sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

NOSSO JEITO DE ACORDAR


Em parceria com SAMARA BASSI

Image by Google
Ela:
Deitar meu rosto como face descabida,
fazer daneza nessa tara atrevida.

Ele:
E o que de melhor,
se é que tem, e é de nós,
nem teus laços,
vou é arrancar da pequena calça o cós.

Ela:
Você me embala, me enlaça pelo meio,
desassossego é sua boca no meu beijo.

Ele:
Lavanda que nasce entre os girassóis,
luas e sóis, a sós,
somos nós.

Ela:
Nos meus seios, teu desejo é rei.

Ele:
Pra beijar teu ombro naquela batida do sino,
hino ao ninho, nesse gemido contínuo.

Ela:
Sei, que esse amor é mais
que manha, mais que manhã
desenrolando o verso na ponta dos teus dedos,
só percebo quando meus pelos é arrepio.

Ele:
Pra atiçar o sol e fazer balancê na neblina,
de beijo em beijo, de besouro chateando beija-flor,
ciscar em teu suor, entre colchas e coxas,
em pé, na janela, gemer diante da cortina.

Ela:
Num suor arredio,
você me toma
e me degusta,
me busca na fonte
aquele ontem
salivado no pescoço.

Ele:
Se apela para a pele ouriçar o pelo
e desligar o pudor,
pra fazer amor a qualquer hora com meu amor.

Ela:
Te prendo em chave,
toda clave,
todo som.

Ele:
Secar a dor, se molhar de suor.

Ela:
Só sua pele tem o tom certo que me cabe.
Só teu sexo é o encaixe perto que me sabe.

Ele:
Remar um caminho entre o mar,
salgar a pele, mesmo que se adoce o café.

Ela:
Me invade sem pressa, sem mansidão
SoMos gozo escorrendo em pranto no colchão,
todo embalo sem pecado sem pudor.
O tal novelo, meu cabelo, nosso amor.

Ele:
Derramado pelo vão dos lábios, assim, ajeitar,
arrumar a face, escovar o cabelo,
corpo nú feito lã fora do novelo.

Ele:
No rastejar da serração ao mar
a gente fica aqui
sorriso tomando os lábios,
gozando a pele, as pernas,
a vida desinibida na libido.

Ele:
Enquanto o mundo faz guerra
a gente fica aqui
torcendo para que a preguiça nos tome
em pequenos goles de tesão pelo colchão.

Ele:
Em teus seios repousei meus olhos
em tua barriga depositei meus dias e noites.
Não há açoite que desmonte meu querer,
assim como não há eternidade que me afaste de você.

SoMos, SeMpre, muito mais. Juntos.

Marcio Rutes


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terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

FAZER AMOR COM MEU AMOR DE MANHÃZINHA


Vou fazer amor com meu amor de manhãzinha
pra atiçar o sol e fazer balancê na neblina.

Vou fazer amor com meu amor de manhãzinha
de beijo em beijo, de besouro chateando beija-flor.
Secar a dor, se molhar de suor,
e o que de melhor,
se é que tem, e é de nós,
nem teus laços,
vou é arrancar da pequena calça o cós,
sapatear de fininho,
pra beijar teu ombro naquela batida do sino,
hino ao ninho, nesse gemido contínuo.

Vou fazer amor com meu amor na noitinha,
derramar todo o tesão com nossa leveza,
te chamar pra daneza,
sem certeza de acordar na hora certa,
hora precisa de acordar,
despertar sem destino,
só sonhar,
lavanda que nasce entre os girassóis,
luas e sóis, a sós,
somos nós,
amar,
remar um caminho entre o mar,
salgar a pele, mesmo que se adoce o café
derramado pelo vão dos lábios, assim, ajeitar,
arrumar a face, escovar o cabelo,
corpo nú feito lã fora do novelo.

Então se apela para a pele ouriçar o pelo
e desligar o pudor,
pra fazer amor a qualquer hora com meu amor.


Depois, lá pelo meio da tarde, a gente canta aquela música:
"To com saudades de você,
debaixo do meu cobertor..."


Marcio Rutes

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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Ponto e Pronto





Marcio Rutes

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domingo, 2 de fevereiro de 2014

ENTRE CRENÇAS E CALACEIOS

série EMPÍRICA MENTE


Ampulheta - by Google.

Questionaram: e tua fé?
―É, eu tenho, e é minha...
...antagônica, platônica,
rifada em meio aos pássaros do morro.
―É, eu tenho, independente de algum José,
sadia, vadia, vertiginosa, contagiosa,
não falecida de nenhum mal-agouro.
―É, eu tenho, vista da compadecida,
enterrada na casa simples lá do meio do mato,
nas curvas de um cipreste brotado do peito da árvore morta.
―É, eu tenho, feita de verdades não pungentes
sem indolências nem imposições pestilentas,
e não essa crença alvissareira de uma reta já quase torta.




Questionaram: e como ela é?
―É feita de caos e suor, dor e sabor,
é puro tom de vão de cerca, cor de saliência,
existência pura, energia crua,
finita no ponto em que eu enxergar o fim de mim mesmo,
a esmo,
no ermo abismo dos meus sonhos.
Catedral é sem sino,
uma tapera serve para templo das minhas crenças,
nascidas e herdadas das adulteras idéias que me preenchem os poros.
Sagrados são os ossos não lascados
que ainda persistem em me manter ereto,
certo de que a verdade ainda virá numa esquina qualquer.
bailado na chuva - by Googel
E sepulcro algum soterra minha ânsia,
não de salvação,
e sim, de elevação.
Um bailar de pés descalços,
de um corpo nu,
de um profano ensejo,
de um desejo da carne,
desse vertiginoso síbilo profano,
latente e indescente de meu cerne,
que mal tem?
Que pecado é?
Assim, na calaça desse sonho vadio,
teimoso em encostar-se no meio de minhas rebeldias,
vou acreditando nele,
vou escutando suas palavras:
não corra, pois não adianta;
não teime, pois tudo é muito maior;
não desanime, pois se parar será engolido;
não afirme, pois vai se decepcionar;
não desatine, pois ainda nem começou;
não finde, pois o começo está em você;
não feche os olhos, pois tudo é muito rápido;
não seja mais, pois tudo é muito menos;
não creia excessivamente, pois qualquer verdade pode ser mentira;
e jamais duvide, pois qualquer bobagem pode revelar mistérios.”.




corpo nu - by Google
E quanto a mim, eu digo:
Nas verdades dúbias,
sigo reto pelas curvas que me tomam,
pelo doce-ardido de um delta de águas raras,
iluminadas na brancura da tez alva,
aura e porosa em certos cantos,
lisa e “aprisionante” em qualquer outro instante.
É meu santuário, meu oráculo,
sanatório de minhas divagações,
lascívia de minhas intenções carnais,
ou mais.







Marcio Rutes

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