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Em tempos remotos, muito antes de Jesus Cristo andar pela terra e quando os povos ainda viviam em pequenas aldeias, surgiu nas costas do que hoje é o Golfo do México um povoado chamado Mayrim, que mais tarde daria origem ao povo Maia. Era um grupo audacioso e guerreiro, que rapidamente dominou toda a região. Porém, a audácia se transformou em ganância, o que levou aquele povo a ser temido por todos os demais, fosse por sua inteligência na arte da guerra ou pela truculência que eles empregavam contra seus inimigos após as conquistas.
As crianças dessa aldeia eram preparadas desde muito novas para crescerem fortes, como verdadeiros guerreiros. Aquelas que não demonstravam aptidões para isso, eram treinadas para outras funções, como as de sustento da aldeia e, principalmente, dos grupos de ataque. Com o passar do tempo, e com o aumento absurdo da ganância daquele povo, tudo o que era produzido para a alimentação, acabava destinado aos guerreiros, e assim, os demais habitantes começaram a passar sérias privações. Sem alternativas para manter seus guerreiros bem alimentados, o líder da aldeia acabou por escravizar seu povo, e entre eles, seu próprio filho Mays, que não tinha aptidões guerreiras.
Com o passar do tempo, uma grande estiagem foi anunciada, e na medida em que os campos secavam, o poderio guerreiro diminuía. Territórios foram perdidos para outros povos, que se aproveitavam da desgraça Mayrim para retomar o que lhes fora tirado em outros tempos. Alguns começaram a notar algo estranho naquela situação climática, pois apenas os campos da aldeia Mayrim é que se mantinham sem chuva, enquanto os demais se mostravam férteis. Então, para tentar entender o que estava ocorrendo, um grupo de Mayrins viajou durante dias, até encontrar um oráculo muito antigo, e que segundo a crença, falava com os deuses. Porém, o que eles ouviram desse oráculo, não foi nada bom.
--Vocês estão sendo castigados. A ganância os dominou, e em nome dela, vocês destruíram, mataram, tomaram o que não lhes pertencia, escravizaram. E agora, somente a chuva do arrependimento é que alimentará seu povo. Mas, somente a chuva mais pura.
Assim falou o oráculo, e depois se calou, sem explicar mais nada. Os anos passaram lentamente, com a situação de fome piorando a cada dia. Não existiam mais guerreiros, e sequer os líderes da aldeia aguentaram a fome, sucumbindo um a um. Um dos poucos que ainda se mantinha altivo e com ânimo, era Mays, o filho legítimo do último lider guerreiro. Mas, Mays era diferente, e não enxergava a guerra como um meio justo de viver. Pelo contrário, sempre teve amor pela terra e pelas coisas que ela oferecia. E mesmo enquanto escravo, nunca reclamou de lavrar ou plantar.
As coisas pioravam a cada dia, o que deixava até Mays muito entristecido e desanimado. Ele, agora casado e com filhos, via seu povo definhar ainda mais, e sabendo que tudo estava próximo do fim, foi até seu mirrado campo de plantio. A noite era de luar, o que permitia ver a secura da terra. Suas pernas, enfraquecidas pela fome, não aguentaram e jogaram-no ao chão de joelhos. Atrás dele, um de seus filhos, o mais velho, o observava, e ficou assustado quando uma luz intensa tomou seu pai.
Mays, ainda de joelhos, olhava para o alto e suplicava por seu povo. Olhou firmemente na direção da lua, e deixou que suas lágrimas corressem, até caírem de seu rosto e atingirem o chão. Aquela luz o tomou de tal forma, que seu corpo todo brilhava, e em instantes, ele desapareceu. Seu filho correu até onde ele estava, mas não encontrou nada alí. A única coisa que viu, foram alguns pontos brilhantes no chão, justamente onde as lágrimas de seu pai haviam caído. E o menino ficou ainda mais assustado ao ver, logo em seguida, brotar do chão um arbusto esquisito e brilhoso, trazendo nas pontas, as lágrimas de Mays. Gostas de chuva despencaram e molharam a face do menino, que não sabia se chorava pelo pai, ou se alegrava pelo fim da estiagem.
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Depois daquilo, Mays nunca mais foi visto por ninguém. Contam que aqueles arbustos que o menino viu aparecer, cresceram como mágica e se multiplicaram, alimentando e salvando a aldeia Mayrim. Dizem, também, que isso só foi possível porque Mays chorou as lágrimas do arrependimento, e deu sua vida por seu povo, e os deuses reconheceram e retribuíram com a chuva pura em troca da vida daquele líder. Aqueles arbustos foram batizados de Zea Mays (traduzido, quer dizer “sustento da vida”), em homenagem ao grande chefe Mays, e hoje é amplamente consumido pelo mundo todo e popularmente conhecido como milho.
Marcio JR
Uma bela Fabula contada de uma forma muito linda!
ResponderExcluirMuito linda a fábula. Aproveito para lhe desejar uma Páscoa abençoada! Beijos!
ResponderExcluirUm alimento tão versátil quanto o milho, merece mesmo uma linda história contada por vc, querido.E Cristóvão Colombo tb ficou maravilhado com essa descoberta, tanto que quando ele voltou de uma de suas viagens às Américas disse que trouxera algo parecido, mas muito mais valioso que o ouro... O milho.
ResponderExcluirDeixo um beijo e o desejo de uma feliz páscoa.
LINDA FÁBULA COMO TUDO QUE ESCREVE MARCIO..
ResponderExcluirRELMENTE ALGO PARA SE PENSAR ALGO QUE ACONTECE DE VERDADE NA VIDA ..A GANANCIA ..A FALTA DE RESPEITO COM TUDO E COM TODOS ..E NO FINAL DE TUDO QUEM SOFRE SÃO AS PESSOAS.
O MILHO É REALMENTE MELHOR QUE O OURO NUMA SITUAÇÃO DESTE DE NECESSIDADE DE UM POVO SE ALIMENTAR ..
LINDA MARCIO ADOREI
BJS
OTILIA
Bom dia Marcio
ResponderExcluirBoas Festas - Boa Páscoa
As pessoas simples têm os sorrisos mais bonitos que se encontram. Não são gananciosos nem prepotentes.
São amigos e conservam o valor da vida e da partilha, do respeito e da sã convivência.
Maninho vim apenas te desejar Feliz Páscoa.
ResponderExcluirMais tarde venho comentar teu texto.
Beijoa
Feliz Páscoa!
ResponderExcluirBjbj
She
Meu amigo Márcio, como todos os seus textos, a fábula ficou esplêndida e muito bem construída. Há no texto um misto de doçura do autor, com a leveza da mensagem ou moral da história, o que o tornou uma leitura agradabilíssima. É sempre prazeroso passar por aqui e no ensejo que desejar-lhe uma abençoada e feliz Páscoa, como todos os significados que ela guarda em si, de paz, amor, harmonia, se renovem em sua vida todos os dias.
ResponderExcluirUm grande abraço, meu querido amigo.
Celêdian
Maninho,fiquei lendo teu texto e achei lindo.
ResponderExcluirUm conto que deixa a vontade de ler,e ler ir mais além.
Aqui também a chuva nos presenteou, minha mãe fez bolo de chocolate e cafezinho preto, que gostosura.
Ah, e euzinha fiz um caldo com legumes, para o jantar ficou dez.
Beijo Maninho.
Marcio,conto pra lá de lindo!Confesso que não conhecia e achei bastante emocionante!bjs e boa semana!
ResponderExcluirLinda história. Lendo ficar a pensar como a ganância tem feito o homem se ferir e ferir os outros.
ResponderExcluirAmo vir aqui. Tenha uma terça abençoada. Bjs
Márcio, sou apaixonada por fábulas, histórias e mitologias. Para mim um mito sempre mostra um pouco da realidade da sociedade de onde surgiu.É claro que a imaginação e a crendice vão além.
ResponderExcluirOs povos Maias, assim como os Astecas e Incas não só se alimentavam do milho. Para eles o milho era sagrado. Eles viviam do milho e para o milho...
Não preciso dizer que adorei...
Fez o Bacalhau??? Rsrsrs
Bjs
Marcio, te respondo o email que me mandou ontem.
ResponderExcluirMas não havia te enviado link nenhum maninho.
Tive um blog Diário de Fernanda, mas já acabou faz tempo.
Cuidado com estes emails tá?Só te respondi ontem o que me mandou.
Beijo querido
Olá maninho,passei para te deixar um beijinho.
ResponderExcluirEstou exauta hoje aff!Risos...
Mas ainda preciso estudar para uma prova amanhã snif!
Beijinho
Boa noite maninho.
ResponderExcluirHoje a tarde foi minha, fiquei em casa, estava precisando.
O carro que iria nos levar em campo, teve problemas e daí a folga.
Estou indo visitar os amigos. Já faz tempo que não tenho dado conta de ir visitar, a todos que gosto.Mas espero conseguir mesmo a passos de tartaruga rsrsrs.
Fica com meu beijo e admiração.
Beijos Marcio
Marcio que conto mais lindo, que lição de vida, a ganância, a vaidade e a sede de poder são o grande câncer da humanidade, que deixam de ser humanos, parabéns por tão belo conto realmente foi o melhor texto que li hoje, beijos Luconi
ResponderExcluirMeu querido, li e reli e nas duas vezes, senti e tive impressões diferentes de um mesmo texto. Como a gente consegue descobrir, desenterrar segredos por entre as linhas, não é mesmo?
ResponderExcluirE essa capacidade que tens de nos envolver em cada virgula, em cada pingo de i, em cada desenrolar com que tece sua história, é de uma espetáculo magistral.
Enquanto lia, me veio a mente o como os homens foram sendo "adestrados", ensinandos, de certa forma, alienados para viverem civilizadamente, de como essas crianças deviam se comportar, desde muito cedo para de certa forma, serem inseridas na sociedade, naquela comunidade. E tudo envolvia tantas crenças, tantos costumes, como é até hoje.
Me veio a mente tbm, as crendices populares, estas que são ainda na maioria o que sustenta nosso povo, nossas raizes.
Me veio também, resquícios de mitologia grega rsrs
Você faz uma mistura inconfundível e a gente se surpreende sempre mais.
Beijossssssss querido meu.
Te adoroooo
Sam.
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ResponderExcluirManinho desculpa, te mandei um email veja se estiver aí.
ResponderExcluirBeijo
Boa noite maninho, vim deixar um beijo pro maninho mais querido.
ResponderExcluirEssa nossa correria está mesmo cansativa hem maninho? Hoje aqui foi pesado, mas sempre vem a hora de relaxar.Adoro essa hora de poder visitar meus queridos, é como uma compensação.
Fica com Deus.
Beijinho
Marcio maninho, tão bom ouvir tuas sábias palavras por lá.
ResponderExcluirObrigada por estar sempre por perto.
Beijinho querido
Ainda ontem estava assistindo Globo Rural e falavam sobre experiencias com o grão de milho.Pensei como o milho é mesmo um alimento completo!E agora vc vem com essa bela lenda!Tomei a liberdade de copiar pra postar no Recanto daqui alguns dias!Bjs e meu carinho!
ResponderExcluirOi maninho, amei o presente, obrigada!
ResponderExcluirVocê é muito dez.
Sabe que eu estava sem saber o que escrever, e quando veio tuas imagens, eu logo tive inpiração para rabiscar algo.
Amei!
Beijinho Marcio
Maninho, obrigada por me avisar do carinho da Anne.
ResponderExcluirFoi muito legal, fiquei muito feliz.
Ela me emocionou, é uma querida.
Você tmbém é um querido.
Beijo.
Como sempre, lindo ,Márcio.Tens profundidade nas escrita e ao mesmo tempo ,leveza...Lindo!! Te vi na Ilustração da Nanda! Adorei e combinou bem com ela. abração e dá uma olhadinha aqui: vais gostar de saber: http://canteirosdavida.blogspot.com.br/2012/04/viva-viva-aos-poucos-chegamoskikolino.html
ResponderExcluirabração,chica
Marcio,hoje fiquei aqui relendo seus textos que sou fã e tb vim agradecer pelos comentarios deixados no meu blog sobre as poesias da Chica e Nanda!Vc é muito querido!Bjs,
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