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Vovó (Warner Bros) - imagem extraída do Google |
Não negue. Você tem medo de algo. Pode ser de assalto, de altura, do boi da cara-preta, de gato preto, ariranha, pinguim azul, borboleta de quatro olhos... sei lá. Sempre tem alguma coisinha, lá no fundo, que deixa a pessoa, no mínimo, receosa.
Um fato estranho aconteceu no dia de ontem (30 de janeiro de 2012), e que por pouco não me leva para a delegacia. Dos males, o menor. Apenas quebrei um dente. Resultado de tudo, e para variar, paguei o maior mico.
Faz algum tempo, brinquei com uma pessoa de minha estima que morro de medo de... velhinhas. É. Senhoras inocentes, daquelas que passeiam por aí com seus amados guarda-chuvas pretos e longos, que estão sempre prontos pra acertar nossas cabeças caso elas pensem que estão sendo assediadas (não existe somente assédio sexual, seu mente poluída).
música: You Made it Right (OZARK MOUNTAIN DAREDEVILS) - by YouTube
Desde minha infância, convivi com senhoras idosas que, de boas almas e caridosas, não tinham nada. Educação mais austera, tias muito mais velhas do que minha mãe, e a maioria delas adoravam dar uns beliscões nos sobrinhos quando eles aprontavam. E eu aprontava muito. Com o passar do tempo, uma professora de matemática invocou comigo e com todo o restante da turma. Era uma ranheta, que usava um cabelo grisalho e vivia dando cascudos em nós. A matéria? Matemática. Ela falava que era para tirar a “serragem” da cabeça dos alunos. Doía demais.
Mais um pouco de tempo e noivei (oh! trem; não noivei com a professora de matemática não). Nessa época, conheci uma senhora muito pequenina e de cabelos alvos, que morava próxima à casa de minha noiva. Risonha, a diversão dela era matar gatos e jogar nas pessoas. Santa velhinha. Certa vez, eu passando perto da casa dela, cai em minha cabeça um gato morto. Eu, ainda sonolento, quase morri do coração, e desci o verbo. Além de ter que aguentar a cena do gato, ainda tive que escutar outro tanto de um cidadão desavisado, que achou estar eu ofendendo aquela “bondosa” senhora. Na semana seguinte era ele xingando a dita.
Passou mais um pouco, me separei, abri uma empresa e, ao lado da minha loja, uma linda e miudinha senhora de seus 70 anos (elas sempre são miudinhas, não é?). Adorava conversar com ela. Ria descabidamente, e o namorado dela, um senhor de seus sessenta e tantos anos, parecia andar nas nuvens. Certo dia, tristeza. O coitado do namorado morrera naquela manhã. No caixão, ele mostrava um sorriso enorme. Alguns dias depois, fiquei sabendo que aquele não era o primeiro distinto defunto daquele doce senhora. Era o quinto que morria, e nas mesmas condições. Uma semana depois, quando me dou conta, era o avô de um amigo que “conversava” alegremente com esta senhora. O velório dele foi no mês passado.
Sei que, no fim das contas, meu pior pesadelo é com a vovó do Piu-piu. Aquela mesma que vive “guardachuvando” a cabeça do Frajola. Já caí da cama ao sonhar com ela, e o pior, ela sempre me persegue. Se eu corro, ela vem de patins, se eu pego uma bicicleta, ela vem de moto. Um inferno, ou melhor, um pesadelo atrás do outro.
Resumindo, e respondendo a pergunta de todos. O que meu medo de velhinhas tem com meu dente quebrado e o fato de eu quase parar numa delegacia?
Como todo mundo, preciso ir ao banco para pagar minhas contas. Aquelas portas giratórias sempre, mas sempre mesmo, se invocam comigo e travam. Mas passei. Fui até minha gerente e estava eu lá, conversando, até que olho para a porta giratória e vejo o vigilante “liberar” a porta para uma inocente senhorinha de cabelos grisalhos (pequenina, para variar) e seu enorme e assustador guarda-chuvas. Do nada, dispara um desgraçado dum alarme...
...o reboliço foi geral. Minha gerente conseguiu, em dois segundos, se enfiar debaixo da mesa, e ligou para a polícia (nem precisava, pois o alarme dispara diretamente na delegacia). A balburdia continuava, e ninguém se entendia. A única pessoa a ficar em pé foi a velhinha, que carregava o guarda-chuva como se fosse uma espingarda.
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image by Google |
Não me aguentei e pensei: “ela tá assaltando, e tá de costas; vou passar uma rasteira nela”. Mas não deu tempo. O alarme parou de soar, e dos males o menor, era só uma falha no sistema. Foi só o susto.
Só não deu tempo para refrear minha boca. Quando desligaram o alarme, estava eu lá, acusando aquela senhora de tentar assaltar o banco. Eu estava cego de “sei lá o quê”, e falando pelos cotovelos. Saí completamente do meu estado normal de lucidez. Piorou ainda mais quando o vigia tentou me conter.
--Essa mulher é um perigo. --falei, assustado.
Nem bem terminei de falar e a senhora, quase surda ao que tudo indicava, pois não entendeu patavinas do que eu falei, se virou para o lado, e a ponta do guarda-chuva pegou diretamente em minha boca. Detalhe, a boca estava aberta, e o dente quebrado voou para dentro... do meu estômago.
Resultado de tudo. Perdi um dente, queriam me acusar de agressão verbal a um idoso, e minha dentista, tirando o maior sarro da minha cara, ainda fala a seguinte pérola:
--Me traz o dente que eu colo ele.
Engraçadinha ela, não é?
É claro que tudo o que foi descrito acima não passa de brincadeira, com exceção de eu ter quebrado, realmente, um dente. E tudo se deu num descuido caseiro, num instante de pura desatenção e uma porta de geladeira esquecida aberta. Até acho que a geladeira me agrediu, a bem da verdade. Mas nem tente imaginar a cena comigo batendo contra a geladeira e caindo de boca aberta sobre as costas de uma cadeira. Foi hilária para quem assistiu e muito, mas muito dolorida para mim.
Que me desculpem a enormidade de senhoras idosas que conheço, e são muitas, muitas mesmo. Adoro todas, se bem que, depois dessa crônica, elas vão me odiar. Mas tudo bem, desde que a dona Maria, aquela viúva por seis vezes não venha me perseguir... eu eu não conseguiria passar esse episódio do dente quebrado sem alguma risada. Perdão a todas.
Abraço a todos.
PS.: meu livro já está a venda, mas somente na livraria virtual. Para aqueles que estiverem curiosos, é só clicar na capa, logo abaixo do banner, ou neste link:
livro ABISMO DAS VAIDADES - Coletânea de Crônicas
MarcioJR
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É claro que tudo o que foi descrito acima não passa de brincadeira, com exceção de eu ter quebrado, realmente, um dente. E tudo se deu num descuido caseiro, num instante de pura desatenção e uma porta de geladeira esquecida aberta. Até acho que a geladeira me agrediu, a bem da verdade. Mas nem tente imaginar a cena comigo batendo contra a geladeira e caindo de boca aberta sobre as costas de uma cadeira. Foi hilária para quem assistiu e muito, mas muito dolorida para mim.
Que me desculpem a enormidade de senhoras idosas que conheço, e são muitas, muitas mesmo. Adoro todas, se bem que, depois dessa crônica, elas vão me odiar. Mas tudo bem, desde que a dona Maria, aquela viúva por seis vezes não venha me perseguir... eu eu não conseguiria passar esse episódio do dente quebrado sem alguma risada. Perdão a todas.
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