Samara, e só parou quando acertou o rosto da
Rainha de Copas. Samara olhou para trás e viu o gato de Cheshire ao lado da
mesa de doces. Um sorriso apareceu na face de Samara, que sem demora, juntou-se
ao gato e iniciou uma guerra de comida. Dorinha, vendo aquilo, correu para
junto dos dois e não ficou parada. Pegou um pote de jujubas e despejou pelo
salão, o que fez com que a maioria dos brigões escorregassem e caíssem sentados.
Gargalhadas tomaram o
ambiente. Aos poucos, tudo foi silenciando, e somente a Rainha de Copas é que
se agitava no meio do salão, rindo desmedidamente.
―Pronto! Ferrou tudo!
―o gato de Cheshire parou o que fazia, guardando uma das tortas num bolso
mágico. ―Ela vai mandar cortar nossas cabeças.
As risadas não
paravam, e a rainha, com a roupa toda rasgada e coberta de suor, foi até onde
Samara e Dorinha estavam.
―Expliquem. Se
conseguirem me convencer, eu vou amar essa festa.
―Explicar o quê, vossa
“Iorgutesa”? ―a pergunta veio de Dorinha, que agora estava diante do gato,
escondendo-o da rainha.
―Iorgutesa? Que trem é
esse?
―Sei lá! Acho que é
rainha do “iorgute”! ―Samara respondeu de pronto, olhando seriamente para a
Rainha.
―Iorgute? Eu adoro
Iorgute! Tragam Iorgute para tooooooooodos. ―a ordem foi gritada pela rainha,
que chegou bem perto de Samara, o suficiente para falar algo que somente elas
ouviram. ―Eu também enrosco nessa maldita palavrinha. Não conta pra ninguém,
tá! Agora, me explique.
―Mas, explicar o quê,
afinal?
A rainha corou, serrando
os lábios e bufando.
―Quem é, afinal, essa
coruja que está lá como DJ?
―Ah! Isso? ―Samara
armou uma cara de desdém, que surpreendeu a rainha. ―Pensei que vossa Maldadesa
fosse mais bem informada. Ele é o DJ Marujo.
―Queeeeeeeeeeeeeeeeem?
―Escuta aqui! ―Samara
retomou a palavra, mostrando um pouco de irritação. ―O Marujo é um dos melhores
DJ’s dos novos contos infantis. Vossa Melequesa não lê Marcio Rutes não?
―Marcio Rutes? E esse agora, quem é?
Conheço não!
―Cáspita. É meu
namorado. E é ele quem desenha e escreve a Família Maruja. Não temos culpa se
vossa Baixesa está tão desatualizada. Sua festa tem o DJ mais disputado dos
contos infantis, portanto, agradeça a nós esse privilégio.
A rainha estaqueou.
Será que ela estava assim, tão desatualizada? Samara e Dorinha, apreensivas,
cruzaram os dedos, enquanto o gato de Cheshire tremia feito vara verde. E mais
uma vez, todos se surpreenderam com as palavras da rainha.
―É! Eu gostei desse DJ
Corujo. Vamos continuar com o aniversário de Alice.
Alguém se aproximou da
rainha e entregou-lhe um papel. A rainha leu e, inesperadamente, sentenciou em
alto e bom som.
―Cortem a cabeça de
todos!
―De novo? Vou dar uma
bifa nessa mulher! ―Samara bufou. ―E agora, vossa Chatesa, o que tá pegando?
―Não é aniversário de
Alice. Então, por que essa festa?
―E por isso precisa
mandar cortar o pescoço das pessoas? E outra coisa. Não é aniversário da Alice,
mas é o meu. Por que não aproveitamos o salão e comemoramos?
―Mas você não é a
Alice do Amanhã? Não deveria fazer aniversário no mesmo dia da Alice do ontem e
do hoje?
Samara parou e pensou.
E agora?
―Bom! É que no amanhã,
vossa Inteligentesa vai estabelecer o dia 15 de agosto como o dia do pastel de
palmito, e como eu adoro pastel de palmito, vou mudar meu aniversário pra
hoje...
Um silêncio aterrador
tomou conta do local. Ninguém ousava soltar um suspiro que fosse, como medo da
reação da rainha.
―Isso aqui tá
parecendo a casa da Mãe Joana, com todos tentando dizer o que eu devo fazer.
Mas gostei disso. Dia do Pastel de Palmito. Dia 15 de agosto. Que seja. E que
fique dito e estabelecido aqui no País das Maravilhas, que todo dia 15 de cada
mês, será comemorado, também, o desaniversário do Pastel de Palmito e de Alice.
E em cada desaniversário, eu quero uma festa como esta aqui, com as 3 Alices e
os 2 Chapeleiros. Agora, solta o som, que eu quero mais é soltar a franga.
O Chapeleiro de Alice,
que a esta altura já estava ao lado do Chapeleiro Marujo, de Samara, não pensou
duas vezes. Tirou do bolso um pen-drive contendo umas mil e quinhentas músicas
e entregou para o outro DJ.
DJ Marujo (Família Maruja) - todos os direitos reservados |
“Sei que eu sou,
bonita e gostosa,
e sei que você,
me olha e me quer!
Eu sou uma fera,
de pele macia,
cuidado garoto,
eu sou perigosa...”.
A festa foi até o
amanhecer. As rainhas, que antes brigavam, agora dançavam juntas, rebolando e
cantando freneticamente. Os dois Chapeleiros se esbaldavam, enquanto o Coelho
Branco se abraçava a um pé de mesa, enxergando tudo dobrado. Os três porquinhos
subiram num palco improvisado e deram um show, imitando o moonwalker de Michael
Jackson, e só foram interrompidos quando Sushi, o cachorro de Samara, resolveu
armar uma correria com eles.
Tudo ia bem, até que
em um dado momento, um enorme bolo foi trazido até o centro do salão. Era o
presente da Rainha de Copas para as três Alices. No entanto, como o bolo era
extremamente grande e nenhuma das três Alices conseguia sobras as velas que estavam lá
pelo meio do bolo, o Lobo-Mau resolveu dar uma força. Aspirou, aspirou, aspirou
e aspirou. Encheu os pulmões até não conseguir mais, e...
Bom, o resultado desse
assopro gigantesco vocês podem imaginar, não podem?
No fim de tudo, um
grande sorriso de gato engoliu toda a cena, devolvendo cada um para seu lugar.
Dorinha ainda chegou a tempo de correr para a cama antes de seu pai acordar,
enquanto Samara precisou ir para o banho, pois estava coberta pelo creme do
bolo que o lobo soprou.
Já em outro canto do
mundo, no nosso mundo real, alguém acordava e ligava seu computador. Uma certa
estória em quadrinhos precisava ser terminada, uma história de corujas.
―Ué! Cadê minhas
corujas que eu tinha desenhado ontem? E o que o gato de Cheshire está fazendo
no lugar do meu personagem. Samaraaaaaaaaaa.
E assim, mais um dia
maluco do mundo mágico terminou. Um dia em que o País das Maravilhas de Alice
pode compartilhar do talento, da beleza, da simplicidade, sensibilidade...
enfim, um dia em que o Mundo Mágico pode dizer FELIZ ANIVERSÁRIO, SAMARA.
PERIGOSA (As Frenéticas) - by YouTube
Marcio Rutes
não copie sem autorização, mesmo dando os devidos créditos.
SEJA EDUCADO (A). SOLICITE AUTORIZAÇÃO.
Vou te contar: essa foi de endoidecer, viu?!
ResponderExcluirFoi de pintar os canecos, pintar o sete, não cortar, mas rodar as cabeçasssss e comemorar com chá de cogumelo. Ah não, tem bebida melhor, não é mesmo?! Tem C.A.C.H.A.Ç.A. D.E. A.B.Ó.Ó.Ó.Ó.B.O.R.A.A.A.A putzzzz .kkkkk
Pra começarrr, Alice modelo de carrrcinhaaaaaaaaaa???
Tava é demorando pra uma tal de Samara ser abduzida pra esse lugar maluco, ela que é tão normal e tãooooo pura rsrs
Até o Sushiiiiiiiiiiii no meioooooooo???
Familia Marujaaaaaa????
E ainda por cima Djjjj??? hehe
Gênio do Aladim?
Branca de 'never'?
Coelhoooo fazendo streep-tease?
Capitão gancho?
Michael Jackson?
affff, uma festa de honra mesmo, ou... da zona hehe
Até parece MESMOOO a casa da mãe Joana! hehehe Sabiaaaaaaaa!!! :p
Agora, Alice representante da avon e jequiti foi de lascarrrr Marcitho.
Que dizerrr do 'palavreado: iorgutesa, majestina, Vossa Famosidadeeeeeeeeee????!!!
Sabe, são tantos e tantos detalhes que se torna impossível descrever cada um, porque a gente se perde e se diverte, a gente se prende por querer ficar sempre um muito mais em cada palavra que você empresta pra nossa literatura, Marcio. E as que você inventa, os neologismos, a forma leve que você escreve porque faz do escrever mesmo essa brincadeira deliciosamente séria. Ahhh, e você sabe como fazer! Você sabe criar mundos mágicos, você sabe dar a vida em cada escrita tua de uma forma fantástica. Eu fico boba, já te falei isso, meu cricrilo!
Eu amo tudo isso que vem de você. Eu amo te ler, te saber, eu amo te inspirar, nem que seja um pouquinho.
Você é um incentivo pra muita, muita gente meu amor. É ainda, a alegria de muitas crianças e também adultos que guardam essa jovialidade bonita por dentro, assim como eu.
Você é o meu orgulho e a minha fonte de inspiração também, além e SeMpre.
São presentes que nem sempre damos conta, mas que nos acompanham e fazem da vida gente um grande e surpreendente festa,
Agoraaaaaaaa uma coisa: se o marujo tocar novamente é o tchan ou algo similar, estará despedido!!! Porque essa foi pacabááá. Morriiiiiiiiiiiii!
Ah simmm... Se eu fosse a Samara, mas como não sou, porque eu sou tãooo frágillll... Se eu fosse a Samara eu acabava com as gracinhas dessa rainha ( aliás, é rainha falsa, pq a verdadeira tem rainha até no nome do meio rsrs) porque vou te falar, ô mulherzinha chataaaaaaaaa... Nada de cortar a cabeça... eu cortaria era a língua dela pra começar! hehehe
Eiiiiiiiiiii, eu amoooooooo vocêeeeeeeeeeeee, meu arteiroooooooooooo!!!! Ameiiiiiiiiiiiiiiiii essa festaaaaaaaaaa e o meu presente, além de me divertir com esse presentão que me soltou risos e gargalhadas... foi ter ganhado você na minha vida!
Te amooooo amor
Meu coração agradece, SeMre!
Sua Sam.
Samara Bassi.