quinta-feira, 5 de julho de 2012

MAL-HUMORADO? EU?

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Para um fim de semana perfeito, uma segunda-feira complicada. Uma dorzinha no estômago, que durante algum tempo (dois meses) foi chata, agora anda terrível. Adia daqui, atrasa de lá, e não teve jeito. O mal humor se instalou ao lado da dor, e a cabeça reclamou. Hora de ir ao médico.

Muitos dizem que “homem, no Brasil, não vai ao médico”. Por que será? Eu tenho lá meus motivos. Vejamos. A classe média, no Brasil, passa por alguns perrengues. Primeiramente, a questão do tempo, pois quando não estou tentando ganhar dinheiro (e gasto um tempão nisso), acabo usando meu tempo para pagar as contas, e só quem enfrenta fila de banco para saber o tempo que se perde com isso. Depois, saúde pública é um suplício, ficando até mais fácil nascer de novo sem a doença do que tratá-la. Se for para aderir a algum convênio médico, o brasileiro tem que aderir a outro convênio também, algum que forneça advogado, pois, cedo ou tarde, você vai querer processar o primeiro convênio. Restou, então, o médico particular. E como são caros aqueles quinze minutos de consulta!

Recomendaram-me um médico muito bom, Dr. LAVANDEIRA. Tudo bem, um nome diferente, mas vi encrenca adiante. Seria fácil errar o nome do cidadão. Deixando isso de lado, marquei um horário. Fui muito bem atendido, de forma rápida e, meia hora depois, já estava fora do consultório, com a receita médica na mão. Passei pela farmácia e, como trabalho em casa, me apressei para tomar logo aquele dito remédio. Por sorte, tenho mania de ler tudo o que vejo pela frente, até papel de bala. Quando estava para tomar o remédio (com um nome bem esquisito), leio a seguinte recomendação na bula: “pingue sobre o calo e...”. Ops, remédio errado.

Retornei à farmácia e mostrei o receituário para a pessoa que me atendera antes. Minha intenção era, unicamente, sanar aquele pequeno problema de troca de remédio, mas ali começou meu calvário. Ninguém entendia os garranchos contidos naquele pedaço de papel. Fizeram até “junta” de funcionários para tentar ler (que bondade a minha; o termo correto seria “decifrar”) aquilo. Decepcionado, fui parar numa segunda farmácia, e se não cuido, saio de lá com remédio para urticária. Numa terceira farmácia, me falaram que não trabalhavam com medicamentos de uso veterinário.

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Quando já estava para desistir, e quase chegando à lavanderia, digo, ao consultório do Dr. LAVANDEIRA, reparo uma grande farmácia logo adiante, em outra esquina. Bom, não me custaria nada tentar uma última vez, e fui até lá de forma apressada. Entreguei o receituário para o atendente e, quando reparei que ele virou o papel de cabeça para baixo para tentar ler, tomei o receituário da mão dele e desisti. Fui para o consultório do médico, e diga-se, com um péssimo humor.

Ao explicar para a recepcionista o meu problema, ela teve a petulância de me dizer que, além de ter que marcar novo horário, eu precisaria pagar por tal coisa. Como prefiro manter minha postura aqui, não repetirei os trechos dos próximos dez minutos de conversa que mantive com ela. Ao final disso tudo, consegui que ela interpelasse junto ao médico para que, finalmente, eu pudesse sair dali com o nome do remédio.

Resumo da ópera: depois de quarenta e cinco minutos, saí daquele consultório. O médico precisou me consultar novamente (de graça, logicamente), pois sequer ele conseguiu entender o que estava escrito naquele receituário.

Marcio JR

15 comentários:

  1. rsssssss...Muito legal e divertida( porque não é comigo,srs) E as letras deles são HORROROSAS mesmo...Um PERIGO!!! abração,tudo de bom,chica

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  2. Só vc mesmo, Márcio para me arrancar umas risadas logo cedo... Remédio veterinário!!!! kkkkkkkkkkkkk
    E é verdade, a classe média ou está trabalhando ou pagando conta, e como deus não alivia nessas horas, vez ou outra fica enrolado nos garranchos desses médicos.Já faz um tempo que não pego nenhuma receita escrita a mão, o que é um perigo... Geralmente eles digitam e imprimem.Ainda bem!!!Mas vai saber se eu não tomei algum remédio veterinário e nem percebi... kkkkkkk

    Beijinhos, querido e tenha um bom dia.

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  3. rindo aqui...uma cronica da vida real muito bem construida. adorei.

    Beijao

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  4. Márcio querido,

    Tenho que confessar que também ri muito...pimenta nos olhos dos outros é refresco,rsrsrsrs.
    Esta mania de ler tudo eu tenho,desde criança quando lia até os jornais que minha mãe colocava no chão quando encerava a casa(coisa mais antiga,né?).
    Creio que todos os médicos deveriam imprimir as receitas,principalmene os que tem garranchos à guisa de letra.

    Amigo,o seu DOM de narrar é excepcional,dá vontade de não parar de te ler.Hoje vou ficar o dia inteiro em casa e vou me dedicar à leitura de suas crônicas passadas...

    Obrigada pelo carinho lá no Sonhos e Encantos.Você me emociona e alegra com suas palavras.

    Bjsssss,
    Leninha

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  5. Sensacional o seu texto meu amigo, você tem realmente o condão de transformar os fatos, ou assuntos que são na verdade muito sérios, em narrativas de muita comicidade. Diria até aquele velho jargão, mas invertido, "seria trágico se não fosse cômico". E com que propriedade você faz humor! É admirável!

    Infelizmente a saúde em país é mesmo caótica e nem é preciso acrescentar críticas aqui, pois só nestes pontos que você citou em seu texto, as filas, os planos de saúde, os honorários médicos, a falta de respeito com o cliente ou paciente, como queira, já são por si um agregado de problemas gritantes. Soluções? Não creio que estejam interessados em implantá-las. Bom, o que nos resta é denunciar sim e botar a boca no trombone, exigir alguns direitos básicos de consumidores que somos, até dos serviços de saúde. Sobre os garranchos no receituário por exemplo, existe atualmente a lei que regulamenta tal abuso e falta de respeito do profissional para com seu cliente e é exigido que o receituário seja legível.

    Como sempre, meu querido amigo, o tempo que dedico a seus textos é precioso, pois são momentos de puro prazer.
    Um grande abraço, Márcio.
    Celêdian

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  6. Um texto bem humorado e criativo que gosto de ler.
    Parabéns pelo talento.

    Bjs.

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  7. Oi Marcio!
    Olha, os médicos antes de fazerem a faculdade deveriam ter como matéria a caligrafia.
    Impressionante, mas acredito que decifrar um hieróglifo é mais fácil do que entender os garranchos deles.
    Uma realidade que insiste em persistir mas que com seu toque mágico ficou divertida de se ler.
    Parabéns moço.
    abração

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  8. Meu Deus! Esta história nem parece real . E afinal qual era o problema do estomago?» Já estás bem ?

    Boa noite e bjosss,Carla Granja

    paixoeseencantos.blogs.sapo.pt/

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  9. Meu blog é este

    paixoeseencantos.blogs.sapo.pt/

    obrigada,carla granja

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  10. Exceto tua narrativa, que prende a gente, o sentimento de impotência da gente é de desanimar...mas muitos médicos aderiram ao computador para emitir receitas, achei que foi uma medida profilática ao nosso humor....rsrs

    Desejo que o mal tenha sido curado...rs
    Abraço!

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  11. Sabe de uma coisa? Eu acho que essa história de garrancho de médico é proposital. Como se fosse um hábito já incorporado à classe. Um pressuposto para o exercício da profissão. Um carimbo de status do tal Doutor (você é médico? Então, tens que escrever de forma ilegível!).
    Porque, na boa, nada justifica tamanho desleixo ... Nem a pressa em atender 423423 pessoas em 1hora.

    :o) / Beijitos!

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  12. KKK...Marcio,muito divertida sua saga!...rss...rimos da desgraça dos outros,mas medicos deveriam ser obrigados a fazer aulas de caligrafia!...rss...excelente sua cronica!bjs e meu carinho,

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  13. Fico feliz em ver que o inverno paranaense não alterou em nada a tua veia humorística, meu querido Marcio. Tuas crônicas rutilam de humor estival, e me divertem bastante, acredite.

    Pois é, talvez que a Medicina não tenha sido a melhor profissão para alguém chamado Lavadeira. Quem sabe, trabalhando em um banco de algum paraíso fiscal ele se saísse melhor…

    Mas que galera, hein, meu amigo? e tudo isso por uma questão de uma receita ilegível! aliás, sempre foi para mim um mistério o fato de que todo médico que se preze deve ter uma má caligrafia. Até hoje eu não consigo decifrar os nomes dos remédios que vêm numa receita. E nem também entender porque um farmacêutico que jamais viu uma receita de tal médico, decifre a mesma em questão de segundos!

    Passar por aqui é sempre a certeza de me regalar com um texto magistralmente bem escrito e uma história que prende minha atenção do começo até o fim. Parabéns, meu amigo! e muito obrigado pelos belos comentários que me deixas, e que muito acrescentam às minhas modestas letras.

    Um bom fim de semana, meu irmão, muita saúde e inspiração. Um forte abraço,

    André

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  14. Márcio, esta situação é para deixar qualquer um mal-humorado, mas transformaste em um texto bem-humorado. Parabéns!

    E quanto ao meu nome, é claro que podes citar ao fim de seus comentários.
    Um dia a Kellen perguntou o meu nome , pois, gosta de começar os comentários citando-o e foi deste pedido da Kellen que até surgiu um texto, se quiseres conferir http://amigadedeus1209.blogspot.com.br/2012/03/nome.html
    Tenha um abençoado fim-de-semana!
    Abraços!

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