quinta-feira, 22 de maio de 2014

DAS PAIXÕES, DO VELHO JEANS E DA ESTRADA QUE EXISTE EM CADA UM

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Não sei se consigo (ou se quero) explicar as paixões. Explicar para que? O bom é vivê-las.

Mas não pense que faço referência apenas àquelas paixões amorosas entre os seres humanos. Nada disso. Falo das paixões que te fazem gostar de um objeto, de algum lugar específico, ou de animais, frutas, árvores, bibelôs, músicas, artes em geral, etc.

É claro que a paixão por alguém é a mais intensa. Gostar e se sentir gostado é uma sensação indescritível. E quando a paixão se transforma em amor? Penso que isso ocorre exatamente no momento em que tudo o que você planejou, ou sonhou, começa a florescer, a criar ares de algo palpável e real, pronto para ser construído. Sim, você constrói o amor.

Mas não existe aquele amor que brota do nada, que vem sabe-se lá de onde? O tal “amor a primeira vista”?

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Honestamente? Penso que não existe. O que existe é a pré-disposição para gostar, a permissão que se dá para amar e ser amado. O que existe é o ato, o gesto de abrir as janelas do corpo e da alma para que entre luz, e assim, areje-se os próprios sentimentos. Uma pessoa que se tranca é alguém que não está disposto a amar. Muito menos ser amado, mesmo que insista em dizer que “ninguém me nota, ninguém me gosta”. Obviamente, não será gostado, pois espanta a todos os que estão por perto.

Então, quando você se abre para o mundo, já está começando a “construir” uma paixão. O destino, assim, só tem o trabalho de fazer com que você esbarre em outra pessoa pré-disposta a se apaixonar.

Mas, e as outras paixões? Aquelas citadas lá nos primeiros parágrafos?

Pois é. Eu sou um apaixonado por algumas coisas. Estrada, natureza, boa música, um papo descontraído e inteligente, jeans velho...

Um jeans velho e rasgado. Não é pelo fato de ser rebelde, ou por querer aparecer ou parecer diferente. Também não é por falta de dinheiro. É por gostar mesmo. Por me sentir bem dentro de uma calça já surrada e que me acompanhou tanto pelos percalços quanto pelas vitórias. É pelo fato de eu me sentir natural, ser eu mesmo quando estou dentro de um jeans velho.

Se eu gosto de uma calça jeans nova? Sim, mas não tanto quanto de um velho jeans. E existe um detalhe nisso tudo. Preço não quer dizer nada. Muitas vezes, aquele jeans mais caro não serve para nada, pois vem todo enfeitado de bugigangas e acaba perdendo a essência. O jeans, para mim, tem que ser um complemento do meu corpo, e não uma prateleira de traquitanas e enfeites.

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Junte um jeans velho, estrada, mochila, um bom e confortável par de tênis e uma certa garota que é maluca por natureza. Acrescente a isso a minha vontade de amá-la para SeMpre, e você terá me dado a fórmula do meu paraíso. E nesse paraíso eu não preciso de céu, ou de anjos e santos, nem de nuvens branquinhas e muito menos da falsidade santificada daqueles que qualificam céus e infernos.

Nesse paraíso, o meu paraíso, tem beijo na boca e mão boba, tem muita natureza, tem estrada tranquila, tem rio com pedras enormes, água límpida, passarada cantando solta, um lugar no meio do campo pra “fazer amor” com meu amor, e a liberdade para escolhermos nossos destinos.

Essa, talvez, seja outra de minhas paixões. A liberdade de escolha.

E eu escolhi compartilhar tudo com a mulher que amo. Compartilhar o jeans, a estrada, as paixões, o vento, a chuva, os sorrisos, a tristeza se ela aparecer, o desprezo pelas gaiolas, e tudo que exista em mim.

Porque as paixões são assim, não precisam ser explicadas. Precisam ser vividas.


Marcio Rutes



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3 comentários:

  1. Pois é!
    Talvez a paixão seja e esteja constantemente nesse estado de latência, ardência, urgência.
    Que nos faça entregar as nossas vontades por caprichos, não importando quais sejam.

    Esse enamorar me encanta nos seus mínimos detalhes e se faz cotidiano, sim. Não saberia, mesmo com tristezas e preocupações, dispensar essa dose essencial de encantamento. Sim, porque a paixão, antes de tudo e antes de ser paixão, ela é encantamento.
    Explicação? ahhh, não carece mesmo, não.

    Eu concordo que não exista paixões à primeira vista, em se tratando de relacionamentos. Mas para outras, eu acredito no imediato, no sair da inércia do 'não querer' para esse encantamento necessário. Quem nunca teve uma paixão 'a primeira vista nas vitrines, nas lojas, por uma ideia, um projeto, uma vontade que não poderia deixar pra depois?

    Já as paixões humanas, não importando a natureza dela (pai pelo filho, conjugues, amigos), esse encantamento pelo outro e pelo o que o outro provoca na gente, é assim mesmo, coerente com a convivência, com o conhecer o outro, com as aceitações e de acordo com essa predisposição que você mencionou, esse consentimento para o outro fazer morada na gente e a gente, nele.

    "O que existe é a pré-disposição para gostar, a permissão que se dá para amar e ser amado. O que existe é o ato, o gesto de abrir as janelas do corpo e da alma para que entre luz, e assim, areje-se os próprios sentimentos. "

    Isso foi uma das frases mais lindas que eu já li de você e quer saber? carrega tanta, mas tanta verdade.

    E pra complementar, é verdade também: " Sim, você constrói o amor."

    A permissão já é o gesto de cuidar do terreno e assim construir bases, alicerces... construir o amor.

    E por falar em amor, o tal fazer amor é o fazer com amor. É se entregar e sentir cada passagem, cada atitude. É o enamorar, a entrega e dedicação. A troca, além de tudo.

    Eu por exemplo, faço amor com uma estrada vazia, meu jeans e sua jaqueta de couro, um violão com enrosco e um belo par de olhos azuis que me faz viajar sem nem precisar mudar de lugar.

    E tantas e tantas e tantas outras paixões a mais que quer saber também? são apaixonadamente amores meus e que também me completam e me firmam o meu eu em você, com você.
    SiM!

    Ameiiiiiiiiiiiiii meu amorrrr e as imagens showwww!!
    Você soube traduzir e descrever uma atmosfera de aconchego, nostalgia, bem querer, quentura no meu peito, como um abraço mais que apaixonado.
    Eu te amoooo!,
    Sua Sam!

    Samara Bassi.

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  2. Junte-se à liberdade de escolha, a permissão de amar e ser amado, mas estes caminhos onde uma placa indica Paraíso, então temos os elementos basicos para gritar, que viver é mesmo uma bela arte.
    Uma saudade e um abraço grande Marcio, estou ajustando o tempo amigo.
    Belo fim de semana.

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  3. Acho que sem elas, as paixões, a vida não prospera, o ser não floresce, o dia é monótono, as escolhas mornas. E tudo que tá morno está num estado sem ardência, sem a febre do desejo que esquenta as entranhas de nossos sonhos... é preciso estar num estado de paixão pra que a vida aconteça!!

    Tão bom passar por aqui e matar saudade...
    Bom fds, queridos!

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