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Uma das coisas que mais me agrada é poder me informar, seja sobre o que for. Talvez seja um hábito adquirido pela profissão, pois a dinâmica que as tarefas voltadas para a web oferecem é fantástica para isso. Jornais escritos e televisionados também são uma grande fonte, e nada melhor do que acordar bem cedo numa sexta-feira, pegar meu café e... quase engasgar diante da TV. A matéria sobre o IDH brasileiro e nossa média de educação igual a do Zimbábue já desceu ardendo na garganta, mas ouvir as súplicas dos governadores eleitos do PSB clamando pela volta da CPMF, isso foi o cúmulo.
Mas, vamos por partes. Hoje é sábado, 6 de novembro, e o impostômetro está marcando a cifra de R$ 1.041.614.035.139,01 arrecadados (horário: 04h35min). Segundo os governadores eleitos do PSB, a saúde vai de mal a pior, e eles acham necessária a criação de uma nova contribuição para sanear os buracos existentes nesta área. Puxando pela memória, lembro já ter escutado isso, lá pelos idos de 1993 ou 1994, quando o Dr. Adib Domingos Jatene resolveu modificar o IPMF (Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira) para formular um novo imposto para melhorar, justamente, a saúde. Então, por aproximadamente 13 anos, contribuímos “provisoriamente” para encher as burras do governo, enquanto a saúde só piorou. E agora? Será diferente?
A grande verdade é que isso só ganhou a devida atenção popular por alguém ter citado o famigerado termo CPMF. Já tramita pelo congresso a “emenda 29” e o projeto de criação da CSS (Contribuição Social da Saúde). Pela Emenda 29, União, Estados e Municípios serão obrigados a investir, respectivamente, 10%, 12% e 15% das arrecadações em saúde. Já quanto à CSS, ela nada mais é do que a cobrança de 0,1% sobre toda e qualquer movimentação financeira. Ou seja, re-estilização de imposto.
E a pérola do dia ficou por conta do governador eleito pelo Ceará, Cid Gomes: “É um sacrifíciozinho muito pequeno para cada brasileiro em nome de um grande número de brasileiros que precisa dos serviços de saúde e precisa que esses serviços sejam de qualidade”. Apenas transcrevi, sem corrigir os erros do governador. Sem comentários.
Já quanto ao IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), alguns estão comemorando a melhora que o Brasil conseguiu, galgando 4 posições no ranking mantido pela ONU. Ocupamos agora a posição de número 73 entre 169 países. Nada ruim, se considerarmos que passamos, com isso, a integrar aquele grupo de desenvolvimento um pouco mais apurado, mas, se olharmos um outro ranking, o de desigualdades regionais, o Brasil despencou 15 posições. Comemorar o que, neste caso? E os motivos para essa queda são sempre os mesmos, ou seja, desigualdade de renda (leia-se má distribuição de renda) e falta de acesso a saúde e saneamento básico.
No tocante a questão da educação, a coisa é calamitosa. Segundo a ONU, estamos empatados, em último lugar, com o Zimbábue, e duvido muito que o país africano em questão sequer sonhe em um dia ter uma arrecadação de impostos igual a do Brasil, mas, se isso acontecer, tenha a certeza de que eles melhorarão, e muito, o nível de instrução do povo. É deprimente ver uma pessoa adulta vir a público e dizer que pretende fazer uma faculdade, mas que o sonho dela é poder ler e compreender o que está lendo. Muitos não estão sequer interessados em se instruir, mas uma grande parcela quer e não pode. E não faço referência a quantidade de anos ou o custo para estudar, mas à qualidade do nosso ensino. Um grande número de vestibulandos, que estão prestes a ingressar numa faculdade, sequer consegue interpretar um texto simples. O pior é que alguns deles se formam e continuam, ainda, sem conseguir fazer isso.
A modernidade trouxe a facilidade para levar o conhecimento e a cultura até o povo, mas a falta de vontade dos homens públicos parece empurrar tudo para o ostracismo. Não se investe em infra-estrutura e qualificação dos profissionais, o dinheiro teima em não chegar até onde deve, algumas escolas estão literalmente caindo aos pedaços, os estudantes perdem o interesse, e por aí vai. Mas, até quando vamos suportar tudo isso? Só o que vemos mediante tal situação, é aumentar as diferenças regionais e de classe. Quem pode, se instruiu do jeito que dá, e quem não pode, se afunda cada vez mais, tendo que aproveitar o capenga ensino público e a boa vontade dos professores.
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Já passou da hora do povo acordar para tudo o que está acontecendo. Falou-se muito, antes das eleições, em voto consciente, e mais uma vez o povo demonstrou que não está muito afeito a trazer para si a responsabilidade. Então, lamento, mas ele mesmo (o povo) vai continuar “pagando o pato”.
E no impostômetro: R$ 1.041.641.327.150,99 (horário: 04h58min).
(crônica escrita em 06.NOV.2010)
(crônica escrita em 06.NOV.2010)
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