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A capela mortuária estava lotada. Pessoas de todos os tipos estavam ali, prestando a última homenagem àquele homem. Tudo transcorria na mais pura normalidade, até que, do nada, apareceu uma certa mulher, apressada e arrastando três crianças pelas mãos. Era uma mulher comum, bela, e vestida de forma simples. As crianças, duas meninas e um menino, aparentavam ter entre seis e dez anos, e a menina maior parecia um tanto inquieta, e puxava insistentemente a mão daquela mulher. E acabaram parando bem próximas ao caixão, que já se encontrava fechado e na iminência de sair para seu destino final.
--Quem é a sirigaita, a tal esposa desse defunto safado? --a mulher perguntou em tom alto e chamando a atenção de todos.
Num canto, outra mulher levantou a cabeça e ficou apenas observando, quieta. Seus olhos se encheram de dúvidas, até que suas pernas a levaram até aquela outra, que parecia ter a única intenção de armar a maior confusão.
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--Você deve ser a esposa desse pilantra, não é? --a mulher invasora continuou, sem dar a chance da outra argumentar algo. --Pois saiba que esse safado, depois de te alisar em casa, saia por aí, pegando tudo que era “periguéti”. Vivia nos bordéis. Olha aqui o que ele me deixou. Três filhos. E agora? Você está aí, com tudo o que ele deixou... e eu? Como fico?
--Olha, eu não te conheço. --a viúva argumentou, mostrando descontentamento. --Meu finado marido era um homem bom, voltado para a filantropia e...
--Filantro... o quê? --a invasora ficou ainda mais indignada. --Esse borra-botas era um depravado. Quando estava sem dinheiro, até com travesti se envolvia. E sabe-se lá o que mais ele aprontava.
O murmúrio que havia se formado no local, cessou imediatamente. A viúva, ao ouvir aquilo, estremeceu. As pernas bambearam, e somente não foi ao chão porque um de seus filhos a amparou.
A filha mais velha da mulher invasora tentou chama-la novamente, mas não recebeu atenção. A mulher estava transtornada, e durante quinze minutos falou o que pode, sem ser interrompida por ninguém.
--E todos vocês aqui, prestem atenção. Ele xingava todo mundo, dizendo que nenhum dos parentes ou amigos prestava. Falou várias vezes que se vocês morressem, ele não se importaria. Vocês não passavam de lixo para ele.
Todos ficaram pasmos e começaram a sair do local. A viúva, cabisbaixa, se enroscou ao braço do filho e também se retirou. Em poucos minutos, restavam naquele ambiente apenas o defunto, a invasora e as crianças. E a filha mais velha continuava cutucando a mãe.
--O que foi, menina? Por que você continua me cutucando assim? Não tá vendo que eu to nervosa?
--Mas, mamãe... lá na portaria, falaram que o papai estava na capela 5, mas a placa ali fora diz que essa capela aqui é a número 3.
--Cáspita! --a mulher praguejou, olhando para aquele caixão fechado. --Até depois de morto, aquele peste do Aderbal me arruma confusão. É por isso que eu sempre falo: homem nenhum presta, nem depois de morto.
MarcioJR
EX-CE-LEN-TE!!!! morrendo de rir com tua história, meu caro Marcio, tão magistralmente descrita.
ResponderExcluirUma história absolutamente plausível, por sinal. Fiquei pensando, em um caso assim, mesmo que o êrro da mulher invasora se reconheça mais tarde e que se esclareça que tudo não passou de um malentendido da parte dela, tenho certeza que na cabeça de muitos da família iria ficar resíduos de incerteza. Sobrariam muitos "nunca se sabe" por aqui e ali, certamente.
Meu amigo, fico imensamente feliz em saber que você voltou com a mesma verve de sempre, com esse talento ímpar que tem para a narrativa e a crônica e, não posso esquecer, para a poesia também. Desconhecia que vc estava ausente por razões de saúde, amigo. Espero, todavia, que não seja nada lá de muito grave, e lhe deixo aqui os meus mais sinceros votos de boas melhoras.
Um grande abraço, Marcio, bom fim de semana, e parabéns pela bela história que nos contou.
André
Meu Deus!
ResponderExcluirQue confusão!!!
Por isso se deve ter bem certeza das coisas.
Um ato destes,fere muitas pessoas e fere feio.
Maninho, como é bom te ter de volta.
Não sabes como teus textos é maravilhoso para refletir.
Te deixo um beijo com carinho e admiração.
Fernanda
Tásquêupariusss... rsrs
ResponderExcluirPor isso que vou deixar um pedido de cremação instantânea sem presença de velantes...kkkkkkkk
Deussssssssssszulivre mêu... que baixaria!!! kkk
Valeu Marcio, vortô apimentado né amigo...
Abraços
Tatto
Gente, que louca essa mulher.
ResponderExcluirAdorei isso.
Beijo, Márcio, saudade de vir aqui.
Aaahhh! Que saudades de você, meu poeta! Não pode sumir desse jeito...rs! Confusão pouca é bobagem, né? Adorei sua crônica! Você faz falta, querido amigo, e torço para que você volte de vez logo! Beijos!
ResponderExcluirmisericórdia que onda rsss , e o pior é que acontecesse mesmo...muito boa sua crônica beijo Marcio e obrigad pela visita e carinho.Um fds de muita paz
ResponderExcluirIupiiiiiiiii! Márcio. você voltou? Estou lhe escrevendo pela terceira vez espero que consiga publicar, não vou me estender como as outras duas vezes, pois acho melhor fazer um teste. Adoooooorei a sua visita como é bom reencontrá-lo. Abraços Poéticos desta piracicabana. Vou testar espero que este comentário chegue com sucesso e olha que nem cvou contar sobre os velórios que contei nos outros. Lá vai!
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, jesussssss toma conta!
ResponderExcluirAiiiiiiii Moço! Que confusão que foi e quantas gargalhadas me rendeu!
Por isso aconselho estar bem sóbrio e atento quando fizer certas coissitas.... hehe
Beijosssss, querido meu!
Que bafafá!!!rsrsr Muito engraçado.Tu és demais!Adorei! abraços,lçindo fds!chica
ResponderExcluirMorreu o homem, talvez de morte natural, mas sua boa reputação foi assassinada brutalmente...que pecado!
ResponderExcluirRs
Um beijo, moço.
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ResponderExcluirVim desejar um fim de semana de bençãos.
Filipenses, 4:6 - Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.
Deixo um abraço de paz e alegria.
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Vim para certificar que o comentário foi publicado e resolvi publicar o meu comentário lá no Agenda Cultural Piracicabana: "Iupiiiiiiii! Você voltou! Que bom receber um comentário tão valioso e balizado como o seu, além de sincero e repleto de verdades, meu grande amigo e poeta Márcio. Obrigada pelas palavras tão repletas de entusiasmo. Valeu! Ana Marly de oliveira Jacobino Um abraço poético aqui dsta Piracicabana
ResponderExcluirOla Marcio, é profundo seu pensamento, a sua expressão é simplesmente maravilhosa, parabens poeta.
ResponderExcluirkkkkkkkkkk!
ResponderExcluiro que a falta de comunicação e atenção não faz!
hilário!
paarabéns Márcio!
abraços
Sem preconceito com a expressão: isso não é um barraco, é um cortiço inteiro. hahahaha! Que mico, meu amigo! Nem tem como consertar uma cena dessas. Foi para o ar sem ensaio nem cenário adequado. hahahah! Muito boa, Márcio. Abraços. Paz e bem.
ResponderExcluirkkkkkkkkk
ResponderExcluirEita ... eita ... eita
Que confusão aiai
Beijos Marcio
Ótimo fim de semana.
Oi Marcio....
ResponderExcluirAdorando suas visitas...obrigada!
Ri muitOOOOOO....KKKKKKKK!
Hilário!!!!!
Amo piadas....
bjo querido amigo!
Zil
Ui! rsrs Beijo, beijo querido!
ResponderExcluirShe
Márcio, a condução de suas narrativas são simplesmente admiráveis. A leitura flui agradavelmente.
ResponderExcluirQue baita confusão se armou por conta falta de atenção e de escrúpulos da amante do defunto. Entre o hilário e a seriedade fica a questão, ficção e realidade muito plausível de acontecer.
Excelente texto, amigo.
um abraço,
Celêdian
Coitado do finado! Tomara que essa barraqueira tropece e caia numa cova com bem mais de sete palmos...rsrs. Mesmo dodói você faz a gente rir, né, menino? Beijo no coração.
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