sexta-feira, 15 de agosto de 2014

UMA FESTA MALUCA NO PAÍS DAS MARAVILHAS - cap. 2

ATENÇÃO
Este conto não é recomendado para crianças.
Contém expressões e/ou frases que podem ser 
inadequadas para menores de 14 anos de idade.


CAPÍTULO 2

Não leu o primeiro capítulo? 

Gato de Cheshire


parte 3. UMA ALICE DESLUMBRADA E UM CHAPELEIRO DE MAU-HUMOR


―Tem certeza, Dorinha? ―o gato de Cheshire estava assustado com a solução da menina. ―Trazer adultos para cá? Não gosto disso.

Não seria a primeira vez em que Dorinha levaria um adulto para o Mundo Mágico. Mesmo existindo alguns empecilhos que dificultavam tal ação, Dorinha parecia ter algum poder que ultrapassava os limites comuns daquele lugar. E além disso, alguns adultos também se encantavam com os contos infantis, mesmo provocando estragos quando estavam dentro de um deles. A Vovó de Chapeuzinho Vermelho e o Lobo-Mau sabiam bem disso.

―Ora, Ches! Não seja tão regulado. Cadê aquele gato irônico e cheio de 9 horas que eu conheci lá no conto da Vendedora de Fósforos? Gostava mais de você daquele jeito. Assim como está, mais parece uma hiena azarada e tristonha, como aquela do desenho do Lippy e Hardy.

―Tá, você me convenceu. Vamos começar logo com isso, porque o coelho já tá dando com a cabeça no tronco da Lagarta! Daqui a pouco ele morde o rabo dela, de tanto desespero e pressa!

Dorinha sentou e se concentrou. Seria a segunda vez que tentaria fazer aquele encantamento, mas ainda assim não era algo fácil de realizar. No meio do encantamento, lembrou de Jujubão, seu cachorro, e pensou que ele poderia ser útil. Então, concentrou-se nele também. E não demorou para que uma bela jovem se materializasse bem diante do gato, fazendo-o arrepiar-se todo.

―Caraca! ―comentou o gato, arregalando os olhos. ―Ela é uma gata, mas não é loira. Não pode ser Alice!

―Dá um tempo, Ches! ―Dorinha retrucou, empinando o pequeno nariz. ―Se a Alice verdadeira virou modelo de lingerie, porque não pode ter pintado o cabelo também? E deixa te apresentar a Samara, minha amiga de outros contos.

―Eu... eu... ―a nova visitante do mundo mágico ficou sem entender o que estava acontecendo, até que aos poucos reparou a presença de Dorinha. ―É você, Dorinha? E esse aí flutuando? Quem é? É o gato da Alice? Ahhhhhhhhhhhh!

Samara soltou um grito e pulou para perto do gato, agarrando-o e dando um forte abraço. Jogou-o para cima, apertou suas bochechas e, por último, deu um puxão forte em seu rabo. O gato tentou correr, mas não conseguiu. Miou, e quando Samara tentou apertá-lo novamente, ele desapareceu, mantendo apenas o sorriso visível.

―Adooooooro esse gato.

―Ela é louca. Mais louca do que eu. Tira ela de perto de mim.

Dorinha ria e se divertia com a cena. Mas algo estava errado. Onde estava seu cachorro, o Jujubão? A menina olhou ao redor e não viu nada além da floresta que cercava tudo. Até que, repentinamente, um latido chegou aos ouvidos de todos.

―Jujubããããããão! Vem cá, garoto. ―Dorinha gritou com toda a força que pode.

Instantes depois, um coelho apareceu em disparada e passou por todos, levantando poeira. Dorinha arregalou os olhos, assustada, pois logo depois do coelho, apareceu um cachorro, também em disparada e quase alcançando o coelho branco. Mas não era Jujubão.

―Quem é esse cachorro? ―Dorinha perguntou, olhando para o gato e para Samara.

―Sei lá! ―o gato respondeu, sem dar muita atenção. ―Esses pulguentos, para mim, são todos iguais.

Samara, no entanto, foi quem mais se surpreendeu. Quando o cachorro chegou mais perto, ela abriu a boca e pronunciou alguma coisa, que ninguém entendeu.

―Que foi, Samara? Você conhece esse cachorro?

―É o Sushi! Mas, o que ele está fazendo aqui?

―Sushi? ―o gato estranhou, arregalando os olhos. ―Isso lá é nome de cachorro, mulher? E um gato, como você chamaria? Sashimi? Cada uma que me aparece.

Não demorou para que o coelho contornasse uma árvore e voltasse bem para onde os outros estavam. Quando chegou perto deles, pulou e se atirou para cima do gato, que sem ter o que fazer, amparou o coelho em seus braços. O cachorro, ainda correndo, também saltou e abocanhou o que viu pela frente, ou seja, o rabo do gato.

O gato de Cheshire cerrou os dentes e permaneceu em silêncio. Ficou amarelo, depois roxo, azul e, por fim, vermelho. Sem poder mais segurar a respiração, abriu a boca e miou de um jeito esganiçado, assustando o coelho, que tentou fugir, mas não conseguiu, pois logo em seguida o gato cravou seus dentes no lombo do coelho.

A confusão só aumentava. Samara tentava puxar seu cachorro, mas ele resistia e não soltava o rabo do gato. Enquanto isso, Dorinha fazia o possível para livrar o coelho dos dentes do gato, puxando-o pelas orelhas. O coelho começou a esticar, esticar, esticar, até que Dorinha escorregou e o soltou, fazendo com que todos rolassem para perto do casulo que a Lagarta estava fazendo. O gato de Cheshire foi quem levou a pior, sendo arremessado diretamente para o casulo. A Lagarta, quando viu aquilo, tentou correr, mas não conseguiu, e acabou levando uma enorme trombada do gato.

―Socoooooorroooo!

O pedido de socorro veio da Lagarta, que sem conseguir se segurar, foi arremessada para dentro de um córrego cheio de peixes esquisitos e dentuços. Alguns segundos depois, ela saltou para fora do córrego, mas não sem ter virado vítima de um dos peixes, que saiu junto com ela, mordendo seu rabo.

Tanto Dorinha quanto Samara correram até ela, pensando em salvá-la. Depois de tudo calmo, Dorinha tratou de explicar a todos o que pretendia ao ter trazido Samara até o Mundo Mágico. Ela substituiria Alice na festa, mesmo não tendo os cabelos aloirados. E desta vez, ela permaneceria com seu corpo adulto, ao contrário do que acontecera da outra vez, quando ela substituiu Chapeuzinho Vermelho. Mas, mesmo assim, ainda faltava alguém para assumir o lugar do Chapeleiro.

Foi quando Samara chamou Dorinha e cochichou algo em seu ouvido.

―Será, Samara? Não temos muito tempo para tentar outra coisa depois.

―Claro, Dorinha. Ele é maluquinho igual ao Chapeleiro, meio turrão, abobalhado, um tanto mau-humorado, e eu amo ele.

Dorinha olhou seriamente para Samara, e lembrou da primeira vez em que as duas se encontraram. Samara cultivava, nitidamente, uma criança num corpo adulto, e o deslumbramento ficava visível a cada vez que se deparavam com algum personagem, ou uma maluquice qualquer, do Mundo Mágico. E quando isso acontecia, a confusão teimava em se formar.

Será que tudo o que planejaram daria certo? Samara seria convincente e interpretaria uma Alice como aquela que a Rainha de Copas conhecia? E o Chapeleiro? Seu substituto desempenharia bem o papel?

―Ai, ai! ―o gato torceu o sorriso, fazendo um “x” com a boca, e mostrou preocupação. ―Nossos pescoços estão com as horas contadas. Mas, enfim, aqui é o reino das maluquices mesmo. Vamos lá. O que vocês precisam que eu faça?

Todos se reuniram bem perto do tronco da Lagarta e confabularam. Pontos de interrogação e exclamação começaram a surgir por todos os lados, até que o gato tornou a sorrir.

―É! Gostei! ―o gato sentenciou. ―É maluco, pode dar tudo errado, mas vai colocar um pouco de adrenalina nesse povo. Simbóra!




Samaruja Dançando (Família Maruja) - todos os direitos reservados



parte 4. A FESTA E ALGUMAS SURPRESAS “INSURPRESÍVEIS”

―Ele ainda não chegou? ―o Coelho Branco perguntou, tomando de um só gole o suco de cenoura que o gato de Cheshire havia dado a ele. ―Estamos ferradinhos... hehe... estamos atrasados, fuzilados. Não. Fuzilados não. Descapi... descabe... despescoçados... hic. hic. Hic.

Dorinha e Samara olharam para o Coelho Branco e estranharam. Ele não estava agindo como sempre. Tanto que sua face, de branca, estava completamente cor de rosa. Quando andava, trançava as pernas feito bêbado, e assim que viu o Dodô, foi até ele e tascou-lhe um abraço nada contido. O Dodô, sem entender, retribuiu o abraço, e acabou sendo carregado pelo coelho para o meio do salão.

―A senhorita dança essa contra-dança comigo? ―o coelho perguntou, baixando a mão para a cintura do Dodô.

―Mas não tem música, coelho! E tem mais uma coisa! Onde você pensa que vai com essa porcaria de mão-boba?

Dorinha arregalou os olhos e mirou o gato, que sorria desmedidamente.

―O que você deu pro coelho beber, Ches?

―Ele não parava de perturbar. Então, dei cachaça de abóbora pra ele. Assim, ele larga do nosso pé.

―Oh, genteeeee! ―Samara chamou pelo gato e por Dorinha. ―Acho bom alguém segurar o coelho. Pelo que estou vendo, ele começou um “streep tease” em pleno salão. E a Rainha está para chegar.

―Ai, meu São Valentim dos Gatos Sem Rabo. Esse coelho vai me deixar mais maluco do que já sou. ―o gato suspirou e desapareceu, reaparecendo ao lado do coelho.

Instantes depois, cercada de muita pompa e de seus séquitos, a Rainha de Copas apareceu por uma porta. Com um simples golpe dos olhos, ela analisou cada centímetro daquele salão, e como não encontrou Alice e o Chapeleiro, começou a berrar de forma esganiçada.

―Cortem a cabeça de todos. Imediatamente. Alice e o Chapeleiro não estão aqui.

―A sua cabeça também, minha rainha? ―um dos servos perguntou, levando um safanão da rainha.

―É claro que não, seu tonto! Eu sou a rainha!

O gato de Cheshire, apressado, empurrou Samara e Dorinha até onde a Rainha de Copas estava. Seu sorriso amarelou imediatamente, e ele tremia tanto que seus dentes emitiam um barulho parecido com o de uma máquina de escrever antiga ao ser utilizada.

―O que você quer, gato vira-latas? ―a rainha perguntou, enquanto subia nas costas de um dos servos, que estava de joelhos, para poder alcançar seu trono.

―Vossa Famosidade! Minha querida e tão pestilenta rainha! ―o gato se aproximou o quanto pode da rainha, e apontou para Samara. ―Alice está aqui. Veja, é ela bem ali.

―Essa não é Alice! Alice é loira. E quem é aquela outra meio-quilo que está junto?

O gato de Cheshire não sabia o que dizer. Abriu e fechou a boca várias vezes, até que sem ter mais o que fazer, olhou para Dorinha e pediu ajuda.

―Bom, sua Majestina! ―Dorinha atravessou-se na conversa, tentando dar alguma ajuda ao gato. ―É claro que ela é Alice. Só que pintou os cabelos. Vossa Esperteza sabe que nós, mulheres, não suportamos a mimosisse.

―Mimosisse? Que diabos é isso, afinal? ―de olhos arregalados, a rainha desceu do trono e foi até Samara e Dorinha.

―Mesmice, sua atontalhada. ―o Coelho Branco gritou lá do meio do salão, enquanto tomava outro copo do tal suco que o gato havia dado a ele.

―Ah! Claro... sim, sim... eu acho! Sim... eu acho que acho que sim! É, penso que ela é, realmente, Alice. Mas me diga. Se queria pintar os cabelos, por que não me procurou? Sou representante da Avon e da Jequití, e no catálogo desse mês tem algumas tinturas ótimas.

Samara e Dorinha se olharam e não acreditaram. Representante da Avon e da Jequiti?

―A vida anda difícil por aqui! ―o gato de Cheshire cochichou para as duas.

―E essa tampinha, quem é? ―a rainha retomou a palavra, apontando Dorinha.

―Ué! Aqui não é o mundo mágico? ―Samara tomou a palavra, mirando a rainha. ―Ela é a Alice de ontem. Eu sou a Alice de amanhã. Até parece que não pensa!

A rainha silenciou. Olhou, olhou e olhou para as duas a sua frente, até que determinou.

―É! Gostei. Duas Alices pelo preço de uma. Que comecem as festividades pelo aniversário de Alice. Cadê o Chapeleiro?

Samara, Dorinha e o Gato de Cheshire se olharam, mostrando surpresa. Aniversário de Alice? Não era para ser o aniversário da Rainha de Copas? O que estava acontecendo?

―Cadê o Chapeleiro? Não falei que queria ele como DJ? Cortem a cabeça de todos.

―Nããããããão. Vai com calma aí, vossa Bestialidade! ―Samara gritou, tentando ganhar tempo. ―Já já o Chapeleiro chega...

Samara interrompeu o que falava e afinou os ouvidos. Repentinamente, as luzes diminuíram a intensidade e uma música bem conhecida de Samara começou a tocar.

Alice não me escreva
aquela carta de amor...
Alice não me escreva
aquela carta de amor
”.

Lentamente, todos olharam para o grande pedestal que fora armado bem ao centro do salão. Como as luzes estavam fracas, a única coisa que conseguiam enxergar foi uma vistosa cartola que se mexia, e também algumas luzes coloridas que brotavam dos equipamentos de som.

―É ele! Eu sabia que ele viria! ―Samara comemorou, enquanto o gato de Cheshire suspirou aliviado.

―Ahhh! Essa música é muito lenta. Eu sou a Rainha de Copas, e quero comemorar como se deve. Toca alguma coisa pra gente rebolar até o chão, DJ. E que comecem os festejos.

Segure o Tchan, amarre o Tchan,
segure o Tchan-tchan-tchan-tchan...
”.

A Rainha de Copas soltou um sorriso e correu para o meio do salão. Colocou as mãos na cintura e começou a rebolar, baixando a cintura até quase tocar o chão. Mas parou repentinamente, como se algo a incomodasse.

―Ninguém vai dançar? Cortem a cabeça de toooooooooodos.

Em menos de dez segundos, o salão estava a maior arruaça. Todos olhavam para a rainha e tentavam imitar seus movimentos. E assim, a festa foi até quase amanhecer, na maior tranquilidade.

Garçom
Aqui, nessa mesa de bar
Você já cansou de escutar
Centenas de casos de amor…

Abraçada a um dos Valetes, a rainha quase foi aos prantos. Ao ver aquilo, o gato de Cheshire correu até o DJ e pediu que ele trocasse a música e colocasse algo mais animado, ou a Rainha poderia ficar depressiva.

Puta que pariu, pisa no freio Zé
Veja em nossa frente o tamanho do buraco
Puta que pariu, pisa no freio Zé
Se o pé de bode cair, nós vamo tudo pro saco
…”.

Quando ouviu aquilo, a rainha saiu gritando feito louca, imitando alguém cavalgando. Não demorou e ela estava “puxando um trenzinho” em pleno salão. Dorinha e Samara, exaustas, foram até um canto do salão e sentaram, mas não tiveram sossego por muito tempo. Ao olhar para a grande porta do salão, viram duas pessoas entrarem. Duas pessoas muito conhecidas.

―Ferrou! ―Dorinha sentenciou, arregalando os olhos. ―Cheeeeeeees. Vem cá.

A rainha, mesmo entretida com a música, também notou a presença daqueles dois recém-chegados. Estaqueou e, sem se aperceber, todos os que vinham atrás dela se amontoaram, um batendo contra o outro. O DJ, vendo aquilo, parou a música imediatamente.

―Mas, quem são esses dois falsificados? ―a rainha perguntou, indicando aqueles novos visitantes. ―Imitadores de Alice e do Chapeleiro? Cortem a cabeça deles!

―Imitadores? Tá me estranhando, coroa? Sou a Alice verdadeira. E esse aqui comigo é o Chapeleiro. Ficamos sabendo que você tava dando pití, exigindo nossa presença nessa sua festa maluca. Não tá sabendo que a gente anda super-atarefados? Mas, enfim, chegamos.

―Se vocês são os verdadeiros, então quem são essas Alices que estão ali naquele canto? E o Chapeleiro DJ, que animou a festa até agora, quem é?

As luzes acenderam gradualmente, e a rainha, ao olhar para o DJ que animava a festa, arregalou os olhos e abriu a boca, assustada.

―Mas... é uma coruja! O que essa coruja está fazendo aqui? E essas Alices? Cortem a cabeça de todos.

―Páraaaaaaaaaaaaaaa! ―Samara gritou, indo até a rainha e encarando-a. ―Só sabe falar isso, é? Cortem a cabeça deles, cortem o pescoço deles! Muda o discurso. E tem mais. Não falamos que somos a Alice de ontem e a Alice de amanhã?

―É, falaram! Tinha esquecido.

O gato de Cheshire olhava para Samara e tremia. Sabia que a rainha detestava ser confrontada e contrariada, e algo pior poderia acontecer.

E aconteceu.

Sem que ninguém esperasse, o Coelho Branco se aproximou da rainha e, sorrateiramente, beliscou-lhe as nádegas. A rainha, irritada, virou-se e bateu no que viu primeiro. Mas, para azar dela, o coelho já havia saído dali, e quem levou o tapa foi outra rainha, a da Branca de Neve, que reagiu imediatamente. Um pouco mais atrás, as irmãs de criação de Cinderela se divertiam, gargalhando sem parar, mas em poucos instantes, estavam envolvidas na confusão.

Tanto a Rainha de Copas quanto a outra não gostaram daquelas gargalhadas, e partiram para cima das outras três, rolando pelo chão entre tapas, beliscões e puxões de cabelo.

―É brigaaaaaaaaa! ―alguém gritou, no meio da multidão. ―Vamos lá.

Samara e Dorinha subiram numa das mesas e, sem ter o que fazer, apenas olharam. Sushi, o cachorro de Samara, saiu debaixo de uma das mesas e começou a perseguir o coelho. Os dois entraram no meio da confusão, correndo feito doidos, e Samara foi atrás, sendo imitada por Dorinha.

Instantes depois, o gato de Cheshire trazia Dorinha, Samara e Shushi arrastados para fora da confusão. Lá no meio ninguém se entendia. A Rainha de Copas, com a roupa toda rasgada, subiu nas costas de um Valete e tentava morder a orelha do Capitão-Gancho, enquanto a Rainha da Branca de Neve dava uma chave de pescoço no Gênio de Aladim.

Uma torta de limão passou zunindo pelos ouvidos de Samara, e só parou quando acertou o rosto da Rainha de Copas. Samara olhou para trás e viu o gato de Cheshire ao lado da mesa de doces. Um sorriso apareceu na face de Samara, que sem demora, juntou-se ao gato e iniciou uma guerra de comida. Dorinha, vendo aquilo, correu para junto dos dois e não ficou parada. Pegou um pote de jujubas e despejou pelo salão, o que fez com que a maioria dos brigões escorregassem e caíssem sentados.

Gargalhadas tomaram o ambiente. Aos poucos, tudo foi silenciando, e somente a Rainha de Copas é que se agitava no meio do salão, rindo desmedidamente.

―Pronto! Ferrou tudo! ―o gato de Cheshire parou o que fazia, guardando uma das tortas num bolso mágico. ―Ela vai mandar cortar nossas cabeças.

As risadas não paravam, e a rainha, com a roupa toda rasgada e coberta de suor, foi até onde Samara e Dorinha estavam.

―Expliquem. Se conseguirem me convencer, eu vou amar essa festa.

―Explicar o quê, vossa “Iorgutesa”? ­―a pergunta veio de Dorinha, que agora estava diante do gato, escondendo-o da rainha.

―Iorgutesa? Que trem é esse?

―Sei lá! Acho que é rainha do “iorgute”! ―Samara respondeu de pronto, olhando seriamente para a Rainha.

―Iorgute? Eu adoro Iorgute! Tragam Iorgute para tooooooooodos. ―a ordem foi gritada pela rainha, que chegou bem perto de Samara, o suficiente para falar algo que somente elas ouviram. ―Eu também enrosco nessa maldita palavrinha. Não conta pra ninguém, tá! Agora, me explique.

―Mas, explicar o quê, afinal?

A rainha corou, serrando os lábios e bufando.

―Quem é, afinal, essa coruja que está lá como DJ?

―Ah! Isso? ―Samara armou uma cara de desdém, que surpreendeu a rainha. ―Pensei que vossa Maldadesa fosse mais bem informada. Ele é o DJ Marujo.

―Queeeeeeeeeeeeeeeeem?

―Escuta aqui! ―Samara retomou a palavra, mostrando um pouco de irritação. ―O Marujo é um dos melhores DJ’s dos novos contos infantis. Vossa Melequesa não lê Marcio Rutes não?

―Marcio Rutes? E esse agora, quem é? Conheço não!

―Cáspita. É meu namorado. E é ele quem desenha e escreve a Família Maruja. Não temos culpa se vossa Baixesa está tão desatualizada. Sua festa tem o DJ mais disputado dos contos infantis, portanto, agradeça a nós esse privilégio.

A rainha estaqueou. Será que ela estava assim, tão desatualizada? Samara e Dorinha, apreensivas, cruzaram os dedos, enquanto o gato de Cheshire tremia feito vara verde. E mais uma vez, todos se surpreenderam com as palavras da rainha.

―É! Eu gostei desse DJ Corujo. Vamos continuar com o aniversário de Alice.

Alguém se aproximou da rainha e entregou-lhe um papel. A rainha leu e, inesperadamente, sentenciou em alto e bom som.

―Cortem a cabeça de todos!

―De novo? Vou dar uma bifa nessa mulher! ―Samara bufou. ―E agora, vossa Chatesa, o que tá pegando?

―Não é aniversário de Alice. Então, por que essa festa?

―E por isso precisa mandar cortar o pescoço das pessoas? E outra coisa. Não é aniversário da Alice, mas é o meu. Por que não aproveitamos o salão e comemoramos?

―Mas você não é a Alice do Amanhã? Não deveria fazer aniversário no mesmo dia da Alice do ontem e do hoje?

Samara parou e pensou. E agora?

―Bom! É que no amanhã, vossa Inteligentesa vai estabelecer o dia 15 de agosto como o dia do pastel de palmito, e como eu adoro pastel de palmito, vou mudar meu aniversário pra hoje...

Um silêncio aterrador tomou conta do local. Ninguém ousava soltar um suspiro que fosse, como medo da reação da rainha.

―Isso aqui tá parecendo a casa da Mãe Joana, com todos tentando dizer o que eu devo fazer. Mas gostei disso. Dia do Pastel de Palmito. Dia 15 de agosto. Que seja. E que fique dito e estabelecido aqui no País das Maravilhas, que todo dia 15 de cada mês, será comemorado, também, o desaniversário do Pastel de Palmito e de Alice. E em cada desaniversário, eu quero uma festa como esta aqui, com as 3 Alices e os 2 Chapeleiros. Agora, solta o som, que eu quero mais é soltar a franga.

O Chapeleiro de Alice, que a esta altura já estava ao lado do Chapeleiro Marujo, de Samara, não pensou duas vezes. Tirou do bolso um pen-drive contendo umas mil e quinhentas músicas e entregou para o outro DJ.

DJ Marujo (Família Maruja) - todos os direitos reservados
―Tenha a bondade de escolher, seu Corujo! E vamos arre–ben–tar a boca do balão.

Sei que eu sou,
bonita e gostosa,
e sei que você,
me olha e me quer!
Eu sou uma fera,
de pele macia,
cuidado garoto,
eu sou perigosa...”.

A festa foi até o amanhecer. As rainhas, que antes brigavam, agora dançavam juntas, rebolando e cantando freneticamente. Os dois Chapeleiros se esbaldavam, enquanto o Coelho Branco se abraçava a um pé de mesa, enxergando tudo dobrado. Os três porquinhos subiram num palco improvisado e deram um show, imitando o moonwalker de Michael Jackson, e só foram interrompidos quando Sushi, o cachorro de Samara, resolveu armar uma correria com eles.

Tudo ia bem, até que em um dado momento, um enorme bolo foi trazido até o centro do salão. Era o presente da Rainha de Copas para as três Alices. No entanto, como o bolo era extremamente grande e nenhuma das três Alices conseguia sobras as velas que estavam lá pelo meio do bolo, o Lobo-Mau resolveu dar uma força. Aspirou, aspirou, aspirou e aspirou. Encheu os pulmões até não conseguir mais, e...

Bom, o resultado desse assopro gigantesco vocês podem imaginar, não podem?

No fim de tudo, um grande sorriso de gato engoliu toda a cena, devolvendo cada um para seu lugar. Dorinha ainda chegou a tempo de correr para a cama antes de seu pai acordar, enquanto Samara precisou ir para o banho, pois estava coberta pelo creme do bolo que o lobo soprou.

Já em outro canto do mundo, no nosso mundo real, alguém acordava e ligava seu computador. Uma certa estória em quadrinhos precisava ser terminada, uma história de corujas.

―Ué! Cadê minhas corujas que eu tinha desenhado ontem? E o que o gato de Cheshire está fazendo no lugar do meu personagem. Samaraaaaaaaaaa.

E assim, mais um dia maluco do mundo mágico terminou. Um dia em que o País das Maravilhas de Alice pode compartilhar do talento, da beleza, da simplicidade, sensibilidade... enfim, um dia em que o Mundo Mágico pode dizer FELIZ ANIVERSÁRIO, SAMARA.

E solta o som, DJ.



PERIGOSA (As Frenéticas) - by YouTube




Marcio Rutes




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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

UMA FESTA MALUCA NO PAÍS DAS MARAVILHAS - cap. 1

ATENÇÃO
Este conto não é recomendado para crianças.
Contém expressões e/ou frases que podem ser 
inadequadas para menores de 14 anos de idade.


CAPÍTULO 1




parte 1. ME EMPRESTA A DORINHA


―Papai, ainda tem “iorgute”?

Um sorriso apareceu na face daquele homem ao escutar a palavra pronunciada erroneamente pela filha. Muitos teriam corrigido imediatamente, mas ele sabia que as crianças não precisam ser tão certinhas, e que também aprenderiam cada coisa no seu devido tempo. Olhou-a e, depois de colocar um marcador de páginas no meio de um grosso livro, respondeu sua pergunta.

―Só um minuto, mocinha que adora “largatichas”! Vou pegar o iogurte na geladeira.

O pai de Dorinha levantou de onde estava e foi até a geladeira, abrindo-a e esticando a mão para apanhar o iogurte que a filha pedira. Estava tão entretido na história que lia para a filha que sequer reparou que dentro da geladeira existia um coelho, e que fora justamente ele que entregou o laticínio em sua mão.

―Grato, meu amigo.

―Por nada! ―respondeu o coelho, tremendo de frio. ―O senhor teria um cachecol para me emprestar?

―Sim, claro! Já trago um bem quentinho para você!

Ele fechou a geladeira e foi até onde a filha estava, depositando o iogurte bem diante dela.

―Com quem você estava falando, papai?

―Com o coelho branco que está na geladeira. Espera só um pouquinho que vou buscar um cachec... ―ele estaqueou, empalidecendo, e retornou apressado até a geladeira, abrindo-a.

―Cadê meu cachecol? Estou com muito frio aqui, sem contar que estamos atrasados. A Dorinha está?

―Quem é você? E o que está fazendo na minha geladeira?

Sem que o pai percebesse, Dorinha se aproximou e logo reconheceu o coelho.

―Papi! Esse é o coelho da Alice. Não está reconhecendo?

―Coelho da Alice? Que Alice, minha filha? E que porcaria é essa? Coelhos não falam.

O coelho, inesperadamente, segurou Dorinha pelo braço e puxou-a para dentro da geladeira. O pai, boquiaberto, pouco pode fazer diante da velocidade com que o coelho fez aquilo.

―Não se preocupe! ―o coelho comentou, puxando a porta da geladeira para fechá-la. ―Devolveremos sua filha assim que for possível, e de banho tomado! Fui... digo... fomos.

A porta da geladeira fechou, mas não foi o que aconteceu com a boca daquele homem, que permaneceu escancarada. Ele não sabia o que dizer, ou sequer o que pensar. E tomou o maior susto quando, abruptamente, a porta da geladeira abriu novamente e o coelho reapareceu.

―Ah! Esqueci. Isso é um sonho e você está dormindo em sua cama. Portanto, volte para lá e termine de dormir. Quando acordar, verá que tudo está tão normal quanto sempre foi. E agora eu fui, porque estou atrasadooooooooooooooo!

A porta da geladeira fechou novamente. O pai? Bom, ele rodou nos calcanhares e tomou o rumo das escadas. Instantes depois estava em sua cama, coberto até o pescoço e dormindo como uma criança.

Enquanto isso...






parte 2. POR QUE ESTÁ TUDO ESCURO?


―Esperaaaaaaaaaaa! ―Dorinha gritou, enquanto era literalmente arrastada pelo coelho. ­―Dá pra me dizer o que está acontecendo?

―Depois a lagarta conta. Agora não dá tempo. Estamos atrasados demais. E tem uma maluca querendo cortar as cabeças de todos os que vivem aqui no reino.

Dorinha ouviu aquilo e começou a ligar as coisas, enquanto escorregava com o coelho por uma espécie de túnel escuro. Primeiro, o coelho branco de Alice. Depois, ele diz que está com medo de que alguém corte seu pescoço. Só poderia ter acontecido algo de muito sério no mundo mágico. E desta vez era no país das maravilhas de Alice. Para complicar ainda mais, seu fiel companheiro Jujubão não estava com ela. Algo não cheirava bem.

―Pronto. Chegamos.

O coelho parou por alguns instantes e Dorinha aproveitou para respirar e olhar ao redor. Mas, que lugar era aquele? Era tudo tão escuro e sem vida. Ela não lembrava de nada assim nas histórias de Alice. O que teria acontecido?

Não teve muito tempo para admirar o local. O coelho segurou novamente seu braço e saiu em disparada. Ele correu tanto que Dorinha começou a esticar. Enquanto parte de seu corpo já estava lá na frente, as pernas e os pés ainda estavam plantados ao chão, lá atrás. Até que, magicamente, os pés se soltaram do chão e seguiram com o restante do corpo, que era arrastado pelo coelho. Depois de algum tempo, e de muitas curvas entre as árvores, o coelho parou. Dorinha estava zonza, e quando olhou para trás, teve a impressão de que seu corpo estava tão comprido que fazia uma espécie de trançado entre as árvores.

―Aqui está ela! ―o coelho sentenciou, jogando-se ao chão para descansar. ―Agora é com você, lagarta.

Dorinha ainda admirava seu longo corpo. Ele encolhia aos poucos, até que voltou ao normal. Ela, que deveria ter se assustado com aquilo, sorria. Sabia das maluquices que aconteciam ali por aquelas paragens. Então, colocou-se em pé e, ao se voltar para o coelho, deu de cara com a grande lagarta azul e seu cachimbo de água.

―Olhaaaaa! A largata da Alice! Sabe que eu nunca gostei muito de você, dona largata? Sempre te achei meio “cheia de querer”. Mas, mesmo assim, é um prazer te conhecer.

A lagarta, sem entender o que a menina quis dizer com aquele “cheia de querer”, deslizou de onde estava e ficou frente a frente com a visitante, medindo-a de cima abaixo. Torceu o nariz quase inexistente e resmungou alguma coisa, que ninguém entendeu, e voltou para cima de seu tronco.

O coelho ficou desesperado. Tanto empenho e, ao que tudo indicava, foi tudo em vão.

―Vamos dar uma chance a ela! ―o coelho implorou para a lagarta. ―É nossa única opção.

―Por favor! Vocês podem me contar o que está acontecendo aqui? No que eu posso ajudar?

Dorinha perguntava, mas não obtinha respostas. A lagarta e o coelho tagarelavam sem parar, mas sequer davam atenção para a menina. Até que ela, irritada, soltou um berro.

―Cheeeeeeeeees, eu sei que você está por aqui, gato danado! ―ela berrou, chamando por Cheshire, o gato de Alice. ―Pode tratar de aparecer aqui. Agoraaaaaaaaaaa.

Os outros dois pararam com o falatório e olharam para a menina, assustados. E bem perto deles, uma boca cheia de dentes foi se formando. Era a aparição preferida do gato, mas algo estava diferente. A boca representava um sorriso de cabeça para baixo, em forma de uma boca triste. Um pouco depois, a cabeça do gato estava completamente visível, e Dorinha logo percebeu que ele estava realmente tristonho.

―O que foi, Ches? Que tá pegando por aqui? Foi você que aprontou alguma coisa, seu peste?

―Antes fosse, Dorinha! ―o gato respondeu, mantendo o olhar baixo. ―É a Rainha de Copas. Ela quer dar uma festa de aniversário. E exige a presença de Alice e do Chapeleiro nessa festa. Quando ela soube que eles não poderiam comparecer, ameaçou cortar a cabeça de todos que moram aqui no reino. Usou o livro mágico para escurecer tudo, e falou que temos até o dia 15 de agosto para dar jeito nisso, ou não existirá mais País das Maravilhas.

―Ué! Ela quer fazer um “desaniversário”? É isso? E onde estão o Chapeleiro e a Alice?

A lagarta bufou e desceu novamente de onde estava. Descarregou um olhar irado sobre o gato e, com ar de arrogância, aproximou-se de Dorinha. Todos sabiam que a dita lagarta não era de falar muito, preferindo palavras curtas e irritantemente diretas, mas não foi o que aconteceu quando ela começou a tagarelar.

―O Chapeleiro está fazendo um curso de funileiro. Parece que está querendo mudar de profissão. Disse que essa coisa de estilista cabeçal não é mais pra ele. Faz uns três meses que está lá pelos lados da oficina do Gepeto, que também mudou de profissão e agora é serralheiro. Já a dondoca da Alice resolveu fazer uns bicos de modelo e agora, nas horas vagas, desfila pra grife que a Bela Adormecida montou. As duas estão promovendo a semana da lingerie lá no reino das Mil e Uma Noites, e não têm data para retornar. Sei que eu deveria ser monossilábica, mas isso é pra acabar com qualquer “monossilabismo de lagarta”, não é? Perder a cabeça porque um chapeleiro quer alisar ferro e uma dondoquinha quer mostrar a calcinha por aí? É pra acabar! Cansei. E vou dormir.

A lagarta empinou aquilo que parecia ser um nariz e voltou para a árvore. Entocou-se e, sem pressa, começou a tecer um casulo, como se estivesse pronta para hibernar. Dorinha, de boca aberta, olhou para o coelho, que apenas balançou os ombros e apontou para o gato. Este, por sua vez, fez aparecer um enorme sinal de exclamação sobre a cabeça.

―Essa é a história, Dorinha. ―comentou o gato, sem sua ironia costumeira. ―E quanto ao aniversário ou desaniversário, sequer sabemos do que se trata. A Rainha havia extinguido isso faz muito tempo. O que sabemos é que ela exige a presença de Alice para as comemorações, e do Chapeleiro para ser DJ da festa. Diz que você pode ajudar a gente, diz?

―Sim, eu posso. Mas vocês vão ter que fazer algumas coisas. Sozinha eu não consigo.

O que era uma boca de tristeza logo se transformou num largo sorriso na face do gato. Inesperadamente, o restante do corpo do gato apareceu, e um telefone celular em estilo smartphone materializou-se em sua pata.

―Alooooooouuuu! ―o gato falou prolongadamente assim que notou que alguém havia atendido do outro lado da linha. ―Tweedledum, pode avisar seu irmão, o Tweedledee, que ele já pode falar para o Valete comunicar a Duquesa que ela pode enviar um e-mail para o Dodô, confirmando para a a a a atchiiiiim... (pausa para limpar o nariz) a Rainha de Copas que está tudo certo. O quê? A ligação está ruim. Fala mais alto, seu nanico! Nãããããão, seu tonto. Não sou eu que falo muito rápido. É você que escuta muito devagar. Como assim, o que está confirmado? A Alice e o Chapeleiro estarão na festa de aniversário da rainha, seu mané!

O gato desligou o telefone e ficou observando o céu. Dorinha, sem entender, fez o mesmo, e em alguns minutos, tudo estava claro novamente.

―Caraca, que lugar lindo! ―Dorinha abriu um sorriso, completamente espantada.

―Mas, me diga, mocinha. Como você pretende trazer o Chapeleiro e a Alice para esta festa, se eles já falaram que não pretendem vir por nada deste mundo?

―Mas, e quem disse que eu pretendo trazer os dois, Ches?

―Não entendi! E já estamos atrasados com isso. A festa é na sexta-feira! ―o coelho comentou, interferindo na conversa e mostrando certa aflição.

―É simples. Vamos substituí-los. E eu tenho as pessoas certas para esta missão.

―Affff... danou-se tudo! ―O gato despencou do ar, caindo sentado perto dos pés de Dorinha.



Fim do primeiro capítulo.
Aguarde. Capítulo final no dia 15 de agosto.




Marcio Rutes




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