sábado, 12 de fevereiro de 2011

UM E-MAIL, ALGUNS PROBLEMAS (reedição)

REEDIÇÃO
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Passeando pelo Blog XIPAN ZECA, do TATTO, me deparei com um texto que fala sobre bilhetinhos e lembretes, e os "perigos" que eles podem trazer: BILHETE É UMA ARMADILHA !!! 
Lancei, faz algum tempo, uma crônica criticando a forma abreviada e, na maioria das vezes, incorreta de se escrever e-mails. Como meu tempo anda escasso, faço abaixo a reedição desta mesma crônica. Não deixe de visitar o XIPAN. Ele só tem cara de doido, mas não morde, sem contar que as gargalhadas são garantidas.

Boa leitura.

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“Querido Renato chegou gostoso fazer festa amanhã
Vcs podi comer a Fátima e eu q nao pq cabow xada noite.
Bjs.”

As linhas acima representaram o quase fim de casamento de um casal de amigos. O marido, que estava bem longe de se chamar Renato, além de não entender patavina do que estava escrito, ainda tirou algumas conclusões para lá de apressadas.

Muitas pessoas perguntam o porquê de se utilizar palavras abreviadas em mensagens de e-mail. A maioria pensa ser algum modismo da juventude que acabou ficando. Na realidade, isso vem do começo da internet, quando tudo era muito lento e a comunicação via internet era feita apenas entre algumas grandes universidades. Não eram utilizadas imagens e, como quem fazia uso dessas mensagens eram estudantes e pesquisadores, tudo parecia ser cifrado e muito resumido, diminuindo, assim, o peso do arquivo para ganhar alguma velocidade de rede. Isso era uma necessidade e, mais tarde, acabou misturada ao péssimo hábito das pessoas de “enfeitarem” a língua.

Essa escassez de velocidade e espaço na internet ficou para trás, mas os hábitos de se escrever de forma abreviada e cifrada continuaram. E, para piorar, juntou-se a isso um número infindável de neologismos, gírias, erros e “burrices”. Algumas pessoas pensam que estão escrevendo telegramas. Entender um e-mail, por vezes, é um exercício de paciência, e nem sempre conseguimos. Abreviar palavras e ter como justificativa para isso o ganho de tempo e economia de espaço ao escrever, é desculpa de preguiçoso. Qual é o tempo ganho, por exemplo, ao se escrever “q” ao invés de “que”? Fica ainda pior na palavra “ateh”, onde o H faz a vez do acento agudo numa palavra oxítona. Neste caso ocorreu uma perda de tempo e espaço. No começo da internet no Brasil era até compreensível, pois não se acentuavam as palavras, e o H servia como uma alusão a esse acento, mas hoje isso é desnecessário.

Dia desses, recebi um e-mail retribuindo um comentário que fiz a um texto em outro blog. A mensagem dizia o seguinte: “Pow!!!wls!!!XD.....” Até agora estou sem entender se a pessoa gostou do comentário que fiz ao texto, ou se me xingou. Algumas pessoas podem até dizer que o texto da mensagem é de fácil compreensão e que eu, como trabalho com web, tenho por obrigação conhecer e entender esse tipo de coisa. Discordo. Não tenho a mínima obrigação de entender ou aceitar essas afrontas e achaques feitos à língua portuguesa. As pessoas inventam termos (alguns nascem de erros e se tornam comuns) que só elas sabem do que se trata, e pensam que todos têm o dever de saber interpretar esses absurdos. Isso é ridículo. E, para deleite do magistério, não raro é o fato desses termos saírem da web e se firmarem, tanto na língua falada quanto na escrita.

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Quando se escreve uma mensagem, seja ela pelo método que for, deve-se levar em conta o poder de compreensão de quem irá receber essa mensagem. Língua escrita não tem a inflexão da língua falada. Na falada, você expressa sentimentos apenas com o tom e o jeito de falar, como uma ironia ou algo carinhoso. Na escrita, isso pode se tornar dúbio e gerar contratempos, graves em alguns casos, pois haverá um erro de interpretação. Quando a mensagem é para alguém do seu grupo distinto, ou para quem está ciente do tipo de linguagem que você irá utilizar, ótimo, escreva como você está acostumado a fazer. Agora, se a mensagem for para uma pessoa estranha ao seu convívio, por favor, cuide mais da forma como você escreve, e procure utilizar termos mais formais. E, se o seu vocabulário estiver debilitado frente ao uso constante da web, existem bons dicionários on-line que poderão ajudar. Tenho certeza que você não terá a mínima dificuldade de achar algum, afinal, você fala a língua da web, não é?

Para finalizar, não poderia deixar de traduzir a mensagem do começo desta crônica, que gerou tantos problemas. Ela ficaria mais ou menos assim (corrigindo eventuais erros de grafia, logicamente):

“Querido.
(Seu primo) Renato chegou. (Seria muito) gostoso fazer (uma) festa (para ele) amanhã.
Vocês podem comer (à vontade na festa). A Fátima (esposa do Renato) e eu não (abusaremos na comida) porque acabou o chá da noite (espécie de chá emagrecedor).
Beijos.”

Marcio JR

9 comentários:

  1. Amigo Marcio...
    Obrigado por citar minha postagem e por mais que parecida com piada tem um alerta verdadeiro e sério de que todos se esquecem na hora do tal "bilhetinho" ... rsrs

    P.S. Quero te pedir permissão de fazer uso desta tua postagem esclarecedora à respeito de mensagem e internet, pois muita gente imagina que a NET já nasceu assim "toda enfeitada e cheia de perigos" Você se lembra da B.B.S. ( Bulletin board system ).. rsrs
    Quero posta-la no HELP DO TATTO

    Obrigado
    Abraço
    Tatto

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  2. Sim, senhor!
    Sem dúvidas já tinha lido este seu texto lá no RL.
    Renovo aqui meus aplausos ao texto e seu talento em relatar!
    Adoraria ter sua presença lá no meu novo espaço.
    Bem, como já lhe escrevi "no bilhetinho" provavelmente cheio de erros, o meu novo blog não é um blog tradicional do blog. É um blog pessoal que criei para guardar meus rabiscos, ou seja: MINHAS LEMBRANÇAS. Porém para ficar mais acessível para os amigos leitores exportei o tal blog para o blogger! Um lindo fim de semana para você! Abraços com carinho!
    Ange.

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  3. Risos... Márcio, e eu que não consigo é entender nada desse tipo de escrita... você pelo menos consegue traduzir... mais risos.


    Abraços querido amigo!

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  4. Maninho,
    gostei muito do texto "bem explicadinho, nos seus mínimos detalhes".
    Com certeza Marcio, muito bem acolhido esse teu alerta.
    Mas essa linguagem:“Pow!!!wls!!!XD.....” com deve ser de outro planeta hehehe.

    Amei!
    PS: Parabéns ao Xipan também
    Beijo querido.

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  5. Amigo Márcio, estou boba de contente por sua honrada presença lá nas minhas lembranças. Enquanto você divulgar meus rabiscos
    (os quais agora pretendo guardar eternizados nas lembranças...) ora! isto é lá pergunta que se faz?! Divulgue! Divulgue!!!
    Não esqueça de mencionar que sou grande no meu sentir, mas limitada e pobre na minha escrita. Estarei voando sempre por aqui! Um lindo fim de semana para você!
    P.S. OBRIGADA A VOCÊ!
    ANGE.

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  6. Realmente, eu nunca vi muita lógica em se usar tantas abreviações em mails, sobretudo se há detrimento na compreensão. Os H que se punham nos finais de palavras acentuadas (até, Mariá, etc) vem de uma prática antiga de código Morse, adotada pelos correios na época em que havia telegramas. Mas as abominações do tipo "naum", "kero", "abrasso" e outras do gênero isso só veio aparecer com um certo tipo de internauta. E quanto à falta de pontuação... este é um verdadeiro problema em nosso país.

    Além do mais, mail não é SMS, n'est-ce pas?...

    Eu conhecia o texto ainda do Recanto, mas é sempre agradável te reler, meu amigo. Um bom domingo, meu forte abraço.

    Andreh

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  7. Pertinente e muito apropriado texto!

    Ainda não conhecia.

    Passando para deixar um abraço e dizer que apesar da ausência na blogosfera, os amigos, trago-os no coração e principalmente nas orações,

    Bom domingo e excelente semana para vc!!

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  8. Muito legal o teu post!!! Parabéns!!! Às vezes, também me sinto um pouco perdida.

    Beijos de passarinho!!!

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  9. Hua, kkk, ha, ha, cada confusão que pode ser cortada com um pouco mais de esforço...

    Fique com Deus, menino Marcio JR.
    Um abraço.

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