terça-feira, 31 de julho de 2012

FORA DE COMBATE

COMUNICADO:

by Google
Aos amigos, aos visitantes de meu blog e a todos aqueles que se aventurarem por aqui nos próximos dias.

Infelizmente, e totalmente contra minha vontade, estou e continuarei afastado dos blogs e de qualquer atividade virtual que mantinha. Fui acometido por uma crise totalmente inóspita e que me deixou fora de combate.

Mas não se preocupe. Não se trata de problema de saúde, pelo contrário. Estou muito bem nessa parte. E também não é crise sentimental, pois nessa parte, penso ter equilibrado um tanto as coisas. Tempo? É! Até poderia culpá-lo, mas para ler e escrever, sempre dei jeito nisso. A situação é pior. É tecnológica.

O fato é que depois de "torrar" 4 (quatro) computadores, reduzindo-os a míseras sucatas, notei que fiquei sem equipamento. Isso mesmo. Os quatro computadores a que tenho acesso em minha propriedade resolveram dar pane, e todos eles justamente comigo no comando.

Tentei de tudo. Chamei técnico, liguei para a revenda, dei banho de sal grosso, acendi vela de 7 dias, encomendei umas macumbinhas com a Sam Bassi (não pense besteira... macumbinha é como chamamos o velho e bom incenso), ameacei jogá-los do alto do Everest, fui na placa mãe de santo... enfim, nada.

Então, como a fase anda complicada, resolvi tirar umas férias forçadas. Passarei ainda um certo período ausente, dando cabo (ou tentando) de alguns trabalhos e preparando algumas novidades.

Deixo aqui meu pedido de desculpas a todos. Assim que eu consiga sanar esse toque de Midas ao inverso, eu volto.

Abraços.


Marcio JR

quinta-feira, 26 de julho de 2012

ALGODÃO DOCE



algodão doce - by Google
re-edição

Corria ligeirinho, apressado, e parecia que aquela rua não tinha fim. Ah! Mas lá estava ele, o vendedor daquele pedaço de nuvem rosada, deliciosa e que colava nos lábios. Algodão doce.

A fila estava grande, será que iria sobrar algum? Um só que fosse? Ele, pequenino, saltitava tal qual cabritinho. Os meninos maiores empurravam, pisavam. Mas ele era persistente, iria ficar ali o tempo que fosse, e até sentou para esperar a fila diminuir de tamanho. Aquilo era bom demais. Algodão doce.

Até que ouviu algo que não gostou muito:

--Tá faltando dinheiro, garoto! --o vendedor falava para algum menino. –- Volta prá casa e pede mais prá mãe. Fala prá ela que custam cinqüenta centavos.

Ali sentado, o menininho abriu as mãos e só viu vinte e cinco centavos. A mãe, tadinha, não tinha mais dinheiro. E o pai, se por sorte achasse um emprego, daria, mas também não tinha. Ficou ali, macambúzio, por um bom tempo. Olhava para os demais e notava que se deliciavam, mastigando, chupando aquele pedaço sublime do céu. Levantou e sentiu a barriguinha murcha mexendo e roncando, chamando por aquele doce. Mas ninguém olhava para ele, e nem dariam um teco que fosse. Quando havia somente mais um doce no tabuleiro, meio quebrado, meio amassado e pela metade, foi até o vendedor e fez uma proposta. Seus vinte e cinco centavos por aquele meio algodão.

--Tá sonhando? Vai trabalhar. Ainda ganho uns quarenta centavos neste aqui.
image by Google

O menininho baixou o rosto, já cheio de lágrimas, e sumiu estrada afora.

Vinte anos depois, aquele mesmo menininho, já homem feito, caminhava com sua enxada apoiada no ombro, a caminho do roçado. Ao passar por uma árvore, notou um amontoado de terra com uma cruz de madeira plantada ao centro, e uma placa fixada na árvore, que dizia o seguinte:

“Aqui jaz o doceiro. Mais um esganiçado e egoísta que a fome matou”.

Pense nos seus atos agora. O que você negar hoje para alguém, amanhã pode faltar para você mesmo. Sempre tem Alguém olhando seus atos. Alguém que tudo vê e tudo anota.


Marcio JR

domingo, 22 de julho de 2012

FARDO

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Sentou-se lá, distante. Da rodovia chegavam alardes do movimento da tarde, que entre veículos e pessoas, o que restava era o barulho do caos. Sem pressa, apoiou as mãos naquele chão árido e levantou, deixando que a visão se perdesse naquele tumulto. E caminhou.

Entrou pela cidade já na entrada da noite, sempre andando sem pressa. Os altos edifícios assustavam um pouco, e o turbilhão de pessoas que despencavam por suas bocas era alucinante. Uns corriam para seus veículos e se trancavam. Pareciam mal humorados. Outros se atropelavam pelas calçadas, correndo e se desviando até de suas próprias sombras, que eram estampadas ao chão pelas luzes artificiais. Pressa e desconfiança, era o que se via nesses.

A noite já caminhava alta e fria, e ele se encolhia entre os trapos que vestia. Nas portas fechadas do comércio, reparou algumas pessoas espalhando papelões pelas soleiras. Nos becos, as prostitutas se mostravam quase nuas para arrebatar clientes.

Num desses becos pelos quais ele atravessou, viu certo homem trajando um macacão branco e imundo despejando na lixeira uma quantidade grande de restos de comida. Um pouco adiante, várias crianças esperavam, perdidas e encobertas pelas sombras. A fome as levava até ali. E na rua principal, decorada por luzes de todos os tipos e intensidades, vários bares eram disputados por pessoas empoladas e mostrando descontração.

O frio aumentava, mas ele não parava. Caminhou como se procurasse algo, até que avistou, ao longe, uma cruz enorme e iluminada. Foi até lá e subiu as grandes escadarias, parando somente diante da suntuosa porta. Era uma igreja, mas estava fechada. Ao olhar para o chão, notou marcas estranhas, como se algo tivesse sido incinerado naquele lugar, deixando, assim, o granito manchado. E não estava errado. Um mendigo fora vítima de desordeiros, e terminou ali, queimado.

Baixou a cabeça e prosseguiu em sua jornada. Da rua, olhava para alguns televisores ligados pelos bares. Na programação, políticos espalhavam efusivamente que "muito se fazia pelo bem do povo". Um pouco mais adiante, a polícia enfrentava, entre tapas e tiros, alguns traficantes de drogas. No meio do tumulto, uma bala perdida acabara de acertar uma jovem estudante que retornava para seu lar.

Em seu trajeto, passou por um parque da cidade, e parou para olhar o lago. Na outra margem, uma jovem atirava algo, embrulhado em jornal, diretamente na água. Ela correu e, pouco tempo depois, alguns indigentes recolhiam aquele embrulho. Era uma criança recém nascida e que, por pura sorte, ainda estava viva.

De seus olhos brotava tristeza. Não queria mais ver aquilo, e rumou para fora da cidade. Caminhou muito e depressa. O céu, mesmo frio, mostrava um brilho fantástico, mas parecia parado, estacionado e apenas acompanhando os passos daquele homem. E assim foi, até as luzes da cidade ficarem para trás e se apagarem. A rodovia, antes larga, virara agora uma via estreita, e pouco depois, perdeu o asfalto. As luzes que guiavam seu caminho brotavam das estrelas e da lua, e como companhia, só escutava o pio das corujas.

Subiu montanhas e atravessou vales, até que, pela manhã, chegava num povoado pobre, na beira de um rio. Havia muito lixo por todos os lugares, mas não existia sinal maior de destruição. Tudo estava quieto, sem alardes e gritos, e a única igreja, uma pequena sala bem ao centro da comunidade, não tinha porta. Pelas frestas nas paredes das choças, o que se via eram pessoas dormindo amontoadas, mas ninguém estava ao relento ou passando frio. Quem não tinha casa, era recolhido pelos demais e se alimentava com o pouco que nutria a todos. Tudo era dividido.

Seu caminho terminara. Estava dentro de uma das choças, mais precisamente no quarto de uma mulher grávida. Maria era a mais humilde daquele vilarejo, e em poucos dias seu filho nasceria. Era uma gravidez de risco, mas ela, em momento algum, tentou cometer aborto. Ele ajoelhou diante dela e estendeu a mão, tocando aquela enorme barriga. Lágrimas correram de seus olhos, vermelhas e incandescentes, e em instantes, seu corpo virou fumaça, desaparecendo por completo.

Ao despertar, como fazia diariamente, Maria ajoelhou-se e apanhou um pequeno e envelhecido crucifixo. Ao olha-lo, antes de iniciar sua oração, notou algo estranho. Dos olhos do Cristo, vertiam pequenos cristais vermelhos, que pareciam escorrer num suplicio nítido. E sem se dar conta, ela amparava nas mãos toda a tristeza que um homem carregava a mais de dois milênios. A tristeza de ver que muito pouco fora compreendido pelo ser humano.

Marcio JR

sábado, 21 de julho de 2012

BLOGS INFECTADOS COM MALWARE - cuidado, o seu blog pode ser um deles.

image by Google

De tempos em tempos, algumas pragas aparecem pelos cantos da web para destemperar o humor daqueles que fazem uso correto do mundo virtual.

Faz algum tempo, vários blogs foram listados pelo Google como prováveis “portadores” de “malwares”, ou seja, eram suspeitos de disseminarem softwares maliciosos aos computadores que por ali se aventurassem.

Malwares” são programas e comandos feitos para diferentes propósitos: apenas infiltrar um computador ou sistema, causar danos e apagar dados, roubar informações, divulgar serviços, etc.

No entanto, a grande maioria dos proprietários de blogs que estavam na “lista negra” do Google, sequer sabia disso, pois nem sempre o “malware” estava em seu blog, e sim em algum outro blog ou site. Estes sites (os verdadeiros vilões) utilizam programas distribuídos de forma gratuita, como gadgets e widgets, e por meio deles, disseminam seus “malwares” de forma mais rápida e quase invisível. O blogueiro instala esses programinhas legais e aparentemente inofensivos em seus blogs e, sem se dar conta, faz o serviço sujo para o real pilantra.

Nem todos os navegadores avisavam da possibilidade de perigo. Mas quem utilizava o Google Chrome, na época, tropeçou em dezenas de blogs por aí com o aviso.

Ontem, 20 JUL 2012, ao tentar acessar alguns blogs amigos, reencontrei a mensagem de perigo, a qual reproduzo abaixo (ocultei o nome do blog porque a pessoa em questão não tem culpa, e também é vítima):

para melhor visualização, clique na imagem


O que fazer se você é proprietário de um desses blogs listados como possível disseminador de pragas?

  • Antes de qualquer coisa, pare de baixar para seu blog ou computador tudo o que você encontra pela frente na web. ISSO É MEDIDA BÁSICA DE SEGURANÇA. Só porque tal gadget ou widget é bonitinho, faz borboletas voarem e peixinhos nadarem pelo seu blog, não quer dizer que ele é inofensivo. Não digo, com isso, para você não utilizar tais elementos em seu blog, mas sim para TER CUIDADO COM A PROCEDÊNCIA DE TAL COISA. Gadgets e widgets de previsão do tempo, players de música ou vídeo, contadores on-line, link para isso ou aquilo, tem aos montes, então, procure um lugar seguro para baixar. Onde? Essa é uma boa pergunta. 
  • Faça uma verificação de vírus no seu próprio computador. Sim, exatamente, pois se seu blog está com problemas de disseminação de "malware", é sinal de que seu computador já foi infectado. A grande maioria das pessoas só se preocupa em atualizar o anti-vírus APÓS PERDEREM TODOS OS SEUS ARQUIVOS. Um pouco de responsabilidade, nesta parte, também faz muito bem. 
  • Elimine as últimas coisas que você instalou no seu blog (gadgets e widgets), e torça para que surta resultado.


O que fazer se você está navegando e se depara com um aviso igual à imagem mostrada acima?

  • A decisão de acessar ou não o blog em questão é sua. Você estará ciente do risco. 
  • Como sinal de companheirismo, faça o que eu fiz e avise o proprietário do blog. Ele pode desconhecer tal fato. 

Não sou especialista da área de segurança para a web. Portanto, se alguém discorda do que escrevi neste artigo, ou quer acrescentar algo (informações úteis, evidentemente), basta escrever no próprio comentário, e terei imenso prazer em acrescentar na postagem.

Repito: visualizei a mensagem de perigo utilizando o navegador Google CHROME. Se você está com seu blog mais pesado (lento para abrir), ou ficou com receio de ter sido vítima de algum programa que instalou recentemente em seu blog e que contenha “malware”, e você não tem o Chrome instalado, solicite a alguém que possua tal navegador para acessar seu blog ou, então, faça o download do mesmo. Não estou fazendo propaganda do navegador. Apenas indicando um meio de prevenção.

Importante: Se seu blog está aparecendo nos navegadores com a mensagem mostrada na imagem mais acima, o prejuízo vai além da disseminação de um programa malicioso. Algumas pessoas que visitam seu blog  não voltarão, independente se você é ou não responsável por tal fato. Então, previna-se.

Para saber mais:

MALWARE

GADGETS E WIDGETS

GOOGLE (PÁGINA OFICIAL COM EXPLICAÇÕES E AJUDA)

Marcio JR

sexta-feira, 20 de julho de 2012

ASSIM


image Baixaki

Nada teria sido fácil de escalar,
se não fosse dada a arte à vida.
Nada teria sido tão gratificante,
se não fosse concebido o sol ao peito.

A flor, aquela que usa o inseto,
assim sobrevive, assim procria,
artista que é.
Assim ela gera encarnações “empetaladas”,
exumadas sempre em seu perfume.
Culpa da flor em precisar de outras asas?
Amaldiçoarias a natureza,
unicamente pela gana de sobreviver
que ela concede a seus protegidos?

O pássaro, aquele belo e imponente,
dono dos céus
 e responsável por parte da inveja humana,
também se alimenta de carne putrefata.
Que sabe ele, além do instinto que o carrega?
A beleza da ave torna-se feia
por sua alimentação?


E assim, vem o ser humano,
envolto em seus dramas e tristezas.
E assim, vem o ser humano,
perdido em seus medos e solidões.
E o ser humano precisa,  também,
de artifícios para sobreviver.
Culpá-lo por necessitar de outros
para levantar e caminhar novamente?
Ou culpá-lo por não mais olhar para trás?
Ou por ser egoísta e achar que somente ele sofre?

Que o ser humano saiba,
que seus instintos o carregam e protegem,
muito mais do que sua precária inteligência.
Ele sobreviverá, de uma maneira ou de outra.
Entristecerá, usará de ombros,
e planará novamente, sem olhar para tras.

Mas que o ser humano também saiba,
que ele não está sozinho neste mundo.
Se ele, algum dia precisou de um ombro,
outro alguém também pode precisar.
Voar, é claro. Voar sempre.
Mas no chão, na terra,
é aqui que o ser humano foi concebido.
É aqui que estão os problemas.
E é aqui onde mais se precisa dos amigos.

E assim, os dias passam, a humanidade caminha,
e o sol cede lugar à lua.

Assim, sempre assim.


Marcio JR

terça-feira, 17 de julho de 2012

VER E VIVER

re-edição

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Da flor
O frescor,
Do amor
O calor,
Do beija-flor
O zumbido,
Do cupido
Seu lampejo caído.

Do frio
O orvalho,
Da noite
O bocejo,
Do mar
A onda a versejar,
Da chuva
A semente a brotar.

Da criança
O sorriso,
Da balança
O friozinho na barriga,
Do beijo
O gemido,
Do olhar
O riso contido.

E em cada manhã,
Uma palavra
Sempre em agradecimento.


MARCIO JR


segunda-feira, 16 de julho de 2012

…de prosa pro vento.


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Sempre nasce um novo dia para quem quer viver uma nova era. O vento, aquele mesmo que destrói e assusta, também refresca e carrega palavras, e foi justamente nele que busquei inspiração para este recomeço.

Quando algo não vai bem e tudo fica confuso, é sinal de que se faz necessário parar e pensar, repensar tudo aquilo que incomoda, retroceder se assim for preciso, e recomeçar.

O vento veio do sopro de duas bocas incansáveis na arte de me fazer respirar e animar. Desse vento, retirei a energia para descarregar tudo o que era ruim e, o que é melhor, reconstruir o que me faz bem. Dessas bocas, além do sopro, veio o afeto ancorado num sorriso, e a gentileza numa sutileza que somente a alma e a mente possuem.

As bocas? Sim, elas têm nome. Samara Bassi e Celêdian Assis. E são muito mais do que bocas. São bocas, corações, ações e reações... são mulheres fantásticas.

Nasce aqui ...DE PROSA PRO VENTO. Tem algo melhor do que uma boa prosa, numa varanda frondosa, e com uma aragem morninha batendo no rosto? É claro que tem. Mas sempre que quiser jogar uma conversa fora, puxe uma cadeira e vem prá cá, e a gente pode dar um pouco DE PROSA PRO VENTO.


MarcioJR

sábado, 14 de julho de 2012

UMA PORTA SELADA

série "crônicas de uma música"
tema: Just When I Needed You Must
intérprete: Randy Vanwarmer


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O sorriso de cada manhã me veio à boca, e te procurou na cama, mas não encontrou nada além do travesseiro num lugar vazio. Guardei palavras para este momento, e ensaiei forças que deveriam me tomar, mas tudo em vão. Vi que diante da realidade, a dor é sempre maior do que aquela imaginada.

A chuva, antes tão companheira, ardia pela janela, e foi justamente por ela que você caminhou. Se correu, já não faz mais diferença, pois não serei eu a te recolher e acolher com toalha e sentimento. Não mais.

Do dia em que se foi, sobraram cinzas de uma lua diurna. Sim, ela veio após a chuva, como uma mandrágora amarga e amaldiçoadora. Mas ela estava lá, a lua, fazendo questão de me lembrar de cada instante em que estivemos sob ela, jurando eternidade para um sentimento que, hoje, sei que é mentiroso.

Você se foi, e levou com você a minha maior vontade. Carregou meu gosto pela vida. E você se foi num momento em que tanto te necessitava. Eu vivia em você, e você me negou uma simples palavra. Você me negou até um Adeus. Saiu ainda noite, e fez madrugada em meus dias.

Das palavras que guardei para aquele momento, fiz germinar poemas e cartas. E foram tantas. Tantas também foram as noites em que esperei resposta a cada anseio que te enviei, mas somente a mandrágora me ouvia. Ela voltava a cada noite, aterradora e gigantesca, habitando meus sonhos. Somente ela estava lá, e respondia a cada carta, a cada verso. Talvez tenha sido nela, nessa lua medonha, que busquei forças para te sobrepujar em meu peito.

E como o destino é imprevisível, não é? A mesma chuva que te carregou, hoje encharca um jardim seco. No oco dos olhos onde a mandrágora habita, já se enxergam luzes que, apesar de destoantes, refletem um mar sereno diante da tempestade.

Aquela lua fez mágica. Mesmo mandrágora, ela se apiedou e se atirou para fora de meus pesadelos. E na madrugada, enquanto eu olhava pela janela o caminho que te levou embora, a chuva voltou. Era fina, e em conluio com a lua, fez um arco-íris em plena noite.

Você foi embora, e aquela porta pela qual saiu nunca mais abrirá. Arranquei-a e nela fiz parede. Nenhuma porta a mais se abrirá, e no milagre da lua, já encontrei nova Cinderela, que mesmo na virada da madrugada para o dia, não vira gata borralheira. E se virar, pois que assim seja, pois é para ela que o sorriso de cada manhã esta guardado doravante.

Por onde ela entrou, se não existem mais portas em minha alma? Ora, Ora. Pela janela.


música JUST WHEN I NEEDED YOU MOST (Randy Vanwarmer) - by YouTube


Marcio JR

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A série CRÔNICAS DE UMA MÚSICA não reflete, necessariamente, momentos verídicos ou sentimentos em mim contidos. Muito menos o texto das crônicas espelha a tradução da música inspiradora. O texto é livre e independe do contexto pensado pelo autor da canção.

Nesta série, busco músicas que fizeram parte de minha vida em algum momento, e extraio delas uma imagem que se forme em minha mente ao ser tocado, seja pela letra, seja pela música.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

CURRICULUM, ATITUDE E UMA DICA DE LEITURA


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Da Folha OnLine, em 13 JUL 2012:

“Um levantamento da consultoria Americana Career Builder indicou ‘pérolas’ presentes em currículos enviados pelos candidatos a vagas. A empresa ouviu 2.298 recrutadores e pediu que eles listassem erros ou informações pouco usuais presentes nos currículos.

Veja alguns exemplos:

  • um candidato disse que era um gênio e convidou a recrutadora para entrevistá-lo no apartamento dele;
  • na carta de apresentação, um candidato dizia que sua família pertencia a uma gangue;
  • um candidato listou ‘caçar crocodilos’ como uma de suas habilidades;
  • um candidato incluiu a atividade de phishing (furto de dados pessoais pela internet) na lista de hobbies;
  • uma pessoa destacou que seu currículo deveria ser lido como ‘uma certa canção’;
  • um candidato destacou que ele foi o príncipe do baile de formatura em 1984;
  • um candidato disse que sabia falar ‘antártico’ ao se candidatar para trabalhar na Antártida;
  • a foto do currículo mostrava um candidato em uma rede;
  • um dos currículos recebido por um gestor de RH era decorado com coelhos cor-de-rosa;
  • um candidato interessado em uma vaga no departamento de contabilidade disse que era detalhista e escreveu o nome da empresa errado.”

Veja a matéria aqui: Folha OnLine 



livro A ESTRATÉGIA DO OLHO DE TIGRE
Ainda na Folha Online, encontrei uma pequena resenha do livro A ESTRATÉGIA DO OLHO DE TIGRE, de Renato Grinberg. Segundo a Folha, no livro o autor “...busca ensinar e incentivar o jovem empresário a apostar nos seus pontos fortes para se destacar na carreira”, e mostra a importância de se ter atitudes diante de um mercado extremamente competitivo nos dias atuais.

A princípio, o livro de Grinberg pode parecer algo voltado para o mercado corporativo, com executivos nascendo todos os dias e se engalfinhando na busca de ascensão em suas carreiras. Sim, ele trata disso. No entanto, e numa analogia a vida cotidiana de cada um, vivemos num mundo onde cada vez mais o famigerado “networking” se faz presente. A rede de contatos que alguém gera durante sua existência pode ser útil em algum momento da vida, e saber gerenciá-la, amplia-la e torná-la operante pode fazer toda a diferença.

Além da resenha, a Folha ainda traz uma pequena entrevista com Grinberg. A matéria é de 25 OUT 2011, mas vale a pena conferir.

Para encerrar, deixo uma frase do próprio Grinberg, que ilustra bem a diferença entre aquele que tem chances de crescer e aquele que ainda não se deu conta de que o mundo está mudando rapidamente e, com isso, exigindo cada vez mais atitude das pessoas.

Querer é poder quando você tem um propósito claro do que você quer atingir. Sem um propósito claro, querer é apenas querer...”.
Renato Grinberg


Veja a matéria completa aqui: Livraria da Folha

Livro A Estratégia do Olho de Tigre

Marcio JR

terça-feira, 10 de julho de 2012

CHICO CONTENTE – PESCARIA MATUTA

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Piracicaba, início da primavera de 1931.

A pescaria de beira de rio era uma das distrações prediletas dos habitantes de Piracicaba lá do início do século passado. Alguns chegavam a viajar dias e noites no lombo de uma mula com o único intuito de chegar a algum ponto ainda inexplorado por outros pescadores ou, então, por acharem que tal lugar era “milagroso” e a pescaria seria mais farta.

Como é sabido, as pescarias sempre foram cercadas de histórias sem pé nem cabeça e, também, de alguma mística. Não existe pescador que não invente alguma “engenharia” para atrair o peixe, como novas iscas ou equipamentos que sequer ele próprio sabe manejar direito, ou ainda o aprimoramento de técnicas antigas e que, se melhoradas, podem surtir bom efeito. Existem também aqueles que são supersticiosos e levam ao extremo algumas manias. Se alguma artimanha surtiu resultado em algum momento, repetem aquilo em todas as pescarias futuras, mesmo que nunca mais consigam bons resultados. Rezas, mandingas, crença na sorte ou azar, fazes da lua, cuspir no rio, pescar com um pé calçado e outro descalço, jogar cachaça no rio, enfim, tudo faz parte da crendice popular e pode enfeitar uma pescaria.

E foi justamente a cachaça, ou o consumo excessivo dela, a preocupação daquela primeira pescaria de primavera.

Padre Mirto reparara que o abuso no consumo de pinga era sempre um problema com as pescarias que Chico Contente, Zé das Porca, Anésio, cabo Bento e, claro, ele próprio realizavam. Pensando nisso, passou o inverno inteiro tentando convencer àqueles pescadores a não beber ou, sequer, levar a dita bebida para a beira do pesqueiro. No entanto, sempre que ele vinha com um bom argumento para frear aos amigos, eles retornavam com uma dezena de outros para convencer ao padre do contrário. Ele, esperto que era, usou da melhor arma que dispunha. Jurou excomungar ao dono do armazém caso ele vendesse ou fornecesse a bebida para aquela pescaria.

—Arre, padre Mirto. Pescaria sem pinga? —Anésio, o dono do armazém, suplicava. —Inté u sinhô vai lumbrigá tudinho. Tem piedade!

—Anésio, meu filho. Já morreu gente por bebedeira nas barrancas do rio. E vocês bebem demais. Alguém tem que por um fim nesses abusos. E eu to apelando pra todos os santos, já que apelar pra consciência de vocês não tem jeito!

—Mais sem pinga anem u São Sardinha vai mi acumpanhá. U disgramado só mi atendi si eu infiá ele di cabeça na pinga cum gaviróva. —o dono do armazém insistia, choramingando.

—Ah! mas que inferno! Isso é coisa que se faça com o Santo? Vocês são uns inconsequentes. Vão arder no inferno se continuarem com essas maluquices. E que santo é esse, afinal? Não conheço nenhum São Sardinha.

—É u Santo Antonho. Mais nu meio dus pescadô, nóis chama ele pelo apilido qui u Chico Contente deu quano pegô aquela carpa di dois rabo. Diz ele qui u póprio santo soprô nas oreia dele esse apilido i dissi pra invocá quano quisesse pescá pexe grande. I tem mais, padre. Num vem di lorota, qui já vi u sinhô fazê das sua tumém. Si num tem vivente oiando, u sinhô, antis di ponhá a minhoca nu anzor, isfrega ela no...

—Ahhhhhhhhhh! Calado. Infâmia. Te excomungo agora mesmo. E essa história do Chico é lorota. Onde já se viu o Santo Antonio vir conversar justo com ele na pescaria? E peixe de dois rabos? Só podia ser coisa do Chico. Pior é que vocês acreditam nesse traste.

Enquanto o padre e o dono do armazém conversavam, os outros integrantes do grupo chegaram, faltando apenas o Chico Contente. Quinze minutos depois, algumas mulas levantaram poeira numa estradinha, e se aproximaram rapidamente. Todos olharam e notaram que era o Chico, que prometera tanto o transporte quanto os equipamentos para a pescaria.

—Árre! Já num era sem tempo! —Zé das Porca olhava e tentava contar o número de mulas que o amigo conduzia. —Mais, padre Mirto! A módiquê u Chico tá vino cum tanta mula? Pelas minha conta, tem duas a mais. Será qui u peste acunvidô mais gente?

Chico parou diante do armazém e, antes mesmo dele pisar o chão, o padre já indagava sobre as mulas a mais.

—Oh! Chico! Dá pra explicar essas mulas a mais? E por que tanto embornal nelas, vivente de Deus?

—Bãos dia pru sinhô tumém, seu padre! U sinhô passa bão?

—Não me enrola, que vindo de você, só pode estar aprontando! —o padre coçou o queixo, antevendo algo que não gostou.

—Puis óie, seu padre. Nessas di cá, as mula maior di grande, vai nóis amuntado. Nessa di cá, nus imborná, tem uns garrafão di pinga, e...

—Epa! Pode parar! —o padre cortou bruscamente o que o Chico falava, nitidamente repreendendo o matuto. —Não falei que nessa pescaria não teria pinga? Tá querendo ser excomungado?

—Óie, padre! Matute cumigo. —Chico olhou mansamente para o padre, mas daquele jeito malandro que todos conheciam bem. —Nóis vai nas barranca du Biguá, i tudo nóis sabemo qui lá tem cascaver, urutú-cruzero, corar i surucucú. Vai qui nóis dá di frente cum bicho armado?

Cobra Coral - image by Google
—Você tá de truta comigo. Que lá tem cobra, eu sei. Mas o que isso tem com relação a toda essa pinga que você tá carregando na mula?

—Mais qui tonto é um sinhô? Cum tudo u respeito, padre Mirto. Si a cobra pica, daonde qui tá um remédio pra isfregação? Nem implastro de foia gorda tem naquele rio! I adimais, si a danada pica um di nóis, tem qui cortá u efeito du veneno, i um gole di pinga pódi ajudá. I a dor da murdida? A pinga pódi amainá as dor si for tomado uns gole. I si dé febre no vivente? A pinga vai ajudá nus efeito di quentura. E além disso...

—Tá! Tá bom! Você me convenceu. —padre Mirto entregou os pontos, se dando por vencido. —Mas e a outra mula? Por que todos esses embornais pendurados nela? Não vai me dizer que é mais pinga?

—Nada, padre. —Chico olhou para os outros pescadores e cuspiu do lado, quase acertando o pé de seu Anésio, que estava próximo. —Nessis imborná tá as cobra. Vai que nóis num acha ninhuma pra módi mordê nóis.


Marcio JR


domingo, 8 de julho de 2012

RETALHOS DE CETIM

Esclarecimento:


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Ficarei ausente dos blogs durante alguns dias e, consequentemente, do convívio com os amigos que tanto prezo.
Tal fato deve-se a uma pane generalizada em meu notebook. Ele, por "incertezas existenciais", bancou o safado e resolveu se rebelar, apagando-se para o mundo. Mas tudo bem, pois não há nada que um bom técnico não resolva.
Não sou dado a utilizar equipamentos emprestados, portanto, minha presença no mundo virtual será mínima por esses dias.
Só me ressinto dos arquivos que estão presos lá, com o desnaturado notebook. Muito do meu passado está lá, em seu disco-rígido.


E já que falei em arquivos e registros, que tal falarmos um "cadim" sobre passado?

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RETALHOS DE CETIM


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Recordar o passado e buscar nele elementos para viver o presente. Alguns criticam, enquanto outros até concordam que pode ser algo salutar. Quanto a mim, posso garantir que não tenho o pé plantado no passado, mas algumas coisas me acompanham sempre, por onde quer que eu vá, e não abro mão delas.

Certas pessoas têm o péssimo hábito de referendar tudo no passado. Se estão bem, é porque plantaram boas sementes, o que é bem provável. Mas se algo vai mal, vivem fuçando canto no que está lá atrás, procurando alguma coisa ou algum evento para descarregar a culpa da situação presente. Essas pessoas não são capazes (ou não querem) de admitir que, muito mais do que arranjar culpados, precisam sanear a situação de forma imediata e preventiva, para que mais adiante, tal coisa não torne a acontecer. Querem única e exclusivamente arranjar algo ou alguém em quem descarregar as premissas de erros que elas próprias podem ter iniciado. É ainda pior quando essas pessoas nada tem com relação à situação, mas mesmo assim vão lá, remexer o que está quieto e enterrado. Ou são masoquistas procurando alguma coisa para sofrer até pelo que não lhes diz respeito, ou são sádicos tentando fazer alguém relembrar o que já esqueceu.

O passado tem muita coisa boa guardada e que vale a pena ser lembrada. A saudade é algo que anda conosco sempre, e se sentimos saudades de algo, é porque tal coisa foi boa. Não sentimos saudades daquilo que não nos apeteceu ou de algo que nos fez mal. Desde o gosto daquele vinho, das notas daquela bela música, do suave sabor de um beijo, do cachorro que se foi, do vento morno na orla marinha, do gibi que líamos nas tardes de chuva enquanto crianças, das traquinagens de um fim de manhã enquanto voltávamos da escola, do friozinho da geada (somente para quem gosta), das viagens feitas nas férias, das noites de farra enquanto adolescentes, dos amores, das dores do parto (algumas mulheres gostam, enquanto outras...), do primeiro sorriso do filho, do filho dizendo “mã-mãe – pa-pai”, e também do... Deus do céu, tem tanta coisa boa pra ser lembrada, vista e re-vista, que fico abismado quando alguém só busca fatos ruins no passado.

Mesmo que a música RETALHOS DE CETIM (Benito Di Paula) tenha marcado uma passagem um tanto triste em minha vida, guardo esse momento com certo carinho. Foi um marco, um instante em que parei e fiz um balanço sobre tudo o que acontecia e o que viria, e posso garantir que a perspectiva não era nada boa ou motivadora. Difícil não é achar culpados, mas sim assumir quando a culpa é sua e, ainda mais, fazer algo para que aquilo tudo se modifique de tal forma a não ferir mais ninguém além daqueles que já estão machucados. Precisei fazer e fiz. Hoje, ao relembrar dessa passagem, não sinto remorso ou culpa, mas sim orgulho das atitudes que me foram tão complexas e necessárias naquela época.

O passado é um vento que sopra por nossas costas, sussurrando em nossos ouvidos tanto a aragem tranqüila e quente de um passado que nos alegrou, quanto o minuano que gela o pescoço e arrepia a alma, trazendo as dores que existiram e que devem ser lembradas com sabedoria e sensatez. Não é preciso esquecer o que foi ruim ou aquilo que prejudicou de alguma forma a nós ou a alguém próximo, mas há que se saber manter isso num lugar em que não volte a atingir mais ninguém. Passado é passado, e ele tanto pode ajudar a melhorar o presente quanto destruir os sonhos futuros.  Alimentar agonias e dramas não é salutar, pois o que vale é ser feliz. Para tanto, se o seu passado não tem momentos felizes para relembrar, comece a criar esses momentos agora para relembrar depois. O tempo passa rápido, não é?

Retalhos de Cetim (Benito Di Paula) - by YouTube

MarcioJR

quinta-feira, 5 de julho de 2012

MAL-HUMORADO? EU?

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Para um fim de semana perfeito, uma segunda-feira complicada. Uma dorzinha no estômago, que durante algum tempo (dois meses) foi chata, agora anda terrível. Adia daqui, atrasa de lá, e não teve jeito. O mal humor se instalou ao lado da dor, e a cabeça reclamou. Hora de ir ao médico.

Muitos dizem que “homem, no Brasil, não vai ao médico”. Por que será? Eu tenho lá meus motivos. Vejamos. A classe média, no Brasil, passa por alguns perrengues. Primeiramente, a questão do tempo, pois quando não estou tentando ganhar dinheiro (e gasto um tempão nisso), acabo usando meu tempo para pagar as contas, e só quem enfrenta fila de banco para saber o tempo que se perde com isso. Depois, saúde pública é um suplício, ficando até mais fácil nascer de novo sem a doença do que tratá-la. Se for para aderir a algum convênio médico, o brasileiro tem que aderir a outro convênio também, algum que forneça advogado, pois, cedo ou tarde, você vai querer processar o primeiro convênio. Restou, então, o médico particular. E como são caros aqueles quinze minutos de consulta!

Recomendaram-me um médico muito bom, Dr. LAVANDEIRA. Tudo bem, um nome diferente, mas vi encrenca adiante. Seria fácil errar o nome do cidadão. Deixando isso de lado, marquei um horário. Fui muito bem atendido, de forma rápida e, meia hora depois, já estava fora do consultório, com a receita médica na mão. Passei pela farmácia e, como trabalho em casa, me apressei para tomar logo aquele dito remédio. Por sorte, tenho mania de ler tudo o que vejo pela frente, até papel de bala. Quando estava para tomar o remédio (com um nome bem esquisito), leio a seguinte recomendação na bula: “pingue sobre o calo e...”. Ops, remédio errado.

Retornei à farmácia e mostrei o receituário para a pessoa que me atendera antes. Minha intenção era, unicamente, sanar aquele pequeno problema de troca de remédio, mas ali começou meu calvário. Ninguém entendia os garranchos contidos naquele pedaço de papel. Fizeram até “junta” de funcionários para tentar ler (que bondade a minha; o termo correto seria “decifrar”) aquilo. Decepcionado, fui parar numa segunda farmácia, e se não cuido, saio de lá com remédio para urticária. Numa terceira farmácia, me falaram que não trabalhavam com medicamentos de uso veterinário.

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Quando já estava para desistir, e quase chegando à lavanderia, digo, ao consultório do Dr. LAVANDEIRA, reparo uma grande farmácia logo adiante, em outra esquina. Bom, não me custaria nada tentar uma última vez, e fui até lá de forma apressada. Entreguei o receituário para o atendente e, quando reparei que ele virou o papel de cabeça para baixo para tentar ler, tomei o receituário da mão dele e desisti. Fui para o consultório do médico, e diga-se, com um péssimo humor.

Ao explicar para a recepcionista o meu problema, ela teve a petulância de me dizer que, além de ter que marcar novo horário, eu precisaria pagar por tal coisa. Como prefiro manter minha postura aqui, não repetirei os trechos dos próximos dez minutos de conversa que mantive com ela. Ao final disso tudo, consegui que ela interpelasse junto ao médico para que, finalmente, eu pudesse sair dali com o nome do remédio.

Resumo da ópera: depois de quarenta e cinco minutos, saí daquele consultório. O médico precisou me consultar novamente (de graça, logicamente), pois sequer ele conseguiu entender o que estava escrito naquele receituário.

Marcio JR

quarta-feira, 4 de julho de 2012

PI PO CA - Que tal envelhecer mais lentamente?

Prevenção do envelhecimento precoce, redução do risco de doenças cardíacas, ajuda na prevenção de alguns tipos de câncer, alimento com poucas calorias, e perfeita para quem está no grupo de risco do diabete tipo 2.

Além de todos os benefícios acima, ainda contar com o sabor e o aroma de um alimento rico em antioxidantes e que pode ser preparado de forma rápida e pratica? Sim, este alimento existe e está nas prateleiras de qualquer supermercado. Pipoca.

Pesquisadores da Universidade de Scranton (Pennsylvania/EUA), liderados pelo cientista Joe Vinson, descobriram recentemente que a pipoca é rica em polifenóis, uma substância que contém antioxidantes importantes contra o envelhecimento. Aliado a outros alimentos que contenham vitaminas e minerais, os polifenóis ainda atuam na prevenção de doenças cardiovasculares  e o câncer, pois auxiliam o organismo a combater a formação de tumores. Além disso, a substância ainda propicia o auxílio ao combate à oxidação do LDL (colesterol ruim), aumentando, dessa forma, o HDL (colesterol bom).

A proporção de antioxidantes encontrados na pipoca em relação a outros alimentos, como as frutas, é quase o dobro. 300 mg por porção na pipoca para 160 mg nas frutas. A explicação está na quantidade de água presente em cada alimento, muito menor na pipoca, o que dilui menos o antioxidante.

A pipoca apresenta também uma substância chamada “amido resistente”, que nada mais é do que um carboidrato que passa intacto pela digestão e sem provocar altas bruscas no nível de glicose. Ou seja, todos aqueles que estão no grupo de risco do diabete tipo 2 podem consumir o alimento sem problemas. Para completar, a pipoca ainda concentra alto teor de fibras, o que auxilia as funções intestinais.

É claro que a pipoca, mesmo com todos os benefícios descritos até agora, não faz milagres. O sal e demais temperos a base de sódio, o refrigerante e queijo como acompanhamento, o excesso de gordura no preparo, assim como gorduras inadequadas (margarina e manteiga, que saturam o alimento), não só prejudicam os benefícios presentes na pipoca, como trazem todos aqueles malefícios já tão conhecidos e discutidos. Portanto, mesmo que a pipoca não possua alta taxa de calorias, cuide daquilo que você ingere junto com ela.

Uma dica: nada como um suco natural ou, até mesmo, um saudável copo de água para ajudar a pipoca a “ajudar” você. E nem pense em substituir uma alimentação saudável pela pipoca. Ela é complemento, e como tal, precisa de outras substâncias para agir de forma plena no organismo.

E se você se irrita com aquelas casquinhas que ficam presas entre os dentes, fique calmo. É justamente na casca da pipoca onde se encontram as maiores taxas de polifenóis e fibras.

Ligue a TV, prepare a pipoca e chame as crianças. Diversão, afeto e polifenóis. Armas perfeitas para retardar o envelhecimento.

Marcio JR