ATENÇÃO
Este conto não é recomendado para crianças.
Contém expressões e/ou frases que podem ser
inadequadas para menores de 14 anos de idade.
CAPÍTULO 1
parte 1. ME EMPRESTA
A DORINHA
―Papai, ainda tem
“iorgute”?
Um sorriso apareceu na
face daquele homem ao escutar a palavra pronunciada erroneamente pela filha.
Muitos teriam corrigido imediatamente, mas ele sabia que as crianças não
precisam ser tão certinhas, e que também aprenderiam cada coisa no seu devido
tempo. Olhou-a e, depois de colocar um marcador de páginas no meio de um grosso
livro, respondeu sua pergunta.
―Só um minuto, mocinha
que adora “largatichas”! Vou pegar o iogurte na geladeira.
O pai de Dorinha
levantou de onde estava e foi até a geladeira, abrindo-a e esticando a mão para
apanhar o iogurte que a filha pedira. Estava tão entretido na história que lia
para a filha que sequer reparou que dentro da geladeira existia um coelho, e
que fora justamente ele que entregou o laticínio em sua mão.
―Grato, meu amigo.
―Por nada! ―respondeu
o coelho, tremendo de frio. ―O senhor teria um cachecol para me emprestar?
―Sim, claro! Já trago
um bem quentinho para você!
Ele fechou a geladeira
e foi até onde a filha estava, depositando o iogurte bem diante dela.
―Com quem você estava
falando, papai?
―Com o coelho branco
que está na geladeira. Espera só um pouquinho que vou buscar um cachec... ―ele
estaqueou, empalidecendo, e retornou apressado até a geladeira, abrindo-a.
―Cadê meu cachecol?
Estou com muito frio aqui, sem contar que estamos atrasados. A Dorinha está?
―Quem é você? E o que
está fazendo na minha geladeira?
Sem que o pai
percebesse, Dorinha se aproximou e logo reconheceu o coelho.
―Papi! Esse é o coelho
da Alice. Não está reconhecendo?
―Coelho da Alice? Que
Alice, minha filha? E que porcaria é essa? Coelhos não falam.
O coelho,
inesperadamente, segurou Dorinha pelo braço e puxou-a para dentro da geladeira.
O pai, boquiaberto, pouco pode fazer diante da velocidade com que o coelho fez
aquilo.
―Não se preocupe! ―o
coelho comentou, puxando a porta da geladeira para fechá-la. ―Devolveremos sua
filha assim que for possível, e de banho tomado! Fui... digo... fomos.
A porta da geladeira
fechou, mas não foi o que aconteceu com a boca daquele homem, que permaneceu
escancarada. Ele não sabia o que dizer, ou sequer o que pensar. E tomou o maior
susto quando, abruptamente, a porta da geladeira abriu novamente e o coelho
reapareceu.
―Ah! Esqueci. Isso é
um sonho e você está dormindo em sua cama. Portanto, volte para lá e termine de
dormir. Quando acordar, verá que tudo está tão normal quanto sempre foi. E
agora eu fui, porque estou atrasadooooooooooooooo!
A porta da geladeira
fechou novamente. O pai? Bom, ele rodou nos calcanhares e tomou o rumo das
escadas. Instantes depois estava em sua cama, coberto até o pescoço e dormindo
como uma criança.
Enquanto isso...
parte 2. POR QUE ESTÁ
TUDO ESCURO?
―Esperaaaaaaaaaaa!
―Dorinha gritou, enquanto era literalmente arrastada pelo coelho. ―Dá pra me
dizer o que está acontecendo?
―Depois a lagarta
conta. Agora não dá tempo. Estamos atrasados demais. E tem uma maluca querendo cortar as cabeças de todos os que vivem aqui no reino.
Dorinha ouviu aquilo e
começou a ligar as coisas, enquanto escorregava com o coelho por uma espécie de
túnel escuro. Primeiro, o coelho branco de Alice. Depois, ele diz que está com
medo de que alguém corte seu pescoço. Só poderia ter acontecido algo de muito
sério no mundo mágico. E desta vez era no país das maravilhas de Alice. Para
complicar ainda mais, seu fiel companheiro Jujubão não estava com ela. Algo não
cheirava bem.
―Pronto. Chegamos.
O coelho parou por
alguns instantes e Dorinha aproveitou para respirar e olhar ao redor. Mas, que
lugar era aquele? Era tudo tão escuro e sem vida. Ela não lembrava de nada
assim nas histórias de Alice. O que teria acontecido?
Não teve muito tempo
para admirar o local. O coelho segurou novamente seu braço e saiu em disparada.
Ele correu tanto que Dorinha começou a esticar. Enquanto parte de seu corpo já
estava lá na frente, as pernas e os pés ainda estavam plantados ao chão, lá atrás.
Até que, magicamente, os pés se soltaram do chão e seguiram com o restante do
corpo, que era arrastado pelo coelho. Depois de algum tempo, e de muitas curvas entre
as árvores, o coelho parou. Dorinha estava zonza, e quando olhou para trás,
teve a impressão de que seu corpo estava tão comprido que fazia uma espécie de
trançado entre as árvores.
―Aqui está ela! ―o
coelho sentenciou, jogando-se ao chão para descansar. ―Agora é com você, lagarta.
Dorinha ainda admirava
seu longo corpo. Ele encolhia aos poucos, até que voltou ao normal. Ela, que
deveria ter se assustado com aquilo, sorria. Sabia das maluquices que
aconteciam ali por aquelas paragens. Então, colocou-se em pé
e, ao se voltar para o coelho, deu de cara com a grande lagarta azul e seu
cachimbo de água.
―Olhaaaaa! A largata da Alice! Sabe que eu nunca gostei muito de você, dona largata? Sempre te achei
meio “cheia de querer”. Mas, mesmo assim, é um prazer te conhecer.
A lagarta, sem
entender o que a menina quis dizer com aquele “cheia de querer”, deslizou de
onde estava e ficou frente a frente com a visitante, medindo-a de cima abaixo.
Torceu o nariz quase inexistente e resmungou alguma coisa, que ninguém entendeu, e voltou para
cima de seu tronco.
O coelho ficou
desesperado. Tanto empenho e, ao que tudo indicava, foi tudo em vão.
―Vamos dar uma chance
a ela! ―o coelho implorou para a lagarta. ―É nossa única opção.
―Por favor! Vocês
podem me contar o que está acontecendo aqui? No que eu posso ajudar?
Dorinha perguntava,
mas não obtinha respostas. A lagarta e o coelho tagarelavam sem parar, mas
sequer davam atenção para a menina. Até que ela, irritada, soltou um berro.
―Cheeeeeeeeees, eu sei
que você está por aqui, gato danado! ―ela berrou, chamando por Cheshire, o gato
de Alice. ―Pode tratar de aparecer aqui. Agoraaaaaaaaaaa.
Os outros dois pararam
com o falatório e olharam para a menina, assustados. E bem perto deles, uma
boca cheia de dentes foi se formando. Era a aparição preferida do gato, mas
algo estava diferente. A boca representava um sorriso de cabeça para baixo,
em forma de uma boca triste. Um pouco depois, a cabeça do gato estava
completamente visível, e Dorinha logo percebeu que ele estava realmente
tristonho.
―O que foi, Ches? Que
tá pegando por aqui? Foi você que aprontou alguma coisa, seu peste?
―Antes fosse, Dorinha!
―o gato respondeu, mantendo o olhar baixo. ―É a Rainha de Copas. Ela quer dar
uma festa de aniversário. E exige a presença de Alice e do Chapeleiro nessa
festa. Quando ela soube que eles não poderiam comparecer, ameaçou cortar a
cabeça de todos que moram aqui no reino. Usou o livro mágico para escurecer
tudo, e falou que temos até o dia 15 de agosto para dar jeito nisso, ou não
existirá mais País das Maravilhas.
―Ué! Ela quer fazer um
“desaniversário”? É isso? E onde estão o Chapeleiro e a Alice?
A lagarta bufou e
desceu novamente de onde estava. Descarregou um olhar irado sobre o gato e, com ar de
arrogância, aproximou-se de Dorinha. Todos sabiam que a dita lagarta não era de falar muito, preferindo palavras curtas e irritantemente diretas, mas não foi o que aconteceu quando ela começou a tagarelar.
―O Chapeleiro está
fazendo um curso de funileiro. Parece que está querendo mudar de profissão.
Disse que essa coisa de estilista cabeçal não é mais pra ele. Faz uns três meses que
está lá pelos lados da oficina do Gepeto, que também mudou de profissão e agora
é serralheiro. Já a dondoca da Alice resolveu fazer uns bicos de modelo e
agora, nas horas vagas, desfila pra grife que a Bela Adormecida montou. As duas
estão promovendo a semana da lingerie lá no reino das Mil e Uma Noites, e não
têm data para retornar. Sei que eu deveria ser monossilábica, mas isso é pra
acabar com qualquer “monossilabismo de lagarta”, não é? Perder a cabeça porque
um chapeleiro quer alisar ferro e uma dondoquinha quer mostrar a calcinha por
aí? É pra acabar! Cansei. E vou dormir.
A lagarta empinou
aquilo que parecia ser um nariz e voltou para a árvore. Entocou-se e, sem
pressa, começou a tecer um casulo, como se estivesse pronta para hibernar.
Dorinha, de boca aberta, olhou para o coelho, que apenas balançou os ombros e
apontou para o gato. Este, por sua vez, fez aparecer um enorme sinal de
exclamação sobre a cabeça.
―Essa é a história,
Dorinha. ―comentou o gato, sem sua ironia costumeira. ―E quanto ao aniversário
ou desaniversário, sequer sabemos do que se trata. A Rainha havia extinguido
isso faz muito tempo. O que sabemos é que ela exige a presença de Alice para as
comemorações, e do Chapeleiro para ser DJ da festa. Diz que você pode ajudar a
gente, diz?
―Sim, eu posso. Mas
vocês vão ter que fazer algumas coisas. Sozinha eu não consigo.
O que era uma boca de
tristeza logo se transformou num largo sorriso na face do gato. Inesperadamente, o
restante do corpo do gato apareceu, e um telefone celular em estilo smartphone materializou-se
em sua pata.
―Alooooooouuuu! ―o
gato falou prolongadamente assim que notou que alguém havia atendido do outro lado da linha.
―Tweedledum, pode avisar seu irmão, o Tweedledee, que ele já pode falar para o
Valete comunicar a Duquesa que ela pode enviar um e-mail para o Dodô,
confirmando para a a a a atchiiiiim... (pausa para limpar o nariz) a Rainha de
Copas que está tudo certo. O quê? A ligação está ruim. Fala mais alto, seu
nanico! Nãããããão, seu tonto. Não sou eu que falo muito rápido. É você que escuta muito devagar. Como assim, o que está confirmado? A Alice e o Chapeleiro estarão na
festa de aniversário da rainha, seu mané!
O gato desligou o
telefone e ficou observando o céu. Dorinha, sem entender, fez o mesmo, e em
alguns minutos, tudo estava claro novamente.
―Caraca, que lugar
lindo! ―Dorinha abriu um sorriso, completamente espantada.
―Mas, me diga,
mocinha. Como você pretende trazer o Chapeleiro e a Alice para esta festa, se
eles já falaram que não pretendem vir por nada deste mundo?
―Mas, e quem disse que
eu pretendo trazer os dois, Ches?
―Não entendi! E já
estamos atrasados com isso. A festa é na sexta-feira! ―o coelho comentou, interferindo na conversa e mostrando certa aflição.
―É simples. Vamos
substituí-los. E eu tenho as pessoas certas para esta missão.
Fim do primeiro capítulo.
Aguarde. Capítulo final no dia 15 de agosto.
Marcio Rutes
não copie sem autorização, mesmo dando os devidos créditos.
SEJA EDUCADO (A). SOLICITE AUTORIZAÇÃO.
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk ahhhhhhhhh bom demaissssss voltar aquiiiiiii amor e me divertir com essa história mais que maluca, tantan como eu e você! rs Essa zona de personagens e a forma como desenrola a história só você faz, só você!
ResponderExcluirEuuu ameiii essa coroa, Sr. meu Chesss..., quer dizer, Sr. meu gato! hehehe :D
Dorinha se deu bemmm viu, porque doidinha e curiosaaaamente peste do jeito que ela é, está se sentindo mesmo é muito mais que no pais das maravilhas, está é no paraíso.
(psiu, vem cá! cá entre nós, o 'iorgute' foi sacanegem sua rsrs)
Agora falando sério, quero dizer, mais sério ainda... essa mistureba de histórias é de deixar qualquer um de queixo caído, tamanha é a sua 'enroscadez' e a fluidez com que acontece, com que é tecida e da forma que você nos prende e mais, amor, nos fascina. Cativa o riso de um jeito tão verdadeiro.
Ondeeeee, em qual munnndoooo o chapeleiro estaria fazendo um curso de funileiro (só sendo maluco mesmo) e o Gepeto, serralheiro?
Ei, Smartphone na pata???
Eis a globalização hehehe
Mas esse gatooooooooooo é mto meu amigo mesmo! Mas é frescooo e metidooo srrs
"- Alouuuuuuuuuuuuu" foi de matarrr hehehe Gameiiiiiiiiii
Bommm, depois do 'largata' que também foi pra sacanear que eu sei rsrs, só me resta aplaudir mais e mais o seu talento meu amor e aguardar essa festa que vai bombar de surpresas e gargalhadas.
Ameiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
Te amooooooooooooo
Samara Bassi