Nem sempre um “É” ao contrário é somente uma letra do avesso. Por vezes, um “É” ao contrário pode ser um “NÃO”.
A antecipação inconteste
veio juntamente com a subversiva voz rouca e demente do peito.
―“É”! ―disse o peito,
todo esfarrapado das quedas e derrotas. ―Eu não sei o peso do chão, mas ele
sabe o meu, por certo. E sabe também da cor do meu sangue. Sabe da dureza de
meus gemidos sempre que esfolo junto com a boca. “É”! O chão é duro, e estou
cansado dele.
O pior não é o gosto
salgado do suor. O pior é sentir o suor amargar com o salgado da lágrima.
Azeda-se tudo. E não, não farei salada com os pepinos da vida, pois cansei de
mastigar coisas insossas. Quero é beber vinho do bom.
―“É”! ―tornou o peito.
―A verdade é que apenas querer não basta. O avesso da letra é o inverso da
palavra.
Acho que estou dormindo, e sonhando. Mas nem em meus sonhos me deixam quieto? Que quer então? A
decisão não basta?
―“É”! ―aquele chato do peito falou novamente. ―Não, não basta. Decisão sem ação, é como reação cheia de
omissão. É preciso determinação.
Cara irritante. E
justo nessa hora? No instante em que sonho com meu bem querer, e em cenas
censuráveis para olhos que não acatam lá muito bem a obscenidade de meus
devaneios.
―“É”! ―lá vem o peito
de novo, e vou dar uma porrada nele logo, logo. ―Torça para ter uma única
letra do avesso, pois se outras vierem, sabe-se lá quanto mais de mal agouro tua vida
vai abraçar.
Desaparece do meu sonho. Me deixa quieto. Amanhã eu expurgo a dor, e tomo chá de compromisso. Mas agora, da pra dormir junto com teu dono? Eu, no caso!
―“É”! ―falou, e aquietou-se.
Ei, peito! Volta aqui, pra gente conversar mais um pouco. Perdi o sono.
Desaparece do meu sonho. Me deixa quieto. Amanhã eu expurgo a dor, e tomo chá de compromisso. Mas agora, da pra dormir junto com teu dono? Eu, no caso!
―“É”! ―falou, e aquietou-se.
Ei, peito! Volta aqui, pra gente conversar mais um pouco. Perdi o sono.
É! Esse chato tá
certo. Mas, com tanta coisa nesse mundo pra ilustrar meu sono, por que cargas d’água
eu tenho que sonhar justamente com um “É” ao contrário?
Marcio Rutes
não copie sem autorização, mesmo dando os devidos créditos.
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É!
ResponderExcluirTantas vezes já te disse desses devaneios sem presunção, sem areias movediças nas mãos. Porque quando anoitece, meus sussurros são morcegos em busca de uma fresta de luz.
É!
Tampouco é esse verso desaguando um mediastino sem pudor, sem beiradas de nãos e outros idiomas.
São estradas sorvendo todos os restos e pouco a pouco todas as lágrimas que cristalizam nos olhos, montanhas de talvez.
É!
deixa desse monólogo meio disfarçado de desventura e vem pra cá que te costuro a sua boca na minha.
Trilhando caminhos escuros, minhas mãos são de qualquer caligrafia, o meu espato todo carregado na minha nudez sombria e ébria de solidão, sempre à meia noite.
É!
todo vento é açoite sem braços pra se envolver.
E o sal do suor vertido é mais que bebida destilada visceralmente de um sangue que não se envenena, nem remedia. Que não se dissolve... só nos consome!
Mas, não é que essa conversa toda não vai nos levar a nada e para ninguém?!
Então, deixa de léro que te quero sem distorções santificadas e o que vale é a mundana forma de te destilar na saliva, as minhas contradições inteiras das tuas monossílabas.
Ameiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!
Ameiiiiii o efeitooo tudo tudo tudo!
Showww meu amorrrrrrrrrrrr.
Sam.
É bom de letra! Contrário tem não. Certeiro, criativo. Valeu!
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