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Não sei se consigo (ou
se quero) explicar as paixões. Explicar para que? O bom é vivê-las.
Mas não pense que faço
referência apenas àquelas paixões amorosas entre os seres humanos. Nada disso.
Falo das paixões que te fazem gostar de um objeto, de algum lugar específico,
ou de animais, frutas, árvores, bibelôs, músicas, artes em geral, etc.
É claro que a paixão
por alguém é a mais intensa. Gostar e se sentir gostado é uma sensação
indescritível. E quando a paixão se transforma em amor? Penso que isso ocorre
exatamente no momento em que tudo o que você planejou, ou sonhou, começa a
florescer, a criar ares de algo palpável e real, pronto para ser construído.
Sim, você constrói o amor.
Mas não existe aquele
amor que brota do nada, que vem sabe-se lá de onde? O tal “amor a primeira
vista”?
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Honestamente? Penso
que não existe. O que existe é a pré-disposição para gostar, a permissão que se
dá para amar e ser amado. O que existe é o ato, o gesto de abrir as janelas do
corpo e da alma para que entre luz, e assim, areje-se os próprios sentimentos.
Uma pessoa que se tranca é alguém que não está disposto a amar. Muito menos ser
amado, mesmo que insista em dizer que “ninguém me nota, ninguém me gosta”.
Obviamente, não será gostado, pois espanta a todos os que estão por perto.
Então, quando você se
abre para o mundo, já está começando a “construir” uma paixão. O destino,
assim, só tem o trabalho de fazer com que você esbarre em outra pessoa
pré-disposta a se apaixonar.
Mas, e as outras
paixões? Aquelas citadas lá nos primeiros parágrafos?
Pois é. Eu sou um
apaixonado por algumas coisas. Estrada, natureza, boa música, um papo
descontraído e inteligente, jeans velho...
Um jeans velho e
rasgado. Não é pelo fato de ser rebelde, ou por querer aparecer ou parecer
diferente. Também não é por falta de dinheiro. É por gostar mesmo. Por me
sentir bem dentro de uma calça já surrada e que me acompanhou tanto pelos
percalços quanto pelas vitórias. É pelo fato de eu me sentir natural, ser eu
mesmo quando estou dentro de um jeans velho.
Se eu gosto de uma
calça jeans nova? Sim, mas não tanto quanto de um velho jeans. E existe um
detalhe nisso tudo. Preço não quer dizer nada. Muitas vezes, aquele jeans mais
caro não serve para nada, pois vem todo enfeitado de bugigangas e acaba
perdendo a essência. O jeans, para mim, tem que ser um complemento do meu
corpo, e não uma prateleira de traquitanas e enfeites.
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Junte um jeans velho,
estrada, mochila, um bom e confortável par de tênis e uma certa garota que é
maluca por natureza. Acrescente a isso a minha vontade de amá-la para SeMpre, e
você terá me dado a fórmula do meu paraíso. E nesse paraíso eu não preciso de
céu, ou de anjos e santos, nem de nuvens branquinhas e muito menos da falsidade
santificada daqueles que qualificam céus e infernos.
Nesse paraíso, o meu
paraíso, tem beijo na boca e mão boba, tem muita natureza, tem estrada
tranquila, tem rio com pedras enormes, água límpida, passarada cantando solta,
um lugar no meio do campo pra “fazer amor” com meu amor, e a liberdade para
escolhermos nossos destinos.
Essa, talvez, seja
outra de minhas paixões. A liberdade de escolha.
E eu escolhi
compartilhar tudo com a mulher que amo. Compartilhar o jeans, a estrada, as
paixões, o vento, a chuva, os sorrisos, a tristeza se ela aparecer, o desprezo
pelas gaiolas, e tudo que exista em mim.
Porque as paixões são
assim, não precisam ser explicadas. Precisam ser vividas.
Marcio Rutes
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