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Hoje, ela busca um amor maior. Traz nos olhos a certeza de que a esperança não é algo fútil e nem passageiro, mas carrega marcas profundas na alma, vindas de um passado que a castigou demais. Teria tudo para ser amarga, revoltada e, quem sabe, até mesmo uma mulher perversa e vingativa. No entanto, existe nela uma força superior e que a guia por caminhos que poucos conseguiram se aventurar e vencer.
O Natal estava próximo quando a conheci. Ela caminhava com passos miudinhos e ariscos, nada típicos para uma criança de doze ou treze anos de idade. Seus olhos corriam para todos os cantos, rápidos, e pareciam procurar algo além daquilo que eles poderiam observar. E quando algo a assustava, ela desaparecia na multidão. Eu olhava lá da minha janela e logo a via, brotando de algum lugar, no meio daquele povo todo. Ela parecia mágica: desaparecia aqui e, rapidamente, aparecia em algum canto distante.
musica Hey, Jude (Kiko Zambianchi) - by YouTube
Ela era uma menina de rua. E aprendera a sobreviver ali, naquele mundo cruel e frio. Um mundo que não perdoava erros e descuidos. Um mundo onde a esperteza precisava imperar. Um mundo que matava pela fome e, não raro, pelo medo.
Ela não entendia o por quê de ter que viver naquele meio. Tantas crianças corriam próximas a ela, com suas roupas caras e objetos que ela sequer sabia para que serviam. Essas crianças viviam sorrindo e ostentando uma vida que ela não conhecia. E quando ela tentava se aproximar de alguma dessas crianças, algum adulto aparecia e a enxotava. Quem sabe sua carinha suja de terra assustasse aqueles adultos e seus filhos, ou então eles temessem alguma doença? E a menina entristecia, sem conseguir entender o jeito arredio daqueles seres que deveriam ser seus semelhantes. Seria ela a culpada?
Aos poucos, ela se revoltava com tudo aquilo.
Quando a noite se aproximava, ela aparecia lá perto do restaurante. Sempre sobrava algum resto, e ela, pequena que era, acabava conseguindo alguma coisa. A dona Maria, cozinheira do restaurante, dava seu jeito e levava algo para ela comer. Mas sempre fazia isso de forma escondida. E pagou caro por isso. O dono do restaurante percebeu e demitiu a pobre mulher. Por que fez isso? Simplesmente por não querer “aquele tipo de gente” rondando por ali e incomodando seus clientes. Dali para diante, a menina passou a se alimentar com o que conseguia, e por certo, nem sempre achava algo para comer.
Certa vez a vi com um cachorro e achei algo um tanto estranho. Mesmo com tudo o que ela passava naquele mundo hostil, deu o nome de FELICIDADE ao pequeno animal. Era seu amigo, seu segundo melhor amigo. Perguntei a ela quem era o melhor amigo, achando que era algum outro morador de rua, ou então alguém que lhe ajudava, e me surpreendi com a resposta.
--DEUS é meu melhor Amigo.
Vi ali que aquela menina era diferente. Juro que quando ela se virou e saiu, procurei um par de asas nas costas dela. Não sei o que pensei, nem sei se entendi direito toda aquela situação, mas vi esperança nela. Não nos olhos, mas esperança na alma.
E assim, o tempo passou. Ela arranjou um violão e aprendeu a tocar. Felicidade, seu cachorro, não largava dela, e onde um estava, o outro estava também. Me acostumei tanto a ver aqueles dois, que quando eles não apareciam, eu me preocupava. Mas logo eles surgiam de algum canto e eu me acalmava. Certo dia, a tristeza. Um automóvel perdeu o rumo e atropelou o cachorro, e não sei o que doeu mais. Se ver o pobre animal no chão, ou olhar para o rosto coberto de pranto da menina.
Mesmo assim, com toda tristeza, ela seguiu em frente.
Para ela, Felicidade (o cachorro) não havia morrido, e sim, virado um anjo para acompanhá-la. Não culpou Deus por ter levado ou tirado a única coisa que tinha. Pelo contrário, agradeceu a Deus por ter dado um mundo melhor ao companheiro. Ela, então, se fortaleceu e ensinou uma lição enorme para todos que a conheciam. Ter na fé um instrumento de superação e resiliência.
Ela esperou calmamente a recompensa de sua fé. Algum tempo depois, alguém a viu pelas ruas e, sem explicação, a adotou. Um casal a levou dali, e muito mais do que um teto, deram a ela uma família. Mas, o mais interessante neste ato, é que o real presente não foi para a menina, e sim para o casal. A menina deu a eles um coração recheado de amor, esperança e magia. Sim, magia. Ela consegue transformar pessoas. Faz com que nuvens negras virem a mais bela chuva de verão, e magnetiza corações de um jeito, que é impossível não sorrir quando ela está perto.
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Ressentimento ou mágoa da vida? Raiva daqueles que a desprezaram ou negaram algo na infância sofrida? Por certo que não. Ela aprendeu com tudo isso, e trouxe para a vida adulta uma gana de viver e de amar seu próximo que a fez alguém de alma única.
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Este é um conto fictício em partes. Não conheci pessoalmente, ainda, a pessoa que me inspirou a criar a personagem principal, e o enredo também não é real. No entanto, algumas pessoas que passarem por aqui e se propuserem a ler o texto, reconhecerão nele uma pessoa muito querida entre os blogueiros.
É alguém que realmente sofreu muito nessa vida e teve um cachorro chamado Felicidade. Obtive permissão dela para escrever este texto baseado no que ela viveu, mas não colocarei o nome dela aqui sem sua devida permissão.
Aprendo com ela diariamente, e virou uma verdadeira irmã menor para mim. Minha maninha. Se ela autorizar, coloco rapidinho o nome dela logo abaixo do texto, mas acredito que quem a acompanha, já sabe direitinho quem é, não é Maninha?
E como ela acabou de autorizar a divulgação do nome, alí no terceiro comentário, tenho o prazer de dizer que é a FERNANDA, a NANDA, do blog ALEATORIAMENTE.
Esse anjo em forma de ser humano é um exemplo de vida a ser seguido, e nada me deixaria mais satisfeito do que se cada um que passasse por aqui fosse até ela e constatasse por conta própria a grandiosidade da alma desta menina-moça-mulher. Ela conseguiu dar um novo significado para palavras como fé e esperança, e com isso, me fez enxergar com outros olhos a vida.
Se hoje eu penso a vida de um jeito mais leve e esperançoso, devo muito disso a ela e ao que leio e aprendo com suas palavras. Vá até o blog dela. Vale, e muito, a visita. Tenho certeza de que você se sentirá diferente unicamente pelo fato de ler o que essa mocinha escreve.
ALEATORIAMENTE
Clique no link acima para conhecer a Nanda
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E como ela acabou de autorizar a divulgação do nome, alí no terceiro comentário, tenho o prazer de dizer que é a FERNANDA, a NANDA, do blog ALEATORIAMENTE.
Esse anjo em forma de ser humano é um exemplo de vida a ser seguido, e nada me deixaria mais satisfeito do que se cada um que passasse por aqui fosse até ela e constatasse por conta própria a grandiosidade da alma desta menina-moça-mulher. Ela conseguiu dar um novo significado para palavras como fé e esperança, e com isso, me fez enxergar com outros olhos a vida.
Se hoje eu penso a vida de um jeito mais leve e esperançoso, devo muito disso a ela e ao que leio e aprendo com suas palavras. Vá até o blog dela. Vale, e muito, a visita. Tenho certeza de que você se sentirá diferente unicamente pelo fato de ler o que essa mocinha escreve.
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Marcio Jr