quinta-feira, 16 de abril de 2015

LOUCA LIBERDADE



imagem coletada no Google






Quero toda sua pouca castidade
Quero toda sua louca liberdade
Quero toda essa vontade
De passar dos seus limites
E ir além, e ir além...
”.¹








Talvez você nem saiba, menina, mas quando você tinha lá os teus 16 anos, já existia quem te descrevesse para o mundo. Alguém cantava teus passos futuros num ritmo que me fazia dançar mentalmente e imaginar onde andaria aquela que seria a dona da minha vontade.

O engraçado, menina, é que existia em você uma vontade tão grande de liberdade, ou de voar, ou ainda de expansividade, que você se encolhia. É. Ninguém entendia teus anseios. E era no seio dessas querências que você foi moldando todo teu caminho, sempre assim, quietinha e com esse jeito acanhado.

Me apaixonei por você sem ao menos saber que você existia. Eu te amei em sonho, em pensamento, no cheiro do teu perfume que vinha pelo vento. Te desenhei tão perfeitamente num papel imaginário mas, veja que coisa estranha... eu não sei desenhar sequer uma linha reta com uma régua. Mas desenhei. E guardei esse desenho no álbum dos meus dias.

Sou um maluco apaixonado por tudo aquilo que me faz bem, e você sabe fazer isso como ninguém. Sempre fez, desde antes de me conhecer. Não entendeu? Ah! Tão fácil de explicar. Você só me ensinou coisa boa, como a ser paciente, pois te esperei tanto, e tanto... ou ainda a jamais perder a esperança. Me ensinou a lutar pelo que eu quero e acredito, e também que os limites... os limites são apenas provas de uma etapa, e que se forem vencidos, passamos prá outra. Aprendi, com você, que o amor não é essa coisinha banal e meramente etérea que alguns praticam. Fui a fundo nessa arte, e vi que sou um mero aprendiz. E quer saber? O mais gostoso de tudo é aprender com você como se ama de verdade.

Mas o melhor de tudo é que você tem me ensinado, nos nossos dias de hoje e amanhã, que somos, sim, dois alquimistas insaciáveis, e que aos poucos libertam seus sonhos e desejos. E estamos fazendo isso juntos, mesmo que trombando contra algumas montanhas teimosas, que insistem em bloquear nossas veredas.

Te ver pela primeira vez não foi como ver o mar. Não, não foi. Foi mais. Foi como olhar pela janela de um trem, lá no meio do desconhecido, e enxergar a mais alta montanha, no meio do verde ensolarado, e mirar lá em cima um pássaro ávido por escalar aquele mirante desafiador.

É. Te ver pela primeira vez me deu vontade de voar, e provar toda essa louca liberdade que, agora, você sabe que te move.

Gostoso é saber que não precisamos de praças imensas, com seus jardins povoados de gente louca e apressada, mas sim de um quintal lá nos fundos de nossa casinha pequena no pé do morro. Diamantes? Que nada. Queremos cascalho, seixos e quartzo, artesanalmente moldados pelas mãos do universo. Nada de champanhe cara e licor marrasquino. Um vinho feito das nossas uvas já satisfaz. E nas nossas loucuras, transar na rede é muito melhor do que dormir em lençóis de seda dos hotéis de luxo.

Prá nós dois, criança combina com lama, não é? E com fruta no pé, com pipa subindo alto e com alguns palavrões que nós mesmos vamos ensinar. Nada dessa criação casta e absurdamente alienante que hoje se verga em nome de uma “vida politicamente correta”. Nossa cria será solta e sabedora de sua liberdade, mas também do respeito que deverá ter pelo próximo, seja ele gente, bicho ou um mero capim.

E assim, menina, nossa semente será deixada, para continuar tudo aquilo que cremos e escrevemos. Que o universo não apenas nos ouça, mas que nos eternize no sangue perfumado e na tez clara de Clara.

Pois sabemos “...que a vida pode ser maravilhosa”.²

E foi quando te vi matéria–prima das minhas lágrimas de felicidade.

Jamais tenha medo de sonhar, pois o sonho é o princípio de toda e qualquer realização. Eu te sonhei durante toda a minha vida, e será assim para o SeMpre.

E se eu precisar agradecer a alguém por ter me apresentado você, acho que agradeceria ao Ivan Lins, pois foi justamente por ele que descobri que uma certa menina Vitoriosa já habitava meu peito, e com raízes que somente vidas passadas poderiam, e podem, explicar.

Essa louca liberdade está em você, menina. É hora de ir além.



¹ e ²“Trecho da música VITORIOSA
Autores: Ivan Lins , Victor Martins
Álbum: O Essencial De Ivan Lins
1999”.


Marcio Rutes



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