domingo, 8 de julho de 2012

RETALHOS DE CETIM

Esclarecimento:


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Ficarei ausente dos blogs durante alguns dias e, consequentemente, do convívio com os amigos que tanto prezo.
Tal fato deve-se a uma pane generalizada em meu notebook. Ele, por "incertezas existenciais", bancou o safado e resolveu se rebelar, apagando-se para o mundo. Mas tudo bem, pois não há nada que um bom técnico não resolva.
Não sou dado a utilizar equipamentos emprestados, portanto, minha presença no mundo virtual será mínima por esses dias.
Só me ressinto dos arquivos que estão presos lá, com o desnaturado notebook. Muito do meu passado está lá, em seu disco-rígido.


E já que falei em arquivos e registros, que tal falarmos um "cadim" sobre passado?

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RETALHOS DE CETIM


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Recordar o passado e buscar nele elementos para viver o presente. Alguns criticam, enquanto outros até concordam que pode ser algo salutar. Quanto a mim, posso garantir que não tenho o pé plantado no passado, mas algumas coisas me acompanham sempre, por onde quer que eu vá, e não abro mão delas.

Certas pessoas têm o péssimo hábito de referendar tudo no passado. Se estão bem, é porque plantaram boas sementes, o que é bem provável. Mas se algo vai mal, vivem fuçando canto no que está lá atrás, procurando alguma coisa ou algum evento para descarregar a culpa da situação presente. Essas pessoas não são capazes (ou não querem) de admitir que, muito mais do que arranjar culpados, precisam sanear a situação de forma imediata e preventiva, para que mais adiante, tal coisa não torne a acontecer. Querem única e exclusivamente arranjar algo ou alguém em quem descarregar as premissas de erros que elas próprias podem ter iniciado. É ainda pior quando essas pessoas nada tem com relação à situação, mas mesmo assim vão lá, remexer o que está quieto e enterrado. Ou são masoquistas procurando alguma coisa para sofrer até pelo que não lhes diz respeito, ou são sádicos tentando fazer alguém relembrar o que já esqueceu.

O passado tem muita coisa boa guardada e que vale a pena ser lembrada. A saudade é algo que anda conosco sempre, e se sentimos saudades de algo, é porque tal coisa foi boa. Não sentimos saudades daquilo que não nos apeteceu ou de algo que nos fez mal. Desde o gosto daquele vinho, das notas daquela bela música, do suave sabor de um beijo, do cachorro que se foi, do vento morno na orla marinha, do gibi que líamos nas tardes de chuva enquanto crianças, das traquinagens de um fim de manhã enquanto voltávamos da escola, do friozinho da geada (somente para quem gosta), das viagens feitas nas férias, das noites de farra enquanto adolescentes, dos amores, das dores do parto (algumas mulheres gostam, enquanto outras...), do primeiro sorriso do filho, do filho dizendo “mã-mãe – pa-pai”, e também do... Deus do céu, tem tanta coisa boa pra ser lembrada, vista e re-vista, que fico abismado quando alguém só busca fatos ruins no passado.

Mesmo que a música RETALHOS DE CETIM (Benito Di Paula) tenha marcado uma passagem um tanto triste em minha vida, guardo esse momento com certo carinho. Foi um marco, um instante em que parei e fiz um balanço sobre tudo o que acontecia e o que viria, e posso garantir que a perspectiva não era nada boa ou motivadora. Difícil não é achar culpados, mas sim assumir quando a culpa é sua e, ainda mais, fazer algo para que aquilo tudo se modifique de tal forma a não ferir mais ninguém além daqueles que já estão machucados. Precisei fazer e fiz. Hoje, ao relembrar dessa passagem, não sinto remorso ou culpa, mas sim orgulho das atitudes que me foram tão complexas e necessárias naquela época.

O passado é um vento que sopra por nossas costas, sussurrando em nossos ouvidos tanto a aragem tranqüila e quente de um passado que nos alegrou, quanto o minuano que gela o pescoço e arrepia a alma, trazendo as dores que existiram e que devem ser lembradas com sabedoria e sensatez. Não é preciso esquecer o que foi ruim ou aquilo que prejudicou de alguma forma a nós ou a alguém próximo, mas há que se saber manter isso num lugar em que não volte a atingir mais ninguém. Passado é passado, e ele tanto pode ajudar a melhorar o presente quanto destruir os sonhos futuros.  Alimentar agonias e dramas não é salutar, pois o que vale é ser feliz. Para tanto, se o seu passado não tem momentos felizes para relembrar, comece a criar esses momentos agora para relembrar depois. O tempo passa rápido, não é?

Retalhos de Cetim (Benito Di Paula) - by YouTube

MarcioJR

7 comentários:

  1. Tantas lembranças temos do passado. mas temos que lembrar que o dia de hoje, amanhã já será passado. Então, simbora fazer coisas legais pra poder lembrar... abração e tomara teu computador se reanime,srrs chica

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  2. Meu querido Márcio,

    Esta música me trouxe recordações bonitas...mas não me prendo ao passado,só gosto de rever as belas lembranças.Culpar-me ou culpar alguém por algo que ficou no passado?Nem pensar.

    Olha,Márcio,meu notebook também esta cheio de piripaques,mas já consultei meu filho,meu guru nestes assuntos,e ele já me garantiu que não perderei nada do que está "armazenado"nele.Terei que comprar outro pois este está com um super aquecimento no COOLER.Creio ser uma moléstia grave.Espero que o seu se recupere.

    Linda a sua crônica,amigo,como tudo que escreve,aliás.

    Bjssssss,
    Leninha

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  3. Oi!
    Espero que não ausente-se por muito tempo.
    Gostei muito da música,apesar de não ser meu estilo,as letras das canções de Benito são muito boas(...mas não conheço muitas).
    Teu texto,como sempre,muito bem apresentado.
    Felicidades e até a volta,estou por aqui apesar de não comentar muito.

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  4. Muito bela esta tua crônica, meu querido Marcio. Bela e enriquecedora, pois nos leva à reflexão sobre um vivido impossível de ser resgatado, senão que pela memória, apenas. E muitas vêzes o passado nos vem em forma de saudade.

    E, como bem disseste, a saudade está sempre ligada às nossas experiências mais agradáveis. É difícil ter saudade de dias tristes, de circunstâncias que nos foram dolorosas. Porém, mesmo com essas, acontece por vêzes que a nossa vontade de "retornar ao local do crime" (*rs) sai pelas ruas da memória até encontrá-las,. No fundo, é porque as experiências que nos marcam, essas ficam escritas de forma indelével em nosso espírito.

    Curioso que, quando li o título da crônica, estava longe de imaginar que se tratasse do título de uma música. E mesmo após ter lido os três primeiros parágrafos do texto, eu jamais suporia o mesmo. No entanto, tuas reminiscências, meu bom amigo, mesmo que tão pessoais, não deixam de ter uma dimensão universal quando pensamos que elas, de algum modo, também são nossas. A memória coletiva da raça humana é feita de coisas assim, como as que tão belamente descreveste. A boa saudade pode trazer boas inspirações, com certeza, porém não devemos fazer morada nela e nem nas reminiscências. Vê-las de passagem, apenas, fazer uma visita de médico. Pessoas que vivem enclausuradas no passado, infelizmente perdem a noção do presente. E o presente é o que conta, quer queiramos ou não. Afinal, como dizia aquele poeta, "a saudade não resgata o que ela exuma".

    Meu irmão, quero lhe deixar aqui a minha solidariedade junto à minha maior esperança de que esses teus preciosos arquivos possam ser recuperados sem problemas e integralmente. Há mais de 15 anos, uma pane informática enviou ao passado preciosos arquivos meus preciosos. Perdi-os para sempre. Desde então, eu persisto no hábito de fazer back-ups em um disco externo, todos os dias antes de desligar meu computador. Se não é 100% seguro, é, com certeza, altamente seguro. E mesmo os arquivos mais importantes, eu os copio ainda em CD-ROM ou DVD.

    Parabéns pelo texto, querido amigo! e no aguardo de tuas alvíssaras, dentro do mais breve possível, deixo aqui o meu forte abraço, com meus votos de uma bela semana.

    André

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  5. O problema do passado é ficarmos agarrado a ele, escrutinando, indefinidamente, erros e acertos.
    Não dá para ser assim, não podemos correr o tempo inteiro atrás do nosso próprio rabo.
    Chega um dia em que algumas páginas precisam ser viradas, que alguns arquivos precisam ser arquivados e que algumas lembranças precisam ser amainadas.

    Agora, quanto ao teu NOTE, estimo melhoras... De repente, é só uma marolinha...rssss

    Beijocas!!!!

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  6. Eu como um bom saudosista só posso lhe dizer: delícia de texto, Márcio.

    Costumo dizer também por prazer do ofício que o historiador é um cara que dá um presente ao passado, com todos os trocadinhos a que tiver direito.rsrs.

    O passado é história de vida que não há que se desvencilhar se queremos ter identidade, ter "liga" nos sentimentos que vão nos acompanhando na trajetória . E como disse a Isabel Allende, não é o culto à memoria que nos faz prisioneiros do passado e sim a perda dela.

    Bom demais, querido amigo. E espero que consiga resolver seu problema da forma menos traumática possível, pois para mim, hoje, perder o que tenho escrito no computador, seria um trauma de consequências psicológicas imprevisíveis.rsrs.

    Grande abraço e breve regresso.

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  7. Ah, como eu vivi amigo esta bela epoca,com amores e desamores, uma cabeça cheia de sonhos que hoje os vejo realizados.Gosto de viajar nas musicas que me levam à reflexões olhando num retrovisor.
    Maquinas e suas surpresas,mas sempre tem um truque para recuperar um HD.Muito curioso eu faço algumas bruxarias na informtica e assim ja recuperei fotos e documentos que julgava perdidos.
    Meu terno abraço.
    Fica na paz e com Deus no comando.

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